BIOMASSA I: De olho em novas energias
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O reaproveitamento de restos culturais para a produção de energia tem despertado um nicho de mercado cada vez mais ascendente no agronegócio brasileiro. A retenção de matéria orgânica no solo, a produção de madeira, a utilização de dejetos de animais e restos de culturas são exemplos de fontes de nutrição e de produção de energias baratas e eficientes. O uso da biomassa tem gerado benefícios para indústrias, produtores e também ao meio ambiente, devido à reutilização de resíduos. Atualmente, a biomassa já corresponde por 5% da matriz energética brasileira e está ganhando cada vez mais espaço no setor de bioenergia, garantem especialistas.
Segmentos - Ricardo Ralisch, professor do departamento de agronomia da Universidade Estadual de Londrina (UEL), explica que a biomassa resulta de dois segmentos: o vegetal, ligado à agricultura, e o residual, associado à produção de dejetos de animais. Segundo o pesquisador, esse setor tem crescido significativamente, mas ainda faltam incentivos para fomentar a utilização da biomassa no meio rural. Porém, Ralisch destaca que com embasamento de pesquisas que provam a viabilidade econômica do reaproveitamento de resíduos, o apoio de grandes empresas e instituições já começam a aparecer, trazendo uma oportunidade para essas novas fontes de energia.
Evolução constante - O pesquisador Ruy Yamaoka, do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), afirma que a utilização da biomassa para a produção de energia não é uma ideia nova. O setor, segundo ele, encontra-se em constante evolução. ''A produção de biogás por meio de dejetos de suínos, por exemplo, tem se mostrado viável e sustentável''. Ele sublinha que o biogás produzido, evita o despejo de dejetos no meio ambiente, gera economia de energia e pode ser também fonte renda extra para o produtor, caso ele chegue a comercializar a energia excedente.
Matérias-primas - Yamaoka destaca que com o sucesso desse setor, novas pesquisas com outros tipos de matérias-primas estão sendo demandadas para que se aumente a cogeração. ''Já estamos estudando a viabilidade do uso de gramíneas para a produção de combustível'', apresenta o pesquisador. Dentro do programa de viabilidade do uso de fontes para a produção de biomassa, o Iapar já atestou a eficiência de alguns combustíveis disponíveis no mercado: biogás, biodiesel, cana-de-açúcar e florestas energéticas.
Integração - O especialista do Iapar reforça que o sistema crescente no Paraná de integração lavoura-pecuária-floresta pode acelerar ainda mais o processo de reaproveitamento de resíduos. ''Em todos os segmentos que compõem o agronegócio, não podemos desperdiçar qualquer tipo de resíduo'', observa. Ele completa que o setor sucroalcooleiro é um dos que mais utilizam a biomassa como fonte de energia. Segundo dados da Associação dos Produtores de Bioenergia do Estado do Paraná (Alcopar), se todas as usinas de cana-de-açúcar do Brasil produzissem energia elétrica por meio da biomassa, o potencial de produção seria três vezes superior se comparado com a usina de Itaipu. Só neste ano, a entidade estima que as usinas paranaenses produzirão em torno de 13 milhões de toneladas de bagaço.
Produto - De acordo com Ralisch, professor da UEL, todos os setores do agronegócio deve encarar a biomassa como um produto, como a soja e o milho. Ele esclarece que muitos agricultores, por exemplo, não planejam o sistema de plantio direto, uma das fontes primárias de produção de biomassa. Ele explica que os resíduos oriundos da palhada da cultura anterior, além de trazer benefícios para o solo, pode ser utilizada como combustível.
Energia - Hoje, de acordo com Ralisch, o Paraná sai na frente no que diz respeito à comercialização de energias providas de biomassa. Segundo ele, o Estado é um dos únicos autorizado a vender os excedentes produzidos pelas usinas para as companhias energéticas, no caso do Paraná a Copel. Ralisch afirma que antes de 2004 era proibido vender excedentes para as redes de distribuição. ''Esse era um dos principais gargalos do setor'', revela. No Paraná, já há grupos de produtores de suínos que, em parceria com a Itaipu Binacional, desenvolveram um sistema de geração de energia e já vendem os excedentes para a Copel. (Folha Rural / Folha de Londrina)