CARNES: Avicultura sai da UTI, mas ainda tem dificuldades

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carnes 02 10 2012Custos recordes, preços tímidos e demanda limitada. O cenário que caracterizou a crise da avicultura começa a mudar. Com o recuo de 10% nas cotações do milho e reajustes de até 30% nos preços da carne de frango, o mercado espera equalizar despesas e receitas e retomar a linha de crescimento.

Preços - Com os preços do milho em disparada, registrando um valor médio de R$ 26,60 no Paraná, o mês de agosto foi apontado pelo setor como o mais severo. “Agosto foi o epicentro da crise, mas setembro já consolidou uma reposição”, afirma Francisco Turra, da União Brasileira de Avicultura (Ubabef). “Estávamos na UTI, agora estamos no apartamento [do hospital]”, sintetiza Domingos Martins, presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Paraná (Sindiavipar). Nesta segunda-feira (01/10), a cotação do milho estava em R$ 24,20, sinalizando queda no preço da ração.

Equilíbrio - A recuperação, no entanto, não significa que os problemas tenham acabado. “O mercado [o preço da carne de frango] reagiu, mas ainda não há um equilíbrio entre custos e receitas”, pontua Valter Pitol, presidente da Cooperativa Agroindustrial Consolata (Copacol), de Cafelândia (Oeste). Ele projeta que neste mês esse equilíbrio esteja mais próximo.

Redução no alojamento - A própria redução de 10% no alojamento de aves teria forçado alta nos preços. O quilo do frango vivo subiu de R$ 1,70 em junho para R$ 2,20 neste mês no estado. E o quilo da carne resfriada passou de R$ 4,60 para R$ 4,85 no estado, conforme a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab). “Ainda não está extraordinário, mas o prejuízo está sendo menor do que nos meses anteriores”, afirma Pitol.

Ciclo - Como o ciclo das aves leva cerca de 45 dias, a redução no alojamento feita nos meses anteriores comprime a oferta neste momento, explica Ciliomar Tortola, diretor da GTFoods. “Não se trata de aumento nos lucros, apenas repasse de custos, e terá que ser de forma integral”, afirma. “As aves abatidas agora consumiram a ração quando o custo ainda era alto”, explica Pitol, da Copacol.

Abate - Apesar de dados do Sindiavipar indicarem que em agosto o número de aves abatidas no estado foi superior ao do mês anterior, Martins explica que a oferta está em queda em setembro. Os frigoríficos consumiram 123 mil aves, contra 111 mil em julho. “Foi eliminada uma grande quantidade de matrizes”, aponta.

Expansão - Parte das empresas segue em expansão. Ciliomar Tortola, da GTFoods, confirma que o grupo tem negociações em curso para a aquisição de unidades avícolas no Paraná e outros estados. “Algo deve se consolidar ainda esse ano, mas não podemos dar detalhes”. Segundo o Sindiavipar, apesar da crise, 2012 será de crescimento.

Safrinha recorde impõe limite às altas recordes - Depois de atingir no Paraná a cifra média de R$ 26,60 por saca (60 kg) em agosto, conforme a Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab), o milho dá sinais de que a alta galopante dos preços está cessando. Na semana passada, a cotação ficou próxima de R$ 24 e ontem estava em R$ 24,20, com baixas de 10% em relação ao mês anterior. A queda é maior em Mato Grosso, onde o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) aponta baixas de 20%. Em Diamantino (Norte), o milho caiu a R$ 17 por saca e tem oscilando em torno desse valor.

Queda temporária - As notícias de que os Estados Unidos estão reduzindo as exportações de milho, no entanto, mostram que essa queda pode ser temporária. Para que as novas cotações tragam alívio à avicultura, é necessário mais tempo, informa a indústria. No longo prazo, no entanto, tanto os Estados Unidos quanto o Brasil devem aumentar a oferta de milho. Mato Grosso anunciou na última semana plano de expansão das lavouras do cereal no invernode 2,9 milhões para 4,9 milhões de hectares. (Caminhos do Campo / Gazeta do Povo)

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