EXPEDIÇÃO AVICULTURA: Logística é desafio para a avicultura paranaense

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expedicao avicultura 22 08 2012A logística do escoamento deixa a desejar para indústria avícola no Paraná. Entre os gargalos enfrentados pelo setor estão a dependência do sistema rodoviário, a rede de armazenagem deficitária e a capacidade de embarque limitada dos portos estaduais. Foi o que constatou a Expedição Avicultura depois de rodar quase cinco mil quilômetros pelos principais polos de produção do estado. Segundo a analista de mercado da Expedição, Luana Gomes, estes são pontos que enfraquecem a competitividade da atividade.

Portos paranaenses - Um dos maiores problemas são os portos paranaenses. Paranaguá, o maior do estado, perde em competitividade para o Porto de Itajaí, em Santa Catarina, que tem capacidade de embarque de contêineres 50% maior, mais do dobro do espaço para armazenagem em câmaras frias e capacidade estática de estocagem reefer (contêineres refrigerados) três vezes superior.  Paranaguá exporta apenas 27% de carne de frango produzidas no Paraná.

Armazenagem - “Nossa maior fragilidade é a armazenagem”, considera o presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar), Domingos Martins. De acordo com estimativas do setor, o Paraná tem à disposição espaço em câmaras frias suficiente para estocar aproximadamente 70 mil toneladas. Em Santa Catarina, apenas dentro do complexo portuário de Itajaí é possível armazenar 160 mil toneladas.

Mãos na massa- Para manter a liderança nas exportações e ampliar a participação no mercado externo, as próprias indústrias paranaenses já estão reagindo para superar fragilidade da logística com suas próprias armas. Um exemplo é o Centro de Armazenagem e Distribuição da Unifrango – holding que congrega 17 empresas avícolas– em Apucarana, no norte do Paraná. O centro terá capacidade para armazenar 25 mil toneladas de produtos congelados.

Cotriguaçu - Em Cascavel, a Cotriguaçu, cooperativa que reúnes as empresas Coopavel, C.Vale, Lar e Copacol, já se prepara para ter seu próprio complexo logístico. Com um investimento de R$ 50 milhões e obras que devem durar 18 meses, a obra vai permitir que a cooperativa tenha um pátio de estacionamento e um desvio ferroviário no terminal da Ferroeste.

Inversão - Segundo o diretor-presidente do Conselho de Administração da Cotriguaçu, Dilvo Grolli, o novo complexo permitirá “inverter a logística de transporte” do frango, predominantemente rodoviária, para o modal ferroviário, aproximadamente 30% mais econômico. A estimativa é reduzir os custos de U$ 1,7 mil para U$ 1,2 mil por contêiner de 25 toneladas.

Melhorias a vista - O Terminal de Contêineres do Paraná (TCP), consórcio que gerencia o terminal de contêineres do Porto de Paranaguá, pretende duplicar a linha férrea interligada à malha da ALL/Brado e passar a operar com dois ramais internos. A obra faz parte de um plano de investimentos de R$ 250 milhões que promete elevar de 1,2 milhão para 1,5 milhão de TEUs/ano (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés) a capacidade operacional de embarque do terminal até 2013.  “Com isso, esperamos que a participação do modal ferroviário seja ampliada para 15% nos próximos dois anos”, releva o diretor-superintendente comercial do TCP, Juarez Moraes e Silva.

Ampliação - As empresas privadas também estão focadas em ampliação. Recentemente, duas das três companhias que atuam fora do cais de Paranaguá, ampliaram sua capacidade de armazenagem na região do entorno do porto. A CAP Logística frigorificada aumentou de 5 mil para 7,5 mil toneladas a sua capacidade de estocagem. Os armazéns frigorificados da Martini Meat, que antes comportavam 26,5 mil toneladas, agora podem abrigar até 30 mil toneladas de produtos congelados.

Mercado interno - Um das vantagens das indústrias paranaenses é a facilidade de acesso ao mercado doméstico do Sul e Sudeste. Mesmo as indústrias habilitadas à exportação reservam em média 65% da sua produção para o mercado interno. A localização estratégica da Big Frango, de Rolândia, que fica a apenas  200 quilômetros da fronteira paulista, permite que a indústria comercialize em São Paulo metade da produção que é direcionada ao consumidor doméstico.

Demanda alta - A GTFoods, de Maringá, também tem em São Paulo o seu principal consumidor. A procura é tanta que a produção de 390 mil aves/dia ficou pequena para atender a todo esse mercado. Nas épocas de maior demanda, a empresa chega a comprar frango abatido de outras indústrias para suprir a demanda do varejo.

Norte e Nordeste - Apesar de promissores, os mercados do Norte e Nordeste ainda não são grandes destinos do frango paranaense por causa dos custos de transporte. Segundo o gerente industrial da C.Vale, de Palotina, Reni Eduardo Girardi, 80% das vendas à Manaus ocorrem na modalidade FOB, em que os custos de transporte até o destino final ficam a cargo do comprador. “Uma das metas da Unifrango é ter uma navio de cabotagem exclusivo, disponível diuturnamente para atender esse mercado”, afirma Martins, que também é presidente da Unifrango.

Sobre a Expedição Avicultura - A Expedição Avicultura é um projeto do Agronegócio Gazeta do Povo, que detém o know-how e a capilaridade da Expedição Safra, realizada da há seis temporadas, com oferecimento do Grupo Unifrango e apoio técnico do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindivipar).  A equipe visitará os principais polos avícolas do Paraná, o maior produtor e exportador de carne de frango do país. O levantamento técnico-jornalístico irá mapear a atividade e debater todas as variáveis que influenciam o setor, desde a produção, passando pelo abate até a exportação. Além de números do segmento avícola, o projeto vai discutir tecnologia, manejo, genética e competitividade e traçar um diagnóstico das tendências para o setor nos próximos 10 anos.

Cobertura completa - A cobertura completa da Expedição Avicultura pode ser acompanhada pelo site www.expedicaoavicultura.com.br. Na página são publicados todos os textos produzidos pela equipe técnico-jornalística que está em campo, além da cobertura fotográfica, slides show e vídeos. Além disso, informações sobre o setor avícola e o sobre o agronegócio em geral podem ser obtidas por meio de uma newsletter. Para se cadastrar basta enviar um email para Este endereço para e-mail está protegido contra spambots. Você precisa habilitar o JavaScript para visualizá-lo.. (Gazeta do Povo)

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