Brasil supera EUA em exportação de soja

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O Brasil passará este ano a primeiro exportador mundial de soja e derivados superando dessa forma a tradicional posição de liderança dos EUA. As novas estimativas da Associação Brasileira das Industrias de Óleos Vegetais (Abiove), divulgadas na terça-feira, são de uma safra de 50,9 milhões de toneladas de grão de soja em 2003/2004. Desse total, cerca de 37 milhões de toneladas em grão e derivados serão destinados à exportação. Com esse volume recorde de vendas, o Brasil projeta obter receitas cambiais de US$ 7,9 bilhões, 30% maiores que os US$ 6 bilhões exportados em 2002 com o complexo. Já os americanos não chegarão a US$ 7 bilhões em exportações de soja e derivados este ano, segundo estimativas do setor. "Nós ocupamos o espaço deles", resume o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, que abriu, no Rio, os trabalhos do 73o Congresso da Associação Internacional dos Esmagadores de Oleaginosas (Iasc).

Exportações - Pelas projeções da Abiove, as exportações de soja em grão somarão 20,3 milhões de toneladas, as de farelo 14,3 milhões de toneladas e as de óleo, 2,4 mil toneladas. "A safra, quase 20% superior aos 42,4 milhões de toneladas da anterior, deve-se a aumentos na área de plantio e de produtividade", informa o presidente da Abiove, Carlo Lovatelli. Apesar do entusiasmo dos exportadores brasileiros, o fato de as vendas brasileiras superaram as dos EUA é vista com certa preocupação. "De um lado, a grande competitividade do Brasil no agronegócio assusta os competidores e provoca neles reação protecionista. Mas, de outro lado, mostra que é muito difícil eles alcançarem nosso nível de competitividade e, sendo assim, é melhor se juntarem a nós. Tanto que está acontecendo um movimento de vinda de investidores estrangeiros para produzir soja no Brasil", diz Rodrigues. Para ele, o agronegócio atingirá este ano superávit comercial de cerca de US$ 22 bilhões, face os US$ 20,35 bilhões de 2002. "Quando tem posição de liderança todo mundo quer te derrubar", diz Lovatelli, destacando a produtividade média da soja brasileira atingiu neste ano 2,8 mil quilos por hectare. (Fonte: GZM)

Preços internacionais - Apesar da chegada ao mercado das safras recordes de soja do Brasil e Argentina, que devem somar mais de 80 milhões de toneladas em 2002/03, os preços internacionais da oleaginosa podem atingir novos picos entre abril e junho. "A safra monstruosa da América do Sul pode ser apenas suficiente para evitar uma grande falta de produto nos próximos meses", disse Thomas Mielke, editor da publicação alemã Oil World, durante o 73º Congresso Mundial da Associação Internacional dos Esmagadores de Soja, no Rio de Janeiro. Dois fatores explicam a previsão: os baixos estoques americanos e a firme demanda mundial, principalmente da China. "Caminhamos numa corda bamba e ainda existe o risco de uma forte alta de preços da soja e de outras oleaginosas. Isso pode levar a variações amplas de preços nos próximos meses", diz Mielke.

Logística - Mielke lembra que as dificuldades de logística no Brasil podem acarretar atraso nos embarques, mantendo elevadas as exportações americanas por mais tempo e pressionando os estoques do país. Com a greve e as filas no porto de Paranaguá (PR), importadores chineses têm cancelado navios de soja brasileira para adquirir o grão americano. "Os esmagadores estão pagando prêmio de US$ 13 a US$ 14 por tonelada pela soja americana para ter garantia de entrega", diz. De acordo com o especialista, a deficiente infra-estrutura de escoamento do Brasil pode frear a expansão da cultura no país - que tem um dos maiores potenciais de expansão de área plantada do mundo. Assim, ao contrário da alta de 17% - cerca de 7 milhões de toneladas - prevista para essa safra, a produção brasileira deve crescer entre 2 milhões e 3 milhões de toneladas por ano na próxima década, prevê. (Fonte: Valor Econômico)

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