ENTREVISTA: BRDE - Compromisso com o desenvolvimento

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Confira a seguir a entrevista do presidente do BRDE, Renato de Melo Vianna, publicada na revista Rumos - Economia & Desenvolvimento para os Novos Tempos, da Associação Brasileira de Instituições Financeiras de Desenvolvimento:

Renato de Mello Vianna assume a presidência do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) com o compromisso de aprofundar o processo de descentralização, levando o crédito a regiões economicamente desfavorecidas e cumprindo o papel do banco de agente de fomentos para o desenvolvimento econômico e social, com atenção especial aos arranjos produtivos locais.

Por Luiz Cláudio Dias Reis

Rumos - Quais serão os setores prioritários para a sua gestão à frente do BRDE?

Vianna - A rigor, todos os setores continuarão recebendo a atenção devida que sempre receberam. No entanto, temos como meta incentivar a formação de Arranjos Produtivos Locais (APLs), que são uma marca forte da economia da Região Sul. Em especial, os APLs localizados em regiões de baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Como destaque, podemos falar da vitinicultura de altitude em Santa Catarina, que está se fortalecendo e constituindo-se em importante alternativa de renda para uma grande região do estado. Além disso, temos arranjos da banana, das cervejas do Vale do Itajaí, do vime, do mel, da cachaça, na área urbana, calçados e moda íntima, enfim, uma série de atividades que merecem atenção especial do BRDE.

 

Rumos - Como o BRDE tem atuado, especificamente, junto ao segmento das micro e pequenas empresas?

Vianna - Fortemente. Cerca de 75% de nossos financiamentos são para micro, pequenas e médias empresas. Recentemente, criamos em nossa estrutura uma gerência voltada especificamente aos micros e pequenos - que tem peculariedades distintas das grandes empresas. Buscamos facilitar e  desburocratizar ao máximo seu acesso ao crédito, além de oferecer opções de financiamentos condizentes com sua realidade.

 

Rumos - Que atenção o banco tem dado ao cooperativismo?

Vianna - Total. As cooperativas, mais do que clientes, são verdadeiras parceiras do BRDE na sua missão de ampliar a oferta de crédito aos empreendedores, seja na agricultura, na indústria ou no setor de comércio e serviços. Temos convênios com diversas cooperativas de crédito, rural e urbano, que possibilitam que seus cooperados tenham acesso direto aos recursos oferecidos pelo banco, ramificando nossa ação. Além disso, a história do cooperativismo na região Sul - com destaque especial ao estado do Paraná - está totalmente ligada ao BRDE, que sempre esteve apoiando seu crescimento e consolidação.

 

Rumos - Quantas são as linhas de financiamento hoje disponibilizadas pelo BRDE?

Vianna - Inúmeras. O BRDE é o principal repassador de recursos do BNDES no sul do Brasil, e disponibiliza a seus clientes todas as linhas por ele oferecidas. Temos, também, programas específicos, adaptados à realidade econômica de nossa região. E qualquer nova necessidade é analisada com cuidado por nossa equipe técnica. Buscamos, ainda outras fontes de recursos que nos possibilitem ampliar nossa atuação.

 

Rumos - O banco deseja associar às suas marca o S de social. Que medidas motivam essa decisão?

Vianna - Principalmente a atuação do BRDE na área social. Na essência, nossa atividade básica de concessão de crédito para o desenvolvimento já pode ser caracterizada como ação social, uma vez que possibilita o crescimento econômico de municípios estados, além da geração de renda e empregos. Somente este ano, até outubro, contribuímos com a geração e/ou manutenção de mais de 40 mil postos de trabalho. Além disso, temos uma área de planejamento pensando alternativas para regiões economicamente deprimidas e políticas de inclusão econômica. Temos, ainda, um núcleo atuante de responsabilidade social, que desenvolve ações integradas em todos os estados, ampliando nossa contribuição ao desenvolvimento social e econômico de nossos estados. Ao orçamento de 2008, estamos reservando R$ 900 mil para que os três estados do Sul invistam em projetos de Economia Solidária. Portanto, nossa atuação social é marcante e pensamos em incorporar esta visão à nossa marca.

 

Rumos - O sistema rotativo nos cargos diretivos do BRDE, criado a partir de um acordo político entre os governadores, com os diretores trocando entre si as pastas e estabelecendo a paridade entre os estados, facilita ou dificulta as decisões?

