Deral divulga estudo sobre situação climática no Paraná

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Estudo elaborado pelos engenheiros agrônomos Vera da Rocha Zardo e Norberto Anacleto Ortigara, do Departamento de Economia Rural da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab), mostra como as condições climáticas adversas, com altas temperaturas e chuvas irregulares e mal distribuídas, vêm causando prejuízos à agricultura do Paraná. Conforme observa-se no quadro abaixo, o volume de chuvas acumulado nos meses de janeiro e fevereiro deste ano é inferior ao volume registrado em 2003 em praticamente todas as regiões do estado. Há regiões onde o volume de chuvas foi aproximadamente 70% inferior

O estudo esclarece que, além do índice de chuvas ter sido inferior, as chuvas foram irregulares, ou seja, há localidades em que não choveu ou que o volume foi inferior ao registrado na estação meteorológica. As regiões de Cascavel, Campo Mourão, Toledo, Paranavaí e Umuarama e parte da Região de Maringá foram as mais prejudicadas, pois a estiagem iniciou no mês de janeiro e estende-se até o momento. Em outras regiões como Pato Branco e Francisco Beltrão, União da Vitória e Guarapuava a estiagem teve início no mês de fevereiro. No Norte do Estado a situação foi bem variada. Em Jacarezinho não há problemas de falta de chuvas; em Cornélio Procópio ocorreu um período de seca em janeiro, depois choveu em toda região e agora está faltando chuva novamente; em Londrina as chuvas foram irregulares em várias localidades, em janeiro, depois ocorreram precipitações e atualmente a situação é de falta de chuvas principalmente na região do arenito. Esta semana choveu em várias regiões do estado, porém continuam ocorrendo chuvas de intensidade variada, de fracas a moderadas e mal distribuídas, não resolvendo a situação de déficit hídrico no Estado.

Soja - As perdas são estimadas em 1.652.030 toneladas o que corresponde a 13,9% da produção inicialmente esperada, com prejuízos avaliados em R$ 1,27 bilhão. Com isso a produção de soja passa a ser estimada em 10.241.700 toneladas, uma redução de 6,5 % em relação à safra de 2003. A produtividade média atualmente estimada é de 2.618 kg/ha (105,6 sacas/alq); em 2003 o Paraná colheu 3.025 kg/ha (122 sacas/alq). As lavouras foram afetadas nas fases de floração e enchimento de grãos o que resultou em menor número de vagens e grãos de menor tamanho. As maiores perdas ocorreram nas Regiões de Toledo (32%), Cascavel (25%), Umuarama (20,7%), Francisco Beltrão (20%), Campo Mourão (11,5%) e Pato Branco (10%). A Região Oeste soma uma perda de 785.000 toneladas, ou seja, 28,4% da produção esperada. Piorou a condição das lavouras. Na última semana 26% da área tinha lavouras ruins ou apenas em condições medianas; nesta semana este índice elevou-se para 40%.A colheita foi efetuada em 27% da área, mesmo percentual observado neste período em 2003. As demais lavouras encontram-se nas seguintes fases: floração (5%), frutificação (42%) e maturação (53%).

Algodão - Com a intensificação da colheita, confirmam-se as perdas. A safra atualmente esperada é de 93.100 toneladas de algodão em caroço, com redução de 10,5%. As maiores reduções ocorreram nas Regiões de Toledo, Londrina, Maringá, Umuarama e Paranavaí. Os prejuízos totalizam R$14,5 milhões. A colheita, mais avançada que em 2003, atinge 24% da área e as demais lavouras encontram-se nas fases de floração (6%), frutificação (38%) e maturação (56%).Aproximadamente 50% das lavouras são ruins ou regulares.

Milho safrinha - Nesta semana ocorreram poucos plantios, aproveitando a umidade proporcionada por pancadas de chuvas. Com isso o plantio avançou de 30% para 37%, porém permanece bastante atrasado. No mesmo período do ano passado, 57% das lavouras estavam semeadas. A situação é muito preocupante pois, pela recomendação do Zoneamento Agrícola aprovado pelo MAPA, o prazo máximo de semeadura é até o dia 10/03. Em muitas regiões o prazo já está esgotado e os produtores estão cancelando pedidos de sementes e de fertilizantes ou substituindo sementes de padrão tecnológico mais elevado por sementes de tecnologia inferior. A estimativa de plantio inicial era de 1,45 milhão de ha, foi reavaliada para 1,3 milhão e ,com certeza, novas reduções ocorrerão. O custo de produção do milho safrinha está alto, principalmente o da semente, cujos preços registraram alta de até 60%. O produtor está cauteloso em arriscar o plantio de uma cultura de custo elevado numa situação climática tão desfavorável. A avaliação das lavouras indica que 40% da área semeada encontra-se em condições ruins ou regulares, devido a má germinação, stand desuniforme, baixo porte das plantas e aumento da incidência de pragas. As lavouras da Região Sudoeste onde o plantio ocorre mais cedo já apresentam estimativa de quebra da produtividade de 25%.

Milho normal - A colheita atinge 39% da área, percentual semelhante ao verificado na safra de 2003. As demais lavouras encontram-se na fase de frutificação (35%), maturação (65%). A condição destas lavouras é a seguinte: 3% ruins, 18% regulares e 79% boas. As produtividades obtidas até o momento são boas e as perdas serão localizadas, sendo compensadas por lavouras com bons rendimentos. Atualmente estão sendo registradas quebras em lavouras de milho da Região Centro- Sul. A produção estimada é de 7,6 milhões de toneladas, uma redução de 9% em relação ao ano passado, devido a menor área plantada.

Batata seca - Lavouras bastante prejudicadas especialmente nas Regiões de Guarapuava e União da Vitória. Observa-se redução da produtividade e da qualidade do produto: batatas pequenas e cascudas. A estiagem está provocando má germinação das lavouras e aumento considerável da incidência de pragas tais como larva alfinete. O plantio está atrasado (95% plantado), pois nesta época do ano as lavouras deveriam estar todas instaladas. Aproximadamente 50% das lavouras estão em condições ruins ou apenas regulares. Cerca de 55% da área foi colhida. Os produtores estão bastante desanimados com a safra de batata, pois, além da perda de produtividade e qualidade, os preços encontram-se baixos devido ao aumento da oferta no país (produção de São Paulo e Minas Gerais).

Outras culturas - Além dessas lavouras, a estiagem está prejudicando as culturas de arroz, feijão da seca, café, cana de açúcar e mandioca. Também as áreas de pastagens estão tendo o desenvolvimento prejudicado reduzindo a oferta de massa verde e acelerando o ciclo vegetativo de várias espécies. A falta de chuvas está afetando o abastecimento de água para a suinocultura, bovinocultura e avicultura.

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