CNPSO 35 ANOS I: Embrapa Soja, além do horizonte

  • Artigos em destaque na home: Nenhum

O reflexo de centros de pesquisas públicos ou privados que cumprem seu papel - disseminar informação e tecnologia - se dá no crescimento de pessoas, comunidades e da sociedade como um todo. Bem formatadas e mantendo sua essência, essas estruturas pautam e apoiam o desenvolvimento de diversos setores e respondem com responsabilidade à demanda da modernidade. É assim com a Embrapa Soja. No exato momento em que completa 35 anos, a entidade voltada para o desenvolvimento de tecnologia para o agronegócio, tem muito a comemorar: sempre foi uma das principais incentivadoras da ampliação e melhoria do plantio da soja - que este ano baterá recorde de produção no País - e nunca se furtou a dividir e compartilhar o resultado de suas pesquisas - contém um Banco Ativo de Germoplasma acessível à comunidade científica.

Estratégico - Instalada estrategicamente no solo vermelho do interior do Paraná é exemplo de respeito e ações transparentes na agricultura. E se destaca não apenas pelas pesquisas que envolvem a soja. Desenvolve ainda tecnologias para as culturas do girassol e do trigo. E atua fortemente no desenvolvimento e aprimoramento de projetos ambientais, como plantio direto, rotação de culturas e tratamento de resíduos. ''Oferecemos sustentabilidade ao produtor, não apenas rentabilidade. É a essência'', resume Alexandre José Cattelan, chefe geral da Embrapa Soja.

Interesse maior - Sobre o papel da empresa, acrescenta que o interesse maior está em regular o mercado, oferecer sementes que possam ser produtivas, resistentes, não suscetíveis a doenças e o mais ecologicamente corretas. Nesse processo de olhar toda a cadeia de produção, Cattelan é enfático em afirmar que existem vários aspectos importantes e não apenas um - como alta produtividade - no momento de se estudar e desenvolver uma cultivar.

Ilha - A história ainda mostra que durante esses anos foi árdua a tarefa da empresa para não se tornar uma ilha, isolada com suas pesquisas e correndo o risco de parar no tempo. Dois pilares são - e sempre foram - fundamentais para a instituição manter o ritmo de crescimento: servir a sociedade e firmar parcerias. ''A Embrapa é um exemplo de sucesso de parcerias público-privadas e não é fácil. No caso da pública tem a questão de atender a sociedade, e a privada é mais mercadológica'', frisa o chefe da entidade, destacando que entre algumas das parcerias está a com a Basf, para o desenvolvimento da primeira soja transgência desenvolvida no País.

Benefícios - Na opinião de Cattelan, fazer as cultivares de soja da Embrapa se expandirem pelo País não foi complicado pelos benefícios oferecidos. O grão, pontua ele, se destaca como ótima opção para o agricultor, pois oferece bons rendimentos, tecnologia embutida e liquidez. Contudo, a empresa tem muitos desafios a serem vencidos atualmente. Talvez o principal seja mesmo a concorrência. Há 15 anos, cita o chefe da instituição, só havia a Embrapa com programas de melhoramento genético. ''Hoje são muitas empresas que têm a experiência da própria Embrapa como base. A competição é muito grande, e manter uma fatia do mercado precisa de trabalho'', diz.

Desenvolvimento - Mas trabalho não é problema para a Embrapa que, desde sua instalação em Londrina na década de 1970, atuou com responsabilidade e em prol do desenvolvimento da sociedade. ''A Embrapa aperfeiçou, agregou informação e disseminou pesquisas'', frisa Amélio Dall'Agnol, chefe adjunto de administração da instituição. A atuação da empresa pública, por sua vez, colocou o País em destaque no setor do agronegócio e o consolidou como um dos principais produtores de grãos do mundo.

Tecnologia - ''O Brasil foi o País que, com base em pesquisas, desenvolveu tecnologia de produção de soja nos trópicos e despertou o interesse de outros países, não só de cultivar a oleaginosa, mas de ter acesso a toda a tecnologia que envolve a produção'', destaca Norman Neumaier, pesquisador e articulador internacional. E o desenvolvimento de tecnologias foi efetivamente o que colocou a Embrapa como referência também no território nacional. O conhecimento saiu do interior do Paraná e alcançou áreas antes inimagináveis para a produção agropecuária.

Avanço - A pesquisa avançou e viabilizou o cultivo em latitudes mais baixas, como lembra Pedro Moreira da Silva, pesquisador e gerente adjunto de comunicação e negócios da Embrapa Soja. O desenvolvimento da produção agropecuária nas regiões Norte e Nordeste do País, nos estados do Maranhão, Tocantins e Piauí - área conhecida como MaToPi -, por exemplo, se deve principalmente à geração e transferência do conhecimento científico da Embrapa aplicados à viabilização de soluções tecnológicas.

IDH - ''Quem tornou essa região viável foi a Embrapa'', garante Silva. O que isso significa? ''O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) de cidades da região que antes eram insignificantes, agora são bem mais representativos. Com a nossa tecnologia, levamos junto toda a cultura de produção, industrialização e comércio de insumos'', pontua. (Folha Rural / Folha de Londrina)

Conteúdos Relacionados