EXPEDIÇÃO SAFRA I: Conexão China

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Numa época em que a economia mundial tenta pegar carona no crescimento da China para atravessar a crise que afeta Estados Unidos e União Europeia, a relação entre o agronegócio brasileiro e o consumo chinês garante assento privilegiado ao Brasil na locomotiva do desenvolvimento globalizado. O mercado de alimentos deve ser pouco afetado pela redução no crescimento do gigante asiático, que não tem como ampliar a produção de grãos por falta de áreas produtivas e limitações tecnológicas, apurou a Expedição Safra Gazeta do Povo, em viagem de dez dias pelo país.

 

Espaço - Ainda há muito espaço para ampliação das relações entre os dois países. Com 10% do comércio mundial, a nação mais populosa do mundo importou o equivalente a US$ 1,74 trilhão em 2011. E, apesar de ter feito da China seu principal cliente, o Brasil exportou ao parceiro comercial apenas US$ 44,3 bilhões no período – ou seja, 17,3% de suas vendas, mas somente 2,5% do que os chineses compram. Esses porcentuais tendem a aumentar, mesmo com o crescimento do PIB chinês rebaixado da casa de 10% (média dos últimos cinco anos) para a de 8% (prevista para 2012).

 

Milho - A soja não é mais o único produto de interesse dos chineses. Enquanto a Expedição percorria a China, Beijing apresentou ao governo brasileiro protocolo que abre as portas do país também ao milho. O documento deve ser assinado neste mês durante a Conferência das Nações Unidas sobre De­­senvolvimento Sustentável, a Rio+20, conforme Brasília, garantindo um cliente de peso para as cerca de 12 milhões de toneladas do cereal que terão de ser remetidas ao mercado externo devido ao crescimento da produção de inverno.

 

Apetite - O interesse chinês pela importação de soja e milho – ingredientes das rações animais que se complementam – vem crescendo à medida que o poder de compra da população chinesa permite aumento no consumo de proteína. As importações da oleaginosa passaram da casa de 40 milhões para a de 60 milhões de toneladas por temporada em apenas cinco anos, um avanço de 50%. As do cereal, que eram insignificantes até três anos atrás, devem atingir 7 milhões de toneladas nesta temporada.

 

Reposição de estoques - As expectativas dos exportadores vão bem além disso. “A China precisa de 20 milhões de toneladas de milho para repor seus estoques”, aponta o presidente-executivo da Associação Brasileira dos Produtores (Abramilho), Alysson Paolinelli.

 

Mercado vasto - Além de crescer a passos largos, a taxas entre 7% e 11% ao ano, o mercado de carnes chinês é vasto pela própria concentração de 1,35 bilhão de pessoas no país. Os chineses consomem atualmente 52,6 quilos de carne por ano, pouco mais da metade da marca de 100 quilos per capita registrados no Brasil, conforme números de 2011. O Paraná, maior produtor brasileiro de frango, teria de dobrar suas marcas para fornecer um quilo a mais de frango por habitante da nação asiática. Os compradores chineses estão ampliando negócios e figuram entre os principais clientes da avicultura do estado.

 

Ociosidade - As processadoras de soja da China, porta de entrada da produção da América do Sul, operam ociosas e podem dobrar o esmagamento, que na última temporada chegou a 59 milhões de toneladas – apenas 3 milhões (t) além do volume importado. Principal elo entre o Brasil e o maior importador do grão do planeta, a oleaginosa é nosso cartão de visitas, cuja apresentação é obrigatória para uma boa relação com o mundo chinês. (Caminhos do Campo / Gazeta do Povo)

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