Coasul comemora resultados e investe na diversificação

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Depois de fechar o ano de 2002 com um crescimento recorde de 59,1% na receita, a Cooperativa Agropecuária Sudoeste Ltda ? Coasul, se prepara para inaugurar, neste ano, moderna fábrica de rações, que está exigindo investimento de R$ 2,5 milhões. ?Hoje a cooperativa está numa situação muito confortável?, afirma o presidente Paulino Fachin, que lembra das dificuldades atravessadas pelas empresas do agronegócio em conseqüência dos diversos planos econômicos.?O governo prometeu apoiar a agricultura. Nós acreditamos, buscamos recursos no sistema financeiro para garantir o plantio, na espera do dinheiro oficial que nem veio. Para piorar, tivemos uma grande estiagem?.

 

Por sorte, o sistema cooperativista conseguiu aprovar o Recoop, onde a Coasul foi a primeira cooperativa do Paraná a entregar o projeto, beneficiando-se R$ 15 milhões para alongamento do passivo e novos investimentos. ?Fomos atendidos em 100% do pleito. E as metas do Recoop, onde se previa a expansão da área, embora difíceis de serem alcançadas, foram todas cumpridas, algumas bem antes do prazo?, frisa Fachin. A expansão exigiu reformas e novas estruturas de recepção e secagem, para atendimento dos cooperados.

 

Estrutura e crescimento - Com sede em São João, um município com pouco mais de 11 mil pessoas, a Coasul atua também nos municípios de Chopinzinho, São Jorge do Oeste, Bom Sucesso do Sul, Renascença, Francisco Beltrão, Rio Bonito do Iguaçú, Porto Barreiro, Itapejara, Sulina, Saudade do Iguaçú e Marmeleiro, onde tem um total de 3.050 associados, a maioria pequenos e mini produtores que atuam com grãos, leite e suínos. Para atender aos associados, tem 14 entrepostos nos doze municípios onde atua, além de quatro supermercados e a fábrica de ração, que está na fase final de construção. A fábrica foi planejada para uma produção inicial de 12 toneladas horas, mas pode triplicar a produção operando em três turnos. Pode produzir todos os tipos de ração demandados pelo mercado agropecuário, ?com qualidade e preço?, garante o presidente Paulino Fachin. O milho e soja, matérias-primas para a ração, virá das lavouras dos associados.

 

A cooperativa, que recebeu pouco mais de 3 milhões de sacas de grãos no ano 2000, teve uma produção excepcional em 2001, com 4,42 milhões de sacas, e 3,99 milhões no ano passado. Neste ano estima receber 4,74 milhões de sacas. Esse crescimento da produção dos associados está exigindo da Coasul novos investimentos, que serão feitos com recursos do Prodecoop (Programa de Desenvolvimento Cooperativo para Agregação de Valor à Produção Agropecuária). A cooperativa pretende ampliar as unidades armazenadoras de São João em 580 mil sacas e de Renascença, em 120 mil  sacas, o que vai exigir investimentos estimados em R$ 4,5 milhões.

 

Muitos associados da Coasul eram produtores de leite, atividade que herdaram de seus antepassados. Como produção de leite não era a atividade principal, a maior parte do rebanho era formada por animais não especializados e a produtividade era baixa. Havia casos de 3 litros/vaca/dia. Nos anos 90 a cooperativa celebrou um convênio com a ONG francesa Fert, objetivando introduzir, gradativamente, melhorias na genética animal, na alimentação e na sanidade. Denominado Francoasul, o projeto propiciou a ida de jovens agricultores, cooperados ou filhos de cooperados, para um estágio em propriedades da França, onde assimilaram conhecimentos essenciais para mudar o perfil da produção de leite na Coasul.

 

Resultados - O resultado desse convênio está sendo percebido hoje. A produção leiteira de Nelson Kock, por exemplo, em 1988 oscilava entre 7 e a 17  mil litros de leite, mas durante 9 meses perdeu produto por acidez. Com a grande oscilação na produção perdia com o leite extra-cota. No ano 2000, no entanto, a produção entregue apresentou acidez apenas durante dois meses e nada nos anos de 2001, 2002 e 2003, quando a produção se estabilizou em torno de 18 mil litros/mês. ?Esse foi o resultado do bom trabalho desenvolvido pelos técnicos da cooperativa e dos produtores?, afirma o engenheiro agrônomo Roni Jerri Ferreira, assessor de cooperativismo.

 

Foram muitos os cooperados beneficiados pelo projeto de melhoria da produção leiteira. A professora Filomena Fachin, por exemplo, certo dia de nove anos atrás chegou em casa decidida a comprar quatro vacas de leite para produzir queijo. Aos poucos foi se estruturando com orientação e apoio da cooperativa, pulando de 3.896 litros em janeiro de 1998 para 25.255 mil em julho deste ano. A atividade leiteira, que antes era secundária, passou a ser a principal, sendo apoiada pelo marido Eldor, responsável pela produção de alimentos. As quatro vacas se multiplicaram em 64 animais, dos quais 34 vacas em lactação, que produzem uma média de 26,4 litros/dia cada. De fevereiro de 1998 até agora a sua propriedade não apresentou nenhum litro de leite ácido. O segredo do sucesso é que, desde o início, Filomena seguiu corretamente a orientação dos veterinários da Coasul.

 

Outro exemplo foi Denise Caragnato, que começou na atividade produzindo 7,5 litros por vaca, pulando hoje para 32,7 litros/animal. ?Antes a gente ficava na roça o dia todo. Chegava em casa, dava duas espigas de milho pras vacas e tirava o leite que dava?, comenta. Hoje, a atividade leiteira, com 16 vacas em lactação, ?está em primeiro lugar?, diz. Na pequena propriedade, como em outras orientadas pelos projeto Francoasul, a busca de animais de melhor genética é uma preocupação constante. A pecuária de leite também passou a ser a atividade principal na propriedade dos Karling, onde os irmãos Lírio e Roseli Maria tinham, em 1996, seis vacas comuns, que pouco produziam. Com o projeto Francoasul, iniciaram o melhoramento genético através da inseminação artificial e, dois anos depois, já produziram 25.726 litros de leite. A produção pulou para 52.726 litros no ano 2000, 77.649 no ano passado e 100 mil neste ano. A produtividade média, que era de 6 litros vaca/dia em 1977, já passa dos 18 litros hoje.

 

Projeto de Integração - A Coasul continua avaliando a implantação de um projeto de integração em suínos ou aves, o que permitiria agregar valor à produção dos associados. A crise na suinocultura impediu que o projeto de integração em suinocultura tivesse sido implantado há cerca de dois anos, quando se estudava a parceria com a vizinha Camdul, que possui uma unidade de produção de matrizes. A suinocultura é uma atividade comum entre agricultores do Sudoeste, onde se produz em abundância o milho, principal matéria-prima para a ração animal. Agora, com a fábrica de ração própria em vias de conclusão, fica mais fácil viabilizar um projeto nessa área.

   

Números da Coasul

Associados:

 3.050

Funcionários:

 570

Agrônomos:

 18

Técnicos agrícolas:

 10

Comitês de entrepostos:

 6

Comitês por produtos:

 3 (leite, soja e milho, sementes)

Faturamento:

                                              

R$ 54 milhões em 1998

R$ 80 milhões em 2000

R$ 156 milhões em 2002

 

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