Vianna - Facilita. Somos um colegiado, formado por seis diretores, dois de cada estado, e nossas decisões são sempre consensuais. O sistema de rotatividade permite que a presidência da instituição seja exercida por todos os estados, de forma democrática. Quem traça as diretrizes econômicas e, portanto, as prioridades de investimento do banco é o Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul (Codesul), formado pelos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul. Os diretores são apenas executores dessas políticas e o BRDE um instrumento do desenvolvimento sustentável da economia regional.

 

Rumos - O senhor já presidiu a ABDE e acaba de assumir o BRDE, justamente no momento em que o banco retorna à entidade na qualidade de associado. Qual a importância da ABDE para o sistema nacional de fomento?

Vianna - A ABDE desenvolve um papel vital para o sistema de fomento, contribuindo com o debate acerca de ações mais eficazes em prol do desenvolvimento econômico e social do país e as formas de financiá-lo. A troca de experiências entre as entidades filiadas é essencial e promove permanente evolução. Além disso, a entidade é representativa e incorpora a luta, no campo político e econômico, de todas as instituições de fomento por melhores condições para o desenvolvimento de suas atividades. A redução sensível do desemprego e da informalidade deve muito à expansão do programa de microcrédito produtivo orientado, que assegura o primeiro negócio ao cliente, sem paternalismo ou assistencialismo.

 

Rumos - Como o senhor avalia as perspectivas  de crescimento para o Brasil nos próximos anos?

Vianna - São boas. O Brasil passa por um momento econômico extremamente positivo e muito promissor. Temos que saber aproveitar essas oportunidades, proporcionadas também pelo cenário mundial favorável, investindo e nos capacitando para atuar neste mercado, dando atenção também para o mercado nacional, que vive idêntica fase de expansão. No entanto, para alcançarmos a plenitude de nossa capacidade, ainda temos desafios estruturais gigantescos a serem superados, que vão desde nossa infra-estrutura logística deficitária, até a capacitação de mão-de-obra qualificada para as necessidades do mercado global. Além disso, temos consciência de que é preciso ampliar a parceria com Sebrae, Finep, universidades e outros organismos para priorizar a ciência, tecnologia, inovação e pesquisa. Estamos, sem dúvida, no caminho certo e as perspectivas são alvissareiras.

 

Rumos - E como a região Sul se insere nesse crescimento?

Vianna - Nossa região sempre esteve inserida no cenário de crescimento de nosso país. Temos aqui grandes empresas exportadoras, importantes pólos industriais e tecnológicos, uma agroindústria pujante e um modelo econômico de inclusão social, motivo de orgulho para todo o país. No entanto, em função de termos sido, em determinado grau, precursores na abertura de mercados internacionais e no desenvolvimento de um modelo produtivo próprio, enfrentamos nossos próprios desafios e precisamos nos reinventar permanentemente para continuar contribuindo com o crescimento do país.

 

 

O BANCO

O BRDE é uma instituição financeira pública de fomento, pertencente aos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Começou a operar em dezembro de 1961, como instrumento financeiro do Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul (Codesul), que conta também com a participação do estado do Mato Grosso do Sul. Foi o primeiro agente financeiro credenciado pelo BNDES para atuar no país.

 

Democratização do Acesso ao Crédito

Empreendimentos de porte com o Pólo Petroquímico, no Rio Grande do Sul, a Itaipu Binacional, no Paraná, ou o complexo metal-mecânico, em Santa Catarina, foram apoiados pelo BRDE. Sem descuidar dos grandes investimentos, o banco prioriza a democratização do acesso ao crédito: a maioria dos financiamentos concedidos destina-se a projetos de mini e pequenos produtores rurais e de micro, pequenas e médias empresas.

 

Responsabilidade Social

Como o banco de fomento ao desenvolvimento, a atuação do BRDE está diretamente relacionada à questão social, gerando empregos, renda e melhor qualidade de vida para a população. Mas o banco ainda desenvolve o Projeto BRDE de Responsabilidade Social. No âmbito interno, estimula seus colaboradores ao voluntariado, além de assistir a comunidades carentes. No âmbito externo, incentiva a ação dos clientes no campo de Responsabilidade Social Corporativa contemplando, inclusive, no processo de avaliação dos projetos relatório específico de Análise Social das Empresas.

 

Repercussões Econômicas

Total liderado: US$ 16,1 bilhões

Projetos apoiados: 50 mil

Investimentos induzidos: US$ 37 bilhões

Geração de empregos: 1,5 milhão

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