Bovinocultura é destaque no terceiro dia da Semana de Sanidade Animal
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Levar informação, capacitação e novas tecnologias para produtores de bovinocultura é essencial para promover melhores resultados para o setor no Paraná. Com esse objetivo, a manhã dessa quinta-feira (03/10) foi marcada por orientações sobre produção de leite e pecuária de corte no estado.
A programação integra a Semana de Sanidade Animal, organizada pelo Sistema Ocepar em parceria com a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep). O evento reúne técnicos, gestores e produtores rurais para pensar a produção animal com práticas mais sustentáveis e competitivas para a agricultura brasileira.
O presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken, lembrou que a história do cooperativismo no Paraná teve início com a produção de leite. Ricken afirmou que a participação da bovinocultura no cooperativismo paranaense ainda é pequena, mas que o potencial é bastante interessante. “Há interesse de mercados de carnes mais nobres, com qualidade especial. Precisamos integrar melhor as pequenas cooperativas em programas mais avançados, com perspectiva internacional, a exemplo do que fizemos com aves e suínos. Podemos pensar de forma organizada a bovinocultura, para o mercado interno e externo”, analisou.
O presidente do Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte da Faep, Rodolpho Botelho, reforçou que ações de sanidade animal são extremamente importantes para conquistar mercado. “A sanidade é passaporte, cartão de visita para novos mercados. O Paraná tem uma produção agrícola extremamente forte e a integração de processos produtivos, como integração lavoura pecuária, por exemplo, pode ser pensada também para a pecuária de corte. Há uma preocupação com a questão de assistência técnica, contratação de pessoal, por isso eventos como esse contribuem para levar informação e mostrar as principais tecnologias disponíveis para o campo”, afirmou.
Sanidade e a Produção de Leite
A primeira palestra foi dada pela médica veterinária e consultora técnica em leite da Rehagro, Gabriela Magioni, com o tema “Gestão Sanitária na Produção de Leite: Maximização de Resultados e Qualidade do Produto”. A especialista reforçou que a sanidade na produção do leite é muito importante para atender as exigências da indústria e do consumidor final. “A indústria tem buscado leite com mais qualidade. Além disso, saúde animal também representa mais saúde para a população. E a sanidade também traz rentabilidade”, pontuou. A médica veterinária trouxe estudos que mostraram que, em média, vacas sadias produzem cinco litros a mais de leite por dia na comparação com vacas doentes.
A consultora destacou que ações simples podem contribuir com os resultados. “Sanidade está relacionada com manejo. O produtor não necessariamente precisa investir em nova tecnologia. As melhorias estão no manejo, que já são realizados na propriedade, durante a ordenha, na forma como o produtor está secando leite da vaca, por exemplo. Muitas vezes o trabalho é feito, mas não da forma correta. Quando a gente leva informação, consegue melhorar a qualidade do rebanho com ajustes simples”, finalizou.
Mercado de Pecuária de Corte
A segunda palestra teve como tema “Do Campo ao Mercado: Oportunidades na Cadeia da Carne Bovina”. A apresentação foi realizada pelo analista de mercado com pesquisas na área de boi, carne, mercados internacionais e coordenador da equipe de mídias sociais da Scot Consultoria, Pedro Gonçalves. A palestra teve participação do engenheiro agrônomo e diretor-fundador da Scot Consultoria, Alcides Torres.
O destaque inicial foi para informação de que o abate de bois foi maior do que o esperado no primeiro semestre do ano, com recordes alcançados. Isso impactou na composição dos preços, visto que em junho e julho de 2023 houve registro dos menores valores pagos por arroba do boi gordo. “Agora estamos vendo bastante recuperação. O cenário é positivo para o boi gordo. A demanda interna está aquecida e a demanda externa que vem para bater mais recordes no volume de exportação”, observou Pedro.
O cenário de exportações é interessante, já que o dólar está valorizado frente ao real e os Estados Unidos estão com menor volume de produção. “O Brasil responde por 25% da exportação de toda carne bovina, ou seja, responde por ¼ desse mercado. Isso vai predominar 2025. Os EUA são o principal produtor de carne bovina, mas estão com menor volume de rebanho. Isso beneficia o Brasil a participar mais da exportação”, reforçou.
O diretor-fundador da Scot reforçou o contexto estratégico de produção do Brasil. “Com relação à segurança alimentar, o Brasil hoje é o país que tem a melhor base. Nossa produção vegetal e animal é muito sólida. A gente tem conhecimento científico na área de clima tropical e tem técnicos. Essa é nossa vantagem competitiva. Na comparação com Europa e Estados Unidos, os agricultores estão envelhecidos. Durante pandemia, o Brasil continuou exportando; não precisou parar exportação para ter alimento internamente”, afirmou.
Torres também comentou sobre a oportunidade em produzir para atender a um público que busca carne de maior qualidade. “Eu vejo com bons olhos essa iniciativa. Hoje já se vende carne em porções para restaurantes – 100g, 200g, por exemplo. O cozinheiro abre, joga na chapa e você tem um tremendo de um filé em 5 minutos. Isso é tendência. A exportação de carne de qualidade tem futuro sim. São mercados mais restritos, mas, na minha opinião, tem mais a ver com o atendimento de rede do que consumidor privado. Existe demanda, existe capital para isso. Lá fora, não é problema de capital, é problema de como chega lá”, avalia.
No final da apresentação, ao ser questionado por Rodolpho Botelho, Torres comentou sobre a valorização do gado criado no pasto na comparação com o gado confinado. “Estive no Canadá e quando você passa no açougue tem o anúncio ‘carne de bovino em pasto’. Isso já existe. No Brasil, o confinamento são só 3 meses e gado fica no pasto o resto do tempo. Precisamos falar sobre isso. O padrão do Brasil vai ser integração lavoura-pecuária, nas áreas em que isso é possível”, concluiu.