CRISE NO CAMPO I: Antes de viajar a Brasília, Koslovski avaliou pacote

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Na véspera de sua viagem a Brasília onde, nesta quarta-feira, se reunirá com a Comissão de Agricultura da Câmara Federal e com executivos do governo para discutir a ampliação das medidas de apoio à agricultura, o presidente da Ocepar, João Paulo Koslovski, gravou áudio para disponibilizar na página da Internet e ser utilizado pelos programas de rádio das cooperativas. “As medidas têm duas vertentes. Uma vertente que nós podemos considerar como positiva. E uma segunda negativa. A positiva é o anúncio de um plano de safra com maior volume de recursos de crédito rural, ampliando em 44% o volume de recursos a juros controlados”.

Plano safra – Koslovski considerou muito alto o custo financeiro de captação dos recursos por parte dos agricultores, nos últimos três anos “acima de 15% na média”. Agora, com maior volume de recursos a juros controlados de 8,75%, “efetivamente se vai baixar o custo do produtor”. No entanto, falta que o governo aloque esses recursos, “porque, às vezes fica apenas no papel”. Outro fator positivo, afirma Koslovski, é a redução dos encargos financeiros dos juros nos programas de investimento como o Finame e o próprio Prodecoop, baixando em torno de um ponto percentual. “Isso é positivo, isso é importante. Então, de um modo geral, o plano safra é positivo”, completou.

O problema do passado – “O grande problema que fica é o problema do passado, do endividamento, porque se o agricultor não conseguir resolver seu problema de endividamento, ele dificilmente vai ter acesso a essa nova política da safra de verão 2006/2007, porque ele ficará inadimplente perante o agente financeiro”, frisou o presidente da Ocepar. Ele apontou como solução parcial dos problemas do endividamento a concessão de apenas 50% para o alongamento direto das dívidas dos produtores de soja e só 20% no caso do milho, que foi o produto mais afetado pela estiagem no Paraná. “Esse percentual de 20% não atende as necessidades dos produtores”, disse.

Fora do alongamento – “E para agravar a situação, nós tivemos algumas culturas que não foram inseridas nesse alongamento automático, como é o caso da mandioca, pois os produtores vêm sofrendo muito em função do baixo preço e há necessidade de alongamento dessa dívida”, explicou Koslovski. Outro problema apontado pelo presidente em sua entrevista foi a falta de recursos para o financiamento das dívidas fora do crédito rural, feitas pelos produtores e cooperativas diretamente com os fornecedores de insumos. A preocupação é que o FAT Giro Rural, destinado para resolver esse problema, exige dos produtores garantias que não podem dar, a  juros considerados altos: TJLP mais 4% para os fornecedores, e TJLP mais 8% para as cooperativas. “É muito alto o custo. Então realmente nós estamos muito preocupados em relação ao passado. Se você não resolver o problema do passado, não adianta ter uma proposta muito boa de safra para frente porque o produtor não terá acesso a esses benefícios”, frisou.

Estratégias - Koslovski estará em Brasília na manhã desta quarta-feira para reunião na Comissão de Agricultura da Câmara Federal, onde levará três propostas principais. O primeiro é a ampliação dos percentuais de alongamento da dívida automática de 50% para 80% na soja, equiparando ao que foi concedido aos produtores dos Estados do Centro-Oeste do Brasil. “No caso do milho é evidente que vamos ter que brigar muito, porque nós queremos ampliar para, pelo menos o mesmo atendimento dado à soja, já que o milho teve maiores problemas que a soja em relação ao alongamento”. O segundo ponto é uma flexibilização no FAT Giro Rural, com alongamento do prazo de pagamento para dez anos, com dois de carência.

Plano estrutural ­- O terceiro ponto visa normalizar a vida econômica do agricultor através de medidas estruturais, como a retirada de tributos dos produtos e insumos, o que já foi prometido pelo governo. “Se tivermos essa desoneração, principalmente em cima do diesel, PIS e Cofins, teríamos condições de baratear nossos custos de produção”. Nesse item também entram a captação de recursos externos para alocar mais recursos à agricultura a um custo menor; o programa de geração da renda mínima através da garantia efetiva do preço mínimo; a facilitação na importação de insumos do Mercosul e o lançamento do programa de genéricos que o governo está preparando. “Essas medidas estruturantes, se elas vierem rapidamente, também poderão minimizar o sofrimento, hoje, do agricultor que tem seu custo muito elevado”, afirma o presidente da Ocepar.  

Clique no ícone abaixo para ouvir a avaliação do presidente da Ocepar, João Paulo Koslovski, sobre o pacote agrícola.

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