COMMODITIES AGRÍCOLAS: Queda brusca \"corrige\" preço de soja e milho

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Depois de uma queda repentina, os preços das commodities milho, soja e trigo seguem novo curso e, mesmo voltando a subir, não devem atingir tão cedo os recordes registrados no último mês. No estado, a redução chegou a 15%. Na avaliação dos especialistas, uma "bolha" criada pelos especuladores no mercado internacional explodiu e, a partir de agora, as cotações seguirão uma linha mais coerente. O declínio das cotações na Bolsa de Chicago teve reflexo direto no Paraná na semana passada. Depois de a saco de soja cair de US$ 36 para US$ 31 e a de milho de US$ 18 para US$ 14 nos Estados Unidos, o produtor paranaense passou a receber 15% a menos na venda de milho e 9% a menos na de soja, na comparação com os preços internos de um mês atrás. O preço do trigo também caiu 15%, pressionado pelo início da colheita brasileira.

Estabilidade - Nesta semana, porém, certa estabilidade tranqüiliza os produtores. A soja alcançava ontem média de R$ 43,82 (saco de 60 kg), o milho rendia R$ 19,97 e o trigo, R$ 33,76 no estado, patamares semelhantes aos da última sexta-feira. Em Chicago, depois de passar o dia em baixa, houve leve alta no milho e na soja, por causa de elevação no petróleo e previsão de redução da área de cultivo dos Estados Unidos.

Tendência de baixa - "A curto prazo, a tendência é de baixa. Mas, como o plantio da safra americana foi tardio, há risco de prejuízos com geadas a partir de setembro. Os próximos relatórios podem fazer os preços voltarem a subir", afirma o agente de investimento Luiz Gustavo Marx Vencato, da Intertrading, de Curitiba. Ele considera, no entanto, que os fatores que levaram aos recordes se dissolveram. O barril do petróleo caiu de US$ 140 para US$ 126 nas últimas semanas; as previsões de que as inundações iriam derrubar a produção norte-americana de grãos também foram revistas; e depois de nova onda de protestos, os produtores rurais da Argentina conseguiram revogação do aumento das tarifas de exportação, que devem ficar em 35% para a soja, 28% para o trigo e 25% para o milho. Isso tudo, aliado ao capital especulativo, teria ajudado a criar a bolha nas cotações das commodities.

Entressafra - Os danos da queda brusca nos preços ao Paraná foram reduzidos porque a agricultura paranaense está na entressafra, avalia o técnico da Organização das Cooperativas (Ocepar), Robson Mafioletti. As vendas não estão no período mais movimentado do ano e, com as baixas, foram praticamente paralisadas. "Agora o produtor vai esperar um pouco. Se houver nova alta, aí sim tende a vender tudo o que puder", diz Mafioletti. O engenheiro agrônomo considera que as oscilações não devem ter impacto na intenção de plantio, uma vez que os produtores planejaram a safra de verão e os preços dos grãos, apesar das quedas, seguem em patamares bem superiores às médias históricas.

Soja - Entre milho e soja, segundo Mafioletti, a oleaginosa tem vantagem. Quem produz soja sente menos a elevação dos custos, compara. Os fertilizantes, que dobraram de preço em alguns casos, representam 20% das despesas nessa cultura, enquanto chegam a 30% no milho. A elevação média nos custos deve ficar entre 25% e 30%, avaliam os técnicos da Ocepar.

Negócios em ritmo lento com o cereal  - O mercado de grãos atravessa período de poucos negócios, mas os motivos não se resumem à queda de preços. "No caso do milho, a safrinha está atrasada, o que limita as vendas no mercado físico", observa a engenheira agrônomo Margorete Demarchi, do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento (Seab). Nesta mesma época do ano passado, 15% da safrinha já tinham sido vendidos. Hoje, são apenas 6,4%, conforme levantamento do Deral. A questão é que em 2007 a colheita já tinha passado da metade. Neste ano, está em um terço. Assim que houver mais milho disponível, os negócios tendem a ocorrer com mais freqüência, diz Margorete.

Demanda e consumo interno - Apesar de ter seus preços cada vez mais influenciados pelo mercado internacional, o milho ainda sente fortemente os reflexos da relação entre demanda e consumo internos. Logo após as geadas de meados de junho, o preço do saco de 60 quilos do produto subiu de R$ 19 para R$ 26,40. Só com a queda das cotações internacionais, mais acentuada na semana passada, é que o índice voltou a ficar abaixo da barreira dos R$ 20/saca. (Gazeta do Povo)

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