Crédito Rural tem mais dinheiro

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O forte crescimento dos depósitos à vista nos bancos está puxando as carteiras de crédito rural, permitindo que o montante de recursos para atividades agrícolas cresça, quanto que os demais setores permanecem estagnados. Pela resolução 2293 do Banco Central, de 1996, é obrigatória a aplicação de 25% dos saldos de depósitos à vista em operações de crédito a produtores rurais. No ano, o crescimento dos saldos de depósito à vista chega a 12,3%, com o estímulo de fuga de recursos dos fundos de investimento e, mais recentemente, da liberação de recursos dos expurgos do FGTS. Em agosto, segundo o BC, o saldo chegou a R$ 53,88 bilhões, em alta de 2,4% em relação a julho. Embora o volume global de empréstimos tenha encolhido em agosto, o total de financiamentos ao setor rural cresceu 1,9%, para R$ 27,9 bilhões. A maior parte - 55% - foi direcionada a investimentos e 37,5% a custeio. O estoque total de crédito concedido pelo sistema financeiro caiu 1,1% em agosto, para R$ 354,5 bilhões. Enquanto o total geral de crédito cresceu 9,3% nos últimos 12 meses, a carteira de crédito agrícola teve elevação bem superior, de 16,4%. A concessão, como esperado, é maior pelos bancos públicos, que têm outras fontes de recursos para estes empréstimos além dos depósitos a vista. Mas o setor privado também tem concedido mais: o total de empréstimos agrícolas concedidos pelos bancos privados cresceu 8,9% em 12 meses, enquanto a carteira total das instituições subiu 4,2%.

Inadimplência baixa - Embora haja um componente de obrigatoriedade - o que não for emprestado é recolhido ao BC sem remuneração - os bancos estão animados com a demanda no crédito agrícola e com índices de inadimplência abaixo da média. A taxa é tabelada em 8,75% ao ano. Além da injeção de competitividade dada pelo câmbio a culturas voltadas à exportação, os preços de produtos voltados ao mercado interno também subiram. O Unibanco tem feito parcerias com grandes agroindústrias para escolher os menores riscos entre os produtores e está repassando recursos de alguns programas oficiais, como Funcafé e Recoop. O Bradesco, um dos maiores bancos em depósitos totais, concedeu no primeiro semestre do ano R$ 960 milhões na carteira de crédito rural, superando o total concedido ao longo de todo o ano passado.

Banco do Brasil - O Banco do Brasil, maior emprestador agrícola do país, terá para esta safra um aumento de 50% nos recursos disponíveis, de R$ 10,65 bilhões para R$ 15,5 bilhões. Neste ano, R$ 2,5 bilhões irão para a agroindústria e o restante a produtores. Depois de resolver os maiores problemas no crédito rural no ano passado, com a securitização de dívidas, o BB está pulverizando os empréstimos e a taxa de inadimplência está em torno de 1,5%, segundo o diretor de agronegócios do BB, Biramar Nunes. Entre julho e setembro, o banco concedeu R$ 6 bilhões. O banco, além da exigibilidade de R$ 4 bilhões em depósitos à vista - um crescimento de 20% neste ano - utiliza recursos da caderneta de poupança. O BB e outros bancos federais como o BNB e o Basa usam até 40% dos recursos da poupança para o crédito rural. Esse investimento também teve elevação de saldos depois da fuga de recursos dos fundos de investimentos. Segundo dados do BC, o saldo global pulou de R$ 120 bilhões em janeiro para R$ 136,9 bilhões em agosto. Nunes espera um baixo nível de inadimplência por conta da recuperação de preços de produtos como cana, açúcar, álcool, laranja, milho e algodão.(Fonte: Jornal Valor)

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