CRISE NO CAMPO V: Cocamar paralisa fábricas em apoio ao protesto de produtores

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A diretoria da Cocamar anunciou a decisão de paralisar temporariamente a operação das indústrias da cooperativa em Maringá como forma de apoio ao protesto dos agricultores da região iniciado no último domingo. Algumas unidades já haviam deixado de funcionar na terça-feira, dia 9/05. Cerca de mil funcionários estão parados. Interromperam atividades seis indústrias, onde são produzidos óleos vegetais, café torrado e moído, maioneses, álcool gel e doméstico, sucos e néctares de frutas, bebidas à base de soja, creme e condensado de soja, atomatados e molhos.
Movimento - Dizendo que considera justo o movimento dos agricultores, o presidente da cooperativa, Luiz Lourenço, lembrou que as entidades representativas do agronegócio, em nível nacional, estavam articulando um grande protesto para o próximo dia 16, que está mantido. A antecipação do movimento na região de Maringá, com bloqueios de vias férreas em vários municípios para impedir a circulação de mercadorias, acontece em paralelo a manifestações de produtores em diversos Estados. “A insolvência da agricultura está levando muitos ao desespero”, frisou Lourenço, dizendo que o governo federal está demorando muito para apresentar medidas efetivas de apoio ao campo. Nos últimos anos, segundo ele, os agricultores se descapitalizaram e se endividaram como resultado dos baixos preços dos produtos agrícolas, os altos custos de produção, o não cumprimento da política de preços mínimos e as adversidades climáticas. “Só na região de Maringá a última safra teve uma redução de 30% na produtividade”, citou.

Plano - Lourenço enfatizou que os produtores precisam de um plano bem elaborado e consistente para renegociar suas dívidas, um seguro rural que saia do papel, recursos financeiros a custos suportáveis para prosseguir na atividade e garantia de cumprimento dos preços mínimos. Ele mencionou que as medidas do pacote agrícola anunciado no começo de abril pelo governo federal foram consideradas “paliativas”, que apenas jogam o montante da dívida para o ano que vem, sem equacioná-la.

Aflição - O presidente da Cocamar disse também que a agricultura, em especial, vive um momento aflitivo que se deve, em parte, à política cambial, com a sobrevalorização do real frente ao dólar. “Na média histórica, os preços da soja em dólar, por exemplo, na faixa de 12 a 13 dólares a saca, até que estão bons. Mas quando se converte para a moeda nacional, o valor fica abaixo do custo de produção”. E diz, por outro lado, que não há perspectivas de melhora do cenário do agronegócio em curto prazo.

Única - Lourenço disse que a Cocamar é a única cooperativa do Paraná que decidiu paralisar suas fábricas em apoio aos agricultores. Além disso, estão paradas também as operações de fixação das safras em Maringá e em outros 39 entrepostos espalhados pela região. O presidente da Cocamar admite que a paralisação das indústrias significará prejuízos para a cooperativa, mas não soube quantificar. Ele garantiu, por outro lado, que não haverá dispensa de funcionários por conta dessa situação. “Acreditamos que na próxima semana estaremos retornando normalmente às atividades”. Ele disse estar informado de que o governo federal deverá apresentar novas medidas de apoio ao setor nos próximos dias.

Escassez - A mobilização de produtores do Centro-Oeste contra a política agrícola atual ganhou esta semana adesões de São Paulo, Sergipe, Alagoas e Goiás, levando para dez o número de Estados envolvidos nos protestos. No Mato Grosso, onde a paralisação de caminhões de cargas em estradas ocorre há 17 dias, começam a faltar alimentos e óleo diesel em algumas cidades. "Em Rondonópolis começa a faltar laticínios, carne, frutas e hortaliças", afirmou Luiz Fernando Homem de Carvalho, presidente da Associação Comercial e Industrial de Rondonópolis. O município, de cerca de 150 mil habitantes, tem a economia baseada na produção de soja, milho e algodão. A maioria dos alimentos vem de São Paulo, Minas Gerais e Goiás. (Imprensa Cocamar).

 

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