CRISE NO CAMPO I: Produtores de grãos pedem socorro ao governo federal

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Os produtores de grãos estão pedindo socorro ao governo. Prensados por uma forte perda na rentabilidade das commodities, os ruralistas estão se articulando nas diversas regiões do País para reivindicar a prorrogação das dívidas de investimento que vencem neste ano e pedir a liberação de uma linha de emergência para apoiar a comercialização da safra 2005/2006. O pedido mais urgente é para que sejam reescalonadas as dívidas de custeio deste ano e aquelas contraídas no ano passado e prorrogadas para 2006. Um segundo pedido é para que as parcelas das linhas de investimento que vencem este ano sejam transferidas para o último ano de contrato. Por último, o setor quer a ampliação dos recursos destinados ao apoio à comercialização agrícola este ano. “O projeto de orçamento tem previsão de R$ 600 milhões, mas pedimos uma verba adicional de R$ 2,1 bilhões”, explica João Paulo Koslovski, presidente da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar).

Indicativo - Na quarta-feira(15/03), os produtores receberam o primeiro aceno do governo. O setor ganhou prazo de 60 dias para pagar as dívidas de custeio da safra passada. No Rio Grande do Sul, os beneficiados foram os arrozeiros. O presidente da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Carlos Sperotto, pede, em caráter emergencial, o adiamento, por 120 dias, do pagamento de parcelas das linhas de investimento. A prorrogação evitaria que os produtores tenham que “botar fora a safra” para honrar os contratos, justifica o dirigente.

Débitos - A Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag) vai mais longe, e solicita ao governo federal a prorrogação dos débitos que vencem em 2006 por seis anos. Para o diretor-secretário da Fetag, Elton Weber, o anúncio desta semana é um simples paliativo. “A medida não resolve a situação das mais de 100 mil famílias de produtores familiares ligadas à federação, que estão endividados e descapitalizados”, salienta. Na próxima terça-feira, dia 21, a Fetag realiza uma assembléia geral, quando fará o lançamento oficial de oito atos públicos, a partir do dia 24, em Ijuí, quando vai defender um novo prazo de seis anos para os produtores com dívidas de até R$ 72 mil nos financiamentos de custeio e de investimento.

Pacote - Para os próximos dias, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, promete um pacote mais amplo para o agronegócio. As ações estão sendo discutidas com o Ministério da Fazenda. “Estamos avaliando um conjunto de medidas que vão desde o objetivo de reduzir o custo de produção até melhorar o preço final, via redução de tributos”, sinaliza. Os produtores gaúchos esperavam conversar hoje com Rodrigues na Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque, onde seriam expostas as principais reivindicações da cadeia. A visita ao Estado, no entanto, foi cancelada ontem à tarde, frustrando a expectativa do setor. Carlos Sperotto pretende convencer o ministro a estar em Porto Alegre na próxima quarta-feira, quando ocorre reunião da Comissão de Crédito Rural da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Protesto - Na quinta-feira (16/03) , o ministro Roberto Rodrigues foi recebido em Araçatuba (SP) com uma manifestação de produtores, que jogaram 2,1 toneladas de grãos na rua e depois atearam fogo em protesto contra o endividamento no setor. Os manifestantes espalharam faixas com os seguintes dizeres: “Senhor ministro da Agricultura, com preços baixos da soja e do milho não conseguimos pagar nossas dívidas. Você já se alimentou hoje? Agradeça ao produtor rural”. (Agência Estado)

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