DIVERSIFICAÇÃO: Crédito de carbono atrai cooperativas

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Em busca de novos negócios e de soluções para problemas ambientais comuns à atividade rural, as cooperativas começam a buscar alternativas de captação de recursos no mercado de crédito de carbono, em vigor desde a criação do Protocolo de Kyoto, em 1997. A Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) inicia amanhã (27/09) um seminário com especialistas da área para ampliar o volume de projetos registrados no Conselho Executivo do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo das Nações Unidas (ONU). Hoje, apenas um projeto de cooperativa pode comercializar os créditos de carbono, mas a OCB estabeleceu a meta de 15 projetos registrados até o fim de 2008 nas áreas de energia renovável, reflorestamento e tratamento de resíduos.

Novo mercado - A demanda por informações tem crescido à medida em que se disseminam exemplos de sucesso ligados a esse novo mercado. O principal deles é a experiência da Cooperativa de Eletrificação Rural (Eletrorural), de Castro (PR). Dona da Pesqueiro Energia S.A em sociedade com a Ceral, de Arapoti (PR), e a Ceripa, de Itaí (SP), a cooperativa faturou R$ 6 milhões com a recente venda de 134 mil toneladas de dióxido de carbono (CO2) evitadas com a geração de energia de uma pequena central hidrelétrica (PCH), situada em Jaguariaíva (PR). Única a ter registro oficial na ONU, a Eletrorural optou por vender os crédito acumulados entre o início de 2003 e 2006 a uma empresa de energia do Japão.

Pesqueiro - "Era um conceito de que todo mundo falava, mas ninguém tinha visto", diz o coordenador geral da Pesqueiro, Rosmir Cesar de Oliveira. "Começou como estratégia de sobrevivência e passou a equilibrar nossas contas". De 2006 para cá, contabiliza quase 80 mil toneladas disponíveis para nova operação. Geradora de de 80 mil megawatts por ano, a PCH foi inaugurada em 2003 e evita a emissão anual de 40 mil toneladas de CO2.

Projeto piloto - De olho no sucesso da Eletrorural, a Cooperativa Agroindustrial Copagril, de Marechal Cândido Rondon (PR), está em processo de consultoria para desenvolver um projeto piloto para transformar os dejetos de 12 mil suínos em gás por meio de biodigestores. O diretor da Eco Business, Jörgen Leeuwestein, estima que o projeto da Copagril pode evitar a emissão de 70 mil toneladas de CO2 em dez anos. "As cooperativas podem mostrar aos produtores um caminho para mitigar impactos ambientais e gerar lucros adicionais", afirma ele.

País - O Brasil tem 106 projetos registrados e 21 em andamento na ONU. Pelas contas do organismo, o país ajudou a evitar o despejo de 140,7 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera. O avanço do processo enfrenta problemas no Brasil. Faltam soluções para os altos custos, as dificuldades na tramitação burocrática, a baixa capacitação e proliferação de consultorias. Por isso, a OCB quer mostrar como elaborar projetos de MDL, seus aspectos financeiros e riscos dos projetos. A Eletrorural investiu dois anos e R$ 150 mil em consultoria, certificação, validação e registro na ONU. "Mas valeu a pena", diz Rosmir Oliveira. Cada megawatt equivale a 525 toneladas de CO2 e cada nova validação custa US$ 10 mil. "Os grandes estão atendidos. Falta agora foco em médios e pequenos", prega Leeuwestein. (Valor Econômico) 

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