ECONOMIA: Contas externas têm saldo negativo de US$ 3,97 bilhões em março

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economia 27 04 2021As contas externas registraram saldo negativo de US$ 3,97 bilhões em março deste ano, de acordo com dados divulgados nesta segunda-feira (26/04) pelo Banco Central (BC). Em março de 2020, o déficit havia sido de US$ 4,257 bilhões nas transações correntes, que são as compras e vendas de mercadorias e serviços e transferências de renda do Brasil com outros países.

Pandemia - O chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, destacou que, a partir deste mês, a comparação se dará sobre períodos impactados pela pandemia, que passou a influenciar os números em março do ano passado.

Causa - Entretanto, segundo ele, a causa dos resultados similares nas transações correntes entre os meses de março de 2020 e março de 2021 se deve, principalmente, em razão das importações no âmbito do Repetro - regime aduaneiro especial de exportação e de importação de bens que se destina às atividades de pesquisa e de lavra das jazidas de petróleo e gás natural - que foram de US$ 6,5 bilhões em março de 2021 ante US$ 1,6 bilhão em março de 2020.

Resultado menor - De acordo com Rocha, isso diminuiu o resultado da balança comercial no mês passado. Com a menor contribuição do saldo da balança comercial, o déficit em transações correntes foi um pouco maior em março de 2021 do que seria sem o Repetro, se aproximando do resultado de março de 2020.

Suspensão - O Repetro suspende a cobrança de tributos federais na importação de equipamentos para o setor de petróleo e gás, principalmente as plataformas de exploração. Na comparação interanual, o saldo da balança comercial recuou US$ 2,5 bilhões, enquanto as despesas líquidas de renda primária e de serviços apresentaram retrações de US$ 1,8 bilhão e US$ 607 milhões, respectivamente.

Déficit - Em 12 meses, encerrados em março, foi registrado déficit em transações correntes de US$ 17,834 (1,24% do Produto Interno Bruto - PIB), ante saldo negativo de US$ 18,121 bilhões (1,26% do PIB) em fevereiro de 2021 e déficit de US$ 71,041 bilhões (3,97% do PIB) no período equivalente terminado em março de 2020.

Balança comercial - As exportações de bens totalizaram US$ 24,613 bilhões em março, aumento de 33,7% em relação a igual mês de 2020. As importações somaram US$ 25,05 bilhões, incremento de 53,6% na comparação com março do ano passado. Com esses resultados, a balança comercial registrou déficit de US$ 437 milhões no mês passado, ante saldo positivo de US$ 2,09 bilhões em março de 2020.

Serviços - O déficit na conta de serviços (viagens internacionais, transporte, aluguel de equipamentos, entre outros) manteve a trajetória de retração e atingiu US$ 1,057 bilhão em março, ante US$ 1,664 bilhão em igual mês de 2020.

Viagens internacionais - No caso das viagens internacionais, as receitas de estrangeiros em viagem ao Brasil chegaram a US$ 213 milhões, enquanto as despesas de brasileiros no exterior ficaram em US$ 313 milhões. Com isso, a conta de viagens fechou o mês com déficit de US$ 100 milhões, ante US$ 227 milhões em março de 2020, recuo de 56,1%.

Reduzida - Entretanto, segundo Rocha, em março do ano passado, a conta de viagens já sofria o impacto da pandemia, pois em janeiro de 2020, esse déficit tinha sido de R$ 774 milhões, por exemplo. Isso significa que a conta de viagens deve continuar reduzida enquanto durarem as restrições de deslocamento e as pessoas não se sentirem dispostas a viajar.

Aluguel de equipamentos - Destaca-se também, na mesma base de comparação, a redução de 52,9% nas despesas líquidas de aluguel de equipamentos, de US$ 1,2 bilhão em março de 2020 para US$ 567 milhões em março de 2021. De acordo com Rocha, isso se deve pela nacionalização (importação) de equipamentos no âmbito do Repetro, ou seja, de bens que passam a ser propriedade de residentes no Brasil, sem a necessidade de pagamento de aluguel a não-residentes.

Efeito - O chefe do BC explicou que o efeito ainda vai permanecer na base e ajuda a reduzir o déficit se serviços por um período maior.

Renda primária - Em março de 2021, o déficit em renda primária (lucros e dividendos, pagamentos de juros e salários) chegou a US$ 2,993 bilhões, contra US$ 4,86 bilhões no mesmo mês de 2020.

Renda secundária - A conta de renda secundária (gerada em uma economia e distribuída para outra, como doações e remessas de dólares, sem contrapartida de serviços ou bens) teve resultado positivo de US$ 518 milhões, contra US$ 177 milhões em março de 2020.

Investimentos - Os ingressos líquidos em investimentos diretos no país (IDP) somaram US$ 6,864 bilhões no mês, ante US$ 7,386 bilhões em março de 2020. Nos 12 meses encerrados em março de 2021, o IDP totalizou US$ 39,256 bilhões, correspondendo a 2,73% do PIB, em comparação a US$ 39,778 bilhões (2,76% do PIB) no mês anterior e US$ 68,748 bilhões (3,84% do PIB) em março de 2020.

Fatores - De acordo com Rocha, o IDP em 12 meses se reduziu em função dos choques da pandemia e das incertezas dos empresários ao longo do ano.

Cobertura - Quando o país registra saldo negativo em transações correntes, precisa cobrir o déficit com investimentos ou empréstimos no exterior. A melhor forma de financiamento do saldo negativo é o IDP, porque os recursos são aplicados no setor produtivo e costumam ser investimentos de longo prazo. Apesar de os investimentos estarem menores neste ano, no acumulado de 12 meses o IDP supera o déficit nas contas externas, que também se reduziu por causa da crise gerada pela pandemia.

Saída líquida - Em março, houve saída líquida de investimento em carteira no mercado doméstico no total de US$ 2,084 bilhões, contra US$ 22,228 milhões de saída líquida em igual período de 2020. No caso das ações e fundos de investimento, houve saída de US$ 2,996 bilhões. Já os investimentos em títulos de dívida tiveram entrada líquida de US$ 912 milhões.

Recomposição - Rocha explicou que já há a recomposição líquida de investidores estrangeiros no mercado doméstico, após as perdas com a pandemia. De fevereiro a maio de 2020, houve uma saída de US$ 35,3 bilhões, recuperados de junho a fevereiro de 2021, com ingresso de US$ 35,2 bilhões.

Projeção - Já em março desde ano, houve uma saída líquida e a projeção para abril é de um valor mais ou menos zerado. Segundo ele, não é possível afirmar que exista uma tendência de saídas líquidas, já que o resultado de março foi pontual comparado à estabilidade que deve ocorrer em abril.

Reservas internacionais - O estoque de reservas internacionais atingiu US$ 347,413 bilhões em março de 2021, redução de US$ 8,7 bilhões em comparação a março de 2020.

Estimativa - Para o mês de abril de 2021, a estimativa do Banco Central para o resultado em transações correntes é de superávit de US$ 5,7 bilhões, enquanto a de IDP é de ingressos líquidos de US$ 4,9 bilhões. (Agência Brasil)

FOTO: Pixabay

 

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