Cooperativas apostam em moinhos próprios

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Plantar trigo no Brasil, nos dias de hoje, está sendo comparado pelos agricultores com a aplicação de dinheiro na poupança. Não dá lucro, a inflação abocanha o pequeno rendimento e só investe quem não depende disso para viver. O produtor Willian Sabatke, do município de Palmeira, na região dos Campos Gerais do Paraná, a 100 quilômetros de Curitiba, diz que vendendo sua produção pelos atuais preços não é possível pagar os insumos aplicados na lavoura durante o plantio. "No ano passado, colhi 6.000 quilos por hectare e vendi por R$ 500 a tonelada. Este ano, estou colhendo 3.700 quilos e os preços não passam de R$ 370", afirma o produtor rural. Apesar da redução de 38% na produtividade, o agricultor, ainda assim, diz que sua situação não é das piores. "Meus vizinhos estão em situação pior porque estão colhendo menos do que eu", diz Sabatke.

Maior processamento - Para minimizar a pequena, ou nenhuma, lucratividade que o cultivo de trigo tem oferecido aos agricultores, algumas cooperativas do Paraná estão apostando na construção e até ampliação de seus próprios moinhos de trigo. A Cooperativa Agroindustrial de Rolândia (Corol) é uma das que está na fila e com estudos bem adiantados para colocar em funcionamento sua unidade própria de processamento. Estimativas do mercado indicam que o investimento necessário para a construção seria de US$ 16 milhões. A estratégia da cooperativa seria reduzir a dependência que o produtor tem hoje dos moinhos particulares, podendo elevar seu lucro, já que do faturamento anual da Corol - de R$ 600 milhões em 2003 -, 20% saem da agroindústria. "

Maior participação - A intenção dos grupos de investir em moinhos próprios faz parte de um plano para aumentar a participação das cooperativas no processamento total de trigo do estado, estimado em 1,4 milhão de toneladas. De acordo com Flávio Turra, economista chefe da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), as organizações de produtores querem elevar de 25% para 35% a parcela que possuem na industrialização do trigo nos próximos três anos. "As cooperativas perceberam a importância de agregar valor à matéria-prima. Dessa forma, seria possível sustentar os preços ao produtor dentro das margens que o mercado permite", afirma Turra. Com a construção de novos moinhos e ampliação dos já existentes, as cooperativas paranaenses estão aumentando a concorrência com as empresas privadas já existentes.

Preço baixo - Com cerca de metade da safra de trigo do Brasil comercializada, o produtor sente que o resultado financeiro foi insatisfatório, o que poderá resultar em uma redução significativa do plantio no inverno de 2005, diz o analista Flávio Turra. ?Com certeza, o produtor ficou decepcionado com a safra de trigo, que teve baixo desempenho e resultados financeiros negativos. Isso vai implicar em redução no plantio", afirma. "Ainda não é possível estimar percentualmente a queda da área, mas ela será significativa em 2005", diz. (Fonte: Gazeta Mercantil)

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