CRISE NO CAMPO IX: Mobilização na região de Maringá

Por meio de tratores e caminhões, produtores rurais instalaram nesta terça-feira, dia 16, das 8 às 9 horas, na região de Maringá, cinco bloqueios em estradas federais e estaduais que interligam norte e noroeste, afetando também ligações rodoviárias com São Paulo e Mato Grosso do Sul. Neste período, a interdição de veículos será total, com exceção para ambulâncias e aqueles em comprovado situação de emergência. Depois das 9 horas, de forma alternada a cada hora, o bloqueio continuará somente para caminhões. No período da tarde, os manifestantes - com tratores e caminhões - sairão de seus pontos de bloqueio e participarão de carreata pelas principais ruas de Maringá. Após, retornarão às estradas para continuarem a manifestação.

Apoio da Acim - A Associação Comercial e Industrial (Acim), em apoio ao movimento, fez apelo para os lojistas fecharem seus estabelecimentos durante o protesto na área central da cidade.   “Nossa paciência já se esgotou. Esperamos que não precisemos radicalizar mais para sensibilizar o governo federal a atender nossas justas e urgentes reivindicações: alongamento das dívidas rurais, mudança na política cambial e tratamento justo a quem produz alimentos”. A frase, do presidente José Antônio Borghi, presidente do Sindicato Rural de Maringá, sintetiza o pensamento da categoria.

Interdição - Na região de Maringá, os cinco bloqueios estão definidos para os seguintes locais: PR 317 - Itambé-Floresta; PR -218 - Maringá-Astorga; BR- 376 - Marialva-Sarandi; BR-376 -  Maringá-Paranavaí;  PR-323 -  Paiçandu-Doutor Camargo. Estas barreiras, na prática, interromperão o tráfego rodoviário da região de Maringá para com municípios das regiões de Umuarama, Cianorte, Campo Mourão, Astorga, Apucarana, Londrina e demais localidades do norte e noroeste paranaense. Os bloqueios rodoviários consolidam os protestos dos produtores rurais iniciados há mais de uma semana e que interromperam durante dias o transporte ferroviário, especialmente em Maringá e cidades vizinhas. A América Latina Logística (ALL - concessionária das linhas férreas na região) conseguiu liminar para desobstrução. Os manifestantes desocuparam a linha férrea mediante acordo com a concessionária. Em contrapartida, nesta terça-feira, suspenderá o transporte de produtos em geral durante o período do protesto.

Estratégia - O protesto faz parte da estratégia de sindicatos rurais, Federação da Agricultura do Paraná (Faep) e Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) contra a atual política agrícola. Em âmbito estadual, com apoio da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) e caminhoneiros, a mobilização pretende sensibilizar o governo federal para a gravidade da crise da agropecuária. Os agricultores reclamam acentuada perda de renda e considerem “pequenos demais” os prazos dados pelo governo federal para pagamento de suas dívidas. Além de frustrações de safras por anos consecutivos, os produtores rurais culpam também a política cambial por derrubar os preços do setor. No primeiro semestre de 2004, o dólar estava fixado em R$ 3,20. Na atualidade, mal passa de R$ 2,00. Com isto, os produtores rurais que exportam ficam no prejuízo. (Luiz Carlos Rizzo).

Indústrias de calcário fecharam rodovia – Com quatro tratores e faixas com frases de apelo, o Sindicato das Indústrias de Calcário do Paraná promoveu, na manhã de hoje, o fechamento da Rodovia dos Minérios na altura do cruzamento com a linha férrea, no município de Almirante Tamandaré. As faixas traziam os textos “Campo em crise, desemprego na indústria” e “agricultura falida e não pode alimentar o Brasil”. Líder do sindicato entrevistado pela rádio CBN disse que os trabalhadores da indústria de calcário e as próprias indústrias estão solidários com a agricultura, pois a crise do campo já chegou ao setor, com redução estimada em 40% nas vendas de calcário, o que terá repercussão no emprego e na renda do setor. As lideranças permitiam a passagem apenas de ambulâncias e veículos da área de segurança.