ESCOAMENTO: Safra cheia pega a estrada

  • Artigos em destaque na home: Nenhum

O início da colheita da soja em Mato Grosso marca não só o começo dos trabalhos de campo de uma safra que promete ser recorde, mas também a abertura de uma temporada que movimenta a economia brasileira: o escoamento da produção de verão. A partir de agora, a safra cheia começa a ganhar as estradas, desafiando a logística de transporte.

Aumento - O acréscimo é de 7,06 milhões de toneladas à safra nacional de soja, principal commodity exportada pelo Brasil, que deve alcançar 64,64 milhões de toneladas no ciclo 2009/10, conforme projeção da Ex­pedição Safra RPC. No milho de verão, a produção se mantém em cerca de 33 milhões de toneladas. O volume adicional equivale a toda a produção de milho e soja exportada por Paranaguá em 2009. Para escoar esses grãos, são necessárias 260 mil carretas com capacidade para 27 toneladas.

Transportes - A demanda extra deixa o setor de transportes otimista. Concessionárias de rodovias projetam crescimento de 15% no fluxo de veículos pesados. O Porto de Paranaguá espera receber 30% mais grãos. Trans­portadoras de cargas preveem aumento dos negócios e já direcionam sua frota para polos de produção agrícola. "Quando safra agrícola cresce, aumenta automaticamente a trabalho na estrada", relata Laudio Luiz Sober, diretor da Transvale, de Palotina (Oeste do Paraná). Ele afirma que há risco de faltar caminhões para escoar a safra.

Frota - A frota brasileira de caminhões soma quase 2 milhões de veículos de carga, de acordo com dados de 2009 da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Entre os estados, as maiores frotas estão registradas em São Paulo (26%) e em Minas Gerais (12%). O Paraná, maior produtor nacional de grãos, é o terceiro, com 11%, ou 216, 7 mil veículos registrados. O Mato Grosso, maior produtor de soja e segundo maior produtor de grãos do país, tem apenas 54,5 mil caminhões, 3% do total, e fica em nono lugar no ranking. As transportadoras direcionam suas frotas para se adaptar a demanda sazonais, explica Seneri Paludo, superintendente do Instituto Ma­­to­grossense de Economia Agro­pecuária (Imea).

Paraná - O aumento na produção da oleaginosa inverteu o quadro do escoamento no Paraná. Ano passado, a quebra reduziu a demanda por transporte. "Não paramos porque mandamos os caminhões para o Mato Grosso, onde a safra foi boa", relata o diretor da Transvale. A transportadora, de Palotina, do Oeste do Paraná, opera em sete estados. Em anos de boa produção, além dos 80 caminhões próprios, contrata até 700 veículos de terceiros para dar conta da demanda.

Frete - Na temporada passada (2008/09), por conta do deslocamento da oferta de transporte rodoviário do Sul para o Centro-Oeste do país, o preço do frete caiu cerca de 10% na comparação a safra 2007/08, relata Sober. Neste ano, a oferta deve ficar aquém da demanda e provocar um aumento de até 50% no preço no período de maior procura, prevê. Atualmente, escoar uma tonelada de soja de Palotina (PR) até Paranaguá custa R$ 45,00 (cotação de entressafra). O frete rodoviário entre Sorriso (MT) e Santos (SP) sai por R$ 200/t (cotação de safra). "Não me assustará se o frete Sorriso-Santos chegar a R$ 230/t, um valor recorde", diz Paludo. (Caminhos do Campo / Gazeta do Povo)

Conteúdos Relacionados