CONJUNTURA II: Governo traça dois cenários \"tranquilos\"

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A equipe econômica trabalha com dois cenários para o pós-crise dos mercados e, em ambos, a avaliação é que o Brasil se sairá com "relativa tranquilidade". Nos dois casos, o país seria "atingido" pelos mesmos canais, mas com sinais opostos: nos preços das commodities, pelo lado da economia real, e, no financeiro, na conta de capital do balanço de pagamentos.

Reavaliação das previsões - Segundo Nelson Barbosa, secretário-executivo do Ministério da Fazenda, o que ocorre nos mercados financeiros desde a noite de sexta-feira (05/08), quando a Standard & Poor's rebaixou a nota de crédito dos Estados Unidos, é uma reavaliação das previsões e dos preços dos ativos, não uma crise financeira. "Ainda é cedo para avaliarmos com segurança o que está por vir", diz Barbosa, "mas o que assistimos é um reposicionamento do mercado a um mundo em que as previsões são de crescimento cada vez mais baixos nos Estados Unidos e na União Europeia".

China - Para o Brasil, o centro de qualquer análise deve partir da China. Segundo Barbosa, a taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) chinês não deve se alterar no curto e médio prazo, mantendo sua trajetória de avanços anuais próximos a 10%, o que deve sustentar a elevada demanda por commodities. "A China é o ponto mais crucial, porque nos afetaria na economia real imediatamente."

Queda dos preços das commodities - No primeiro cenário a equipe econômica leva em conta a queda nos preços das commodities - fenômeno já verificado nos últimos dias - em decorrência de uma menor demanda mundial e, também, pela aversão ao risco por parte dos investidores que aplicam em contratos de commodities na Bolsa de Valores de Chicago (EUA). Ao mesmo tempo, maior aversão a risco traria menos capital ao país, o que reduziria a valorização cambial.

Inflação - Nesse caso, avalia Barbosa, os ganhos seriam para a política de controle da inflação. "O câmbio se desvalorizaria, mas a queda de preços das commodities seria maior, o que produziria uma inflação menor." No entanto, neste caso, o enfraquecimento das commodities também reduziria o saldo comercial, majoritariamente sustentado pela exportação de produtos básicos. "Mas não seria nada drástico", acredita.

Inverso - O segundo cenário seria o inverso. A extensão de uma política monetária francamente expansionista na União Europeia, no Japão e nos EUA manteria o fluxo elevado de divisas para o país, mantendo o câmbio em níveis próximos ao atual (cerca de R$ 1,60) e também as cotações das commodities em nível mais elevado. "Estamos preparados para os dois cenários", avalia Barbosa, para quem o crescimento do país é "muito sustentado pelo mercado doméstico, e as medidas que lançamos nas duas últimas semanas sustentarão esse patamar aquecido no ano que vem". (Valor Econômico)

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