DINHEIRO: Crédito rural ainda sai em ritmo lento

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Dados repassados pelas instituições financeiras ao Banco Central apontam que as liberações nos primeiros cinco meses da atual temporada somaram, em valores absolutos, R$ 17,2 bilhões, 5% menos que no mesmo período de 2005/06 (R$ 18 bilhões). Na mesma comparação, as aplicações globais na agricultura empresarial caíram 7%, de R$ 20,2 bilhões para R$ 18,8 bilhões. Já a agricultura familiar registrou alta de 19% nas aplicações no intervalo, para R$ 4 bilhões. 

Safra anterior - Entre julho e novembro da safra anterior, os desembolsos efetivos somavam 46% da programação. No atual ciclo, 38% do previsto foi investido. A média histórica das últimas seis safras chega a 62%, segundo o BC. "Os produtores estão endividados, apertados, e não têm mais garantias reais a oferecer para ampliar seus limites de crédito. Também houve redução do padrão e usou-se menos tecnologia", afirma o presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas. 

Empréstimos - As estatísticas do BC revelam que a defasagem na liberação está mais concentrada nos empréstimos com recursos a juros livres. O recuo nas aplicações chega a 56% até novembro. Foram emprestados R$ 3,14 bilhões ante R$ 7,11 bilhões da safra passada. O desembolso relativo caiu de 58% para 28% na comparação. "Boa parte do crédito concedido em 2005 não foi pago, foi rolado. Então, como não pagaram, o banco não investiu novamente", diz o pesquisador Gervásio Castro de Rezende, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). 

Ministério - Os dados elaborados pelo Ministério da Agricultura evidenciam, ainda, que o desembolso de recursos a juros subsidiados cresceu 29% em relação ao mesmo período do ciclo anterior, de R$ 10,9 bilhões para R$ 14 bilhões. O resultado foi puxado pela performance da exigibilidade, a parcela de 25% de aplicação obrigatória pelos bancos no setor. Até novembro, foram liberados R$ 8,6 bilhões dos R$ 20,4 bilhões previstos. 

Atraso - Para o governo, o atraso na liberação de recursos para o custeio da atual safra não terá conseqüências graves para a colheita, prevista para ocorrer entre fevereiro e abril. Mas, ao olhar para o longo prazo, o setor privado discorda do governo: "Cada vez mais os produtores se financiam com outras fontes, mais caras, mas disponíveis", diz o superintendente técnico da CNA, Ricardo Cotta. 

Volume - Os créditos para os programas de investimento no campo também têm diminuído. Até novembro, o recuo chega a 23% em relação a igual intervalo do ciclo passado, para R$ 1,7 bilhão. Dos oito programas sob a administração do BNDES, que têm R$ 8,6 bilhões disponíveis, apenas o Prodefruta apresenta desembolso relativo superior à safra passada - 21% ante 16%. Todas as linhas de investimento tiveram variação negativa no comparativo de aplicações. 

Programas - No Prodecoop (investimento em cooperativas), foram emprestados 52% menos que no mesmo período de 2005/06. Foram aplicados apenas R$ 84 milhões dos R$ 450 milhões previstos. O Moderinfra (construção de armazéns e recuperação de solos e pastos) registra queda de 51%, para R$ 77 milhões. O Moderfrota (aquisição de máquinas agrícolas) recuou 18% no período, para R$ 504 milhões. (Valor Econômico)

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