ENTREVISTA: Desenvolvimento agropecuário e cooperativismo fomentam agronegócio

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Produção sustentável, cooperativismo e infra-estrutura viária são algumas das atribuições da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo (SDC) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Ações como fomento à produção orgânica, fortalecimento do cooperativismo rural, incremento à produção integrada e realização de obras estruturantes para o transporte de produtos agrícolas marcaram o trabalho da secretaria em 2008. O secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo, Márcio Portocarrero, avaliou essas e outras ações concluindo que 2008 foi o ano de consolidação da SDC. Ele ressaltou que o Brasil já é o segundo maior produtor de orgânicos do mundo e que as atividades de produção integrada resultaram na capacitação de mais de 25 mil produtores e colheita de 1,5 milhão de tonelada. Na área de cooperativismo, Portocarrero considerou o fórum, que debateu a inclusão da mulher no sistema produtivo, como um avanço para o setor, que abrange 7,6 mil cooperativas em todo o Brasil.      

 

Confira a seguir, a entrevista do secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo, Márcio Portocarrero:

Que avaliação o senhor faz das ações da SDC ao longo de 2008?

Portocarrero: Este foi o ano em que a secretaria consolidou suas atividades de fomento, apoio e estímulo ao agronegócio brasileiro. Desde 2004, quando a SDC foi criada, buscamos os melhores caminhos para nossas ações, em especial a de aproximar o Mapa das prefeituras, governos estaduais, entidades não-governamentais e cooperativas. Com as estratégias definidas, poderemos qualificar ainda mais a produção brasileira e agregar valor ao produto regional. Em 2009, vamos conscientizar técnicos dos estados sobre a importância dessa aproximação com a sede.

 

A infra-estrutura e logística de transporte ainda é um dos maiores gargalos do agronegócio brasileiro. Que atividades foram desenvolvidas para amenizar esse problema?

Portocarrero: Estudos do Departamento de Infra-Estrutura e Logística (Diel/SDC) contribuíram para definir as prioridades do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). Emplacamos obras estruturantes, em rodovias, ferrovias e hidrovias, com traçados inteligentes de interesse do produtor rural. Outro fator importante para aprimorar a logística do transporte de produtos agropecuários foi o lançamento do Plano de Certificação de Unidades Armazenadoras, essencial para a qualificação dos serviços prestados pelos armazéns de todo o País.

 

Os sistemas de produção agrícola sustentáveis estiveram em evidência, em 2008, como tema de debate em seminários e fóruns do setor. Como a SDC contribuiu para o desenvolvimento desse tipo de produção?

Portocarrero: Um dos destaques do setor foi o incremento da produção integrada, que garante qualidade, inocuidade e eficiência do produto agropecuário, com inclusão social e respeito ao meio ambiente. Atualmente, o Mapa tem 56 projetos do setor em desenvolvimento, que envolvem 18 estados. São 48 produtos incluídos, alguns deles com regras já definidas de boas práticas agrícolas. Outro benefício desse sistema é a certificação, que confere credibilidade aos produtos. No início deste ano, mais de 25 mil produtores já haviam sido capacitados e a produção do setor ultrapassava 1,5 milhão de tonelada.

 

O desenvolvimento de políticas de bem-estar animal é considerado um trabalho estratégico da SDC na área de produção sustentável?

Portocarrero: Sem dúvida. É uma demanda mundial dos consumidores preocupados com o tratamento dispensado aos animais de produção. Este ano, a SDC convocou setores produtivos das cadeias de aves, suínos e bovídeos para discutir formas adequadas de tratar os animais. Nós temos tudo para produzir com boas práticas, porque o País tem extensão territorial, bom clima e instalações apropriadas para atender as exigências mundiais.

 

E a agricultura orgânica?

Portocarrero: O Brasil é o segundo maior produtor de orgânicos do mundo. O grande avanço do programa foi a publicação do Decreto Nº 8.323/2007, que  possibilitou a normatização das culturas e produtos, garantindo a qualidade dos orgânicos. O selo único de certificação deverá ser lançado em 2009.

 

O sistema cooperativista brasileiro tem crescido cada vez mais no Brasil como forma viável de produção econômica. Que avaliação o senhor faz do setor ?

Portocarrero: O grande marco na área do cooperativismo, este ano, foi  o Fórum de Gênero e Cooperativismo, em Brasília. Os participantes discutiram a inserção da mulher no sistema e o espaço que têm para conquistar no setor, como sistema econômico de produção. Também destaco a proposta de lei encaminhada ao Congresso Nacional, em setembro, pelo presidente Lula. Até o fim de 2009, teremos uma legislação moderna, arejada, para facilitar a formação de cooperativas, benefícios fiscais, sintonizada com o novo momento da economia nacional e mundial.

 

Por falar em economia mundial, até que ponto essa crise pode afetar o agronegócio brasileiro?

Portocarrero: Vejo oportunidade de crescimento do Brasil com essa crise econômica, que não é só financeira, mas também de desabastecimento alimentar. O País tem capacidade para produzir no tempo necessário e em quantidade suficiente para atender a demanda mundial. Temos tecnologia, espaço, clima e uma eficiente máquina produtiva. A meta é não desacelerar o setor. O Mapa está incentivando o agronegócio com mecanismos de renegociação de dívidas, para que o produtor comercialize com tranqüilidade. A SDC quer aproveitar esse momento de reflexão mundial para trazer a discussão sobre alimento seguro. Nós podemos comercializar com diversos países uma produção correta do ponto de vista ambiental, social, tecnológico e sanitário. Acredito que a humanidade cresce depois das crises, por isso devemos aproveitar o momento para sair ganhando no fim desse período. (Imprensa Mapa)

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