DIAGNÓSTICO: Empresas de armazenagem registram queda nas vendas
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Um dos setores do agronegócio que mais prosperou até 2004, o de armazenagem, agora luta para conseguir melhorar o desempenho prejudicado desde o ano passado. Dados do setor demonstram que o volume de vendas no primeiro semestre deste ano representou apenas de 35% a 40% em relação ao registrado no mesmo período de 2004, último ano antes da crise. O gerente comercial da Kepler Weber de Panambi (RS), Henésio Stumpf, ressalta que este ano vem se caracterizando como uma seqüência das dificuldades de 2005, exceto pelo fator climático. Para ele, a variável cambial, que impacta diretamente na formação do preço de venda dos produtos agrícolas, tem sido a principal vilã do momento. Outro ponto a destacar é o nível de endividamento do produtor, que inibe investimentos.
Dificuldades - A tendência para a safra 2006/07 não é das melhores devido à perspectiva de redução de área plantada e a conseqüente queda nos volumes de produção. “Este ambiente deve continuar até a metade do próximo ano”, prevê Stumpf. A Kepler tem disponibilizado para o mercado, anualmente, em torno de 1,5 milhão de toneladas de capacidade de armazenagem. A empresa Comil de Cascavel (PR), que produz até 250 silos por ano, estima um recuo entre 10% e 15% nas vendas em 2006. “Ainda não temos uma estatística exata sobre o assunto”, adianta o diretor comercial da Comil, Carlos Alberto. Mas ele ressalta que o setor já passou por dificuldades como esta e que a crise será superada, só preferiu não arriscar uma data. Alberto comenta que há alternativas para enfrentar as adversidades, através de equipamentos de qualidade, assistência técnica e engenheiros para definir os projetos de acordo com a necessidade do cliente.
Estrutura - O déficit de armazenagem no Brasil supera 30 milhões de toneladas. De uma produção de 130 milhões de toneladas, o país tem capacidade estática para apenas 94 milhões de toneladas. Esta falta de estrutura para armazenar a safra causa depreciação nos preços dos grãos, o que prejudica ainda mais os produtores. O déficit na armazenagem, além de provocar queda nas cotações, deteriora as estradas e congestiona os portos. Na Argentina, entre um quinto e um quarto da capacidade de armazenagem está instalada nas propriedades rurais, numa proporção que atinge 50% nos principais países europeus e 65% nos Estados Unidos. Neste momento, a crise que afeta a agricultura impede investimentos substanciais nesta área, mas este pode ser um caminho para solucionar o déficit de armazenagem e parte dos gargalos logísticos que emperram o crescimento mais rápido das exportações agrícolas, ao encarecer os custos de transporte. (Agrolink).