ECONOMIA: Paraná na rota da diversificação

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Encarte especial do jornal Valor Econômico, desta sexta-feira (31/08) aborda o cooperativismo paranaense com destaque:
Há um dito sobre o Paraná que até economistas experientes costumam usar: as cooperativas agrícolas costumam servir de termômetro da economia do Estado. Isso quer dizer que vem dessas gigantes do agronegócio, que devem faturar R$ 15,5 bilhões em 2007, o primeiro sinal mensurável sobre a saúde financeira das empresas e cidadãos paranaenses. Normalmente, lugares comuns como esse são apenas frases de efeito que costumam ser repetidas até fazerem sentido. No caso das cooperativas, no entanto, a sentença parece estar certa.

Perspectiva - Depois de enfrentar dois anos de estiagem e perder vendas de carne por conta da febre aftosa, os dados deste ano servem para dar uma amostra do que vem por aí. A previsão da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) é que 2007 supere o melhor ano das exportações do setor, que foi 2004. Naquele ano, as cooperativas paranaenses venderam US$ 992 milhões para o exterior. Para 2007, a expectativa é chegar a US$ 1,25 bilhão. A cotação do dólar, apontada por lideranças de todo o país como o grande entrave para a produção agrícola, ficou de lado: graças aos bons preços das commodities agrícolas, o campo está vencendo o câmbio.

Agroindústria - "A agroindústria tem um impacto multiplicador. As conseqüências de um bom resultado se espalham pelo comércio e pelos serviços", explica Gilmar Mendes Lourenço, economista e pesquisador do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes). Dados do IBGE, divulgados em agosto, atestam sua declaração. Segundo o instituto, graças ao agronegócio, a indústria "urbana" do Estado teve em 2007 o melhor semestre dos últimos dez anos. A produção industrial cresceu 7% no período janeiro junho. Na ponta desse aumento, puxando a fila, vêm o que o IBGE classifica como "outros produtos químicos", veículos automotores e máquinas e equipamentos. Trocando em miúdos, o crescimento industrial do Paraná deve muito ao bom momento das fábricas de colheitadeiras, implementos agrícolas, adubos e fertilizantes.

Receitas - Recordes também aparecem nos dados da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep). No primeiro semestre, a receita das vendas industriais cresceu 10,39% em relação ao mesmo período de 2006. O resultado é o melhor desde que a federação começou a compilar estatísticas conjunturais, em 1986. Lideram a pesquisa os grupos de máquinas e equipamentos (22,9%), confecção e artigos do vestuário (21,5%), fabricação de veículos automotores (18,6%) e produtos alimentícios e bebidas (17,5%).

Empregos - De acordo com o presidente da Fiep, Rodrigo da Rocha Loures, os empresários esperam em 2007 superar pela primeira vez o resultado de 2002, o mais significativo em termos de crescimento real até agora. "Ficamos cinco anos sem crescimento.", afirmou o empresário, que também credita boa parte do resultado à agricultura. "Quando ela vai bem, puxa outros setores da economia." Com esse cenário, a geração de emprego também cresceu. Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, o Estado gerou 105,3 mil empregos formais de janeiro a julho, número quase 37% maior que o obtido em igual período de 2006. O Caged mostra que o interior foi responsável por 73,6% dos novos empregos, enquanto a região metropolitana de Curitiba respondeu por 26,4%.

Campo - O campo é uma parcela importante da economia local e está passando por uma boa fase, mas não é só nele que as coisas estão acontecendo no Paraná. A Secretaria Estadual da Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul fez um levantamento com os maiores investimentos anunciados nos últimos anos. Um dos principais é o da ampliação da Refinaria Presidente Vargas (Repar), em Araucária. Serão US$ 2,5 bilhões em cinco anos, que resultarão em 19 novas unidades na usina, para produção de coque de petróleo, gasolina, diesel e outros derivados.

Crédito - O volume de créditos previstos aos empresários nos próximos três anos e meio pode chegar a R$ 3,25 bilhões, sendo R$ 2,72 bilhões por meio do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), um dos maiores repassadores de recursos do BNDES do país, e R$ 530 milhões da Agência de Fomento do Paraná. O Paraná segue a caminhada rumo à diversificação de sua economia para não ser tão dependente da soja. De 1996 a 2001, viveu um grande ciclo de investimentos com a chegada de montadoras de automóveis, atraídas principalmente por incentivos fiscais.

Mudança - Hoje, incentivos são dados preferencialmente a micro e pequenas empresas. Mas a mudança se dá aos poucos. Tanto no campo como nas cidades os paranaenses continuam a olhar para céu, para ver se chove, e para o mercado internacional de grãos, para saber quanto será pago por seu principal produto. Em 2007, o Estado colheu cerca de 11,8 milhões de toneladas de soja, 26% a mais que no ano passado. (Valor Econômico)

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