CRÉDITO RURAL: Desembolsos atingem R$ 44 bi

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Os desembolsos efetivos de crédito rural do ano-safra 2005/06, finalizado em 30 de junho, devem ficar 1% abaixo do orçamento inicial previsto pelo Ministério da Agricultura para o período. O Plano de Safra previa R$ 44,35 bilhões, mas o governo estima ter gasto R$ 43,93 bilhões. Se contabilizados os desembolsos adicionais das linhas FAT Giro Rural e de financiamento para combate à ferrugem da soja, o total sobe para R$ 44,988 bilhões. O balanço, divulgado ontem (dia 6) pelo secretário demissionário de Política Agrícola, Ivan Wedekin, mostra ter havido aumento de 19,25% nos desembolsos de créditos a juros livres, sem subsídios do Tesouro. Os gastos passaram de R$ 12,17 bilhões em 2004/05 para R$ 14,51 bilhões no ciclo passado. Embora em volume maior, os gastos efetivos de créditos com juros "equalizados" pela União cresceram apenas 9,8% - de R$ 21,78 bilhões para R$ 23,92 bilhões.

Poupança Rural - Os crédito a juros mais baixos aumentaram sobretudo por causa do crescimento de 33,2% no uso dos recursos da poupança rural, operada pelo Banco do Brasil e bancos cooperativos. Nas exigibilidades, a parcela de 25% dos depósitos à vista que os bancos são obrigados a aplicar em crédito rural, a elevação foi de 3,4%. "Criamos novos títulos de financiamento, modernizamos a comercialização da safra e devemos fechar o ano com 23 milhões de toneladas amparadas por ações do governo", afirmou Wedekin, durante entrevista em que oficializou sua demissão. Embora tenham aumentado em 4,7% a demanda efetiva de crédito rural sobre o ano-safra 2004/05, os produtores rurais e suas cooperativas pisaram de vez no freio dos gastos com investimentos.

Linhas em queda - Houve queda de 45,2% nas linhas operadas pelo BNDES, inclusive a Finame Agrícola, além dos financiamentos com recursos baratos dos fundos constitucionais (FCO, FNE, FNO) e do Proger Rural. Na safra recém-finalizada, foram desembolsados R$ 5,5 bilhões ante R$ 8 bilhões em 2004/05. A baixa foi puxada principalmente pelo Moderfrota (aquisição de máquinas agrícolas), Moderagro (recuperação de solos e pastagens) e Moderinfra (construção de armazéns).

Fidelidade a Rodrigues - Em sua entrevista de despedida, Ivan Wedekin afirmou que deixa o cargo por uma "decisão pessoal" e afastou intrigas com o novo ministro Luis Carlos Guedes Pinto. "Guedes é um grande amigo. Fui dos que indicou seu nome para assumir o ministério", afirmou. O secretário demissionário disse ter certeza de que a política agrícola não mudará. "Ninguém é doido de mexer nisso", disse. Wedekin contou que havia ficado até agora por "fidelidade pessoal" ao ex-ministro Roberto Rodrigues. "Comecei a sair desde o primeiro dia. A partir de 2005, comecei a contagem regressiva". Sobre as dificuldades para avançar nas "medidas estruturantes" para resolver a atual crise do setor rural, Wedekin admitiu sua frustração. "Fiz o que pôde ser feito. Não foi possível fazer tudo o que se planejou. O que não foi feito, fica na agenda". Mas ressalvou que não sairia se ainda houvesse um "tiroteio" por recursos. "Se tivesse uma grande agenda, não sairia", afirmou.

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