BRASIL: Novo pacote de gastos equivale a menos de 1% do investimento no PIB

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Desesperado em garantir um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) superior aos 2,7% de 2011, o governo anunciou nesta quarta-feira (27/06) mais um pacote de medidas de estímulo ao investimento, dessa vez calcado no aumento das compras governamentais, como ônibus, caminhões e carteiras escolares, e na redução do custo dos empréstimos às empresas.

Compras - O governo vai ampliar em R$ 6,61 bilhões as compras no ano, elevando para R$ 8,43 bilhões o total que será gasto no segundo semestre com equipamentos, veículos e máquinas. Comparado ao valor do investimento total no país em 2011, o volume adicional representa menos de 1% da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) do ano passado, que foi de R$ 798 bilhões. Para complementar, o governo cortou a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que baliza os empréstimos do BNDES, de 6% para 5,5% ao ano, conforme antecipou o Valor. Novas medidas não estão descartadas.

Positivas mas insuficientes - Representantes setoriais, presentes na cerimônia de lançamento do pacote no Palácio do Planalto, consideraram as medidas positivas, porém, insuficientes para alavancar uma expansão maior da economia ainda em 2011. A indústria, por exemplo, pede a desoneração dos projetos produtivos. A expectativa é que um impacto maior no investimento, e consequentemente no PIB, fique para 2013. A lei eleitoral impede a realização de novos contratos neste ano (a partir de 7 de julho até o fim do segundo turno nas cidades), e deve limitar o efeito das medidas.

Crise mundial - Na visão do governo, a deterioração da crise mundial torna necessária a adoção de medidas de estímulo para amenizar os impactos no Brasil. No discurso no evento, a presidente Dilma Rousseff ressaltou que o cenário internacional não permite "aventuras fiscais" de nenhum país. "Agora, nós não podemos ter a soberba de achar que podemos brincar à beira do precipício ou tomar medidas que se tomariam mais fáceis em tempos normais", disse.

Mantega - Na mesma linha, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que essa "não foi a primeira nem será a última medida a ser tomada". Para ele, é um equívoco dizer que a economia brasileira está em um "patamar baixo". "O PIB será maior que 2,5% neste ano. O crédito está aumentando e a taxa de juros diminuindo. Isso causa um estímulo forte à economia", disse.

Câmbio - "O câmbio está num patamar muito favorável para as empresas brasileiras que voltaram a ser competitivas", acrescentou o ministro. Mais tarde, o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, afirmou que o pacote "objetiva o curtíssimo prazo", e, com isso, vai impulsionar o PIB de 2012.

PAC - O pacote engordou o orçamento do PAC previsto para o ano, levando o programa a R$ 51 bilhões. O PAC Equipamento, como foi chamado, prevê a ampliação e antecipação das compras governamentais dos ministérios da Educação, Saúde, Defesa, Agricultura e Justiça, e a construção de quadras esportivas em escolas.

Forças Armadas - Entre os equipamentos destinados às Forças Armadas e para ações de defesa estão a aquisição de 8 mil caminhões, 40 blindados Guarani e 30 unidades de veículos lançadores de míssil. O valor total dessas aquisições será de pouco mais de R$ 2,86 bilhões. Para o setor agropecuário, o governo vai comprar 3 mil unidades de tratores e implementos agrícolas. Serão gastos R$ 870 milhões nessa aquisição.

Saúde - Na área da saúde, serão adquiridas 2.125 ambulâncias e mil unidades de Odonto Móvel, total de R$ 480,5 milhões. O governo pretende gastar R$ 6 bilhões com a compra de medicamentos e vacinas em 2012, ultrapassando os R$ 4 bilhões gastos no ano passado. Também foi divulgado que 126 produtos de saúde produzidos no país poderão ser adquiridos por preços até 25% superiores aos dos demais.

Educação - Para a educação serão compradas 8.570 ônibus, por meio do programa Caminhos da Escola, além de 3 milhões de unidades de mobiliário escolar. A despesa no setor será de R$ 2,17 bilhões. Também foi anunciada a compra de 160 vagões de metrô, 500 motocicletas e 50 perfuratrizes para as polícias Federal e Rodoviária Federal. (Valor Econômico)

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