Barreiras ao crescimento do agronegócio

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Apesar de ter mostrado um crescimento bem acima da média da economia brasileira, contribuindo para reverter o déficit da balança comercial, o agronegócio tem ainda um grande potencial represado por vários obstáculos, segundo mostra a edição especial “Agro Exame”, produzida com base em pesquisa realizada com 178 líderes do setor. Sob a manchete de capa “O futuro do agronegócio”, a revisa faz uma análise do setor, apontando o crescimento da produção e da produtividade, as vantagens brasileiras nesse setor e os principais obstáculos ao seu crescimento contínuo. No entanto, a falta de investimentos na infra-estrutura, a redução das verbas para pesquisa, as invasões de propriedades produtivas e as restrições ambientais continuam travando o crescimento do agronegócio.

O que dizem os líderes – Para conhecer melhor o setor, a revista Agro Exame entrevistou 148 líderes brasileiros e transcreveu um resumo das afirmações de noves deles, começando pelo ministro Roberto Rodrigues, da Agricultura. “O Brasil tem tudo para crescer. Tem a melhor tecnologia de agricultura tropical do mundo. Precisamos nos preocupar com as questões sanitárias”, afirma Rodrigues.Por sua vez, o presidente da Sociedade Rural Brasileira, João de Almeida Sampaio, afirma que “o agronegócio tem capacidade para crescer ainda mais. É preciso respeitar o direito de propriedade e cuidar para que os gargalos da infra-estrutura não atrapalhem”. Os problemas de infra-estrutura, da legislação trabalhista, restrições ao crédito rural e relacionadas com a biotecnologia e meio ambiente são citados como obstáculos.

Os obstáculos – Com base nos depoimentos dos entrevistados, os editores da revista montaram um quadro com os seis principais obstáculos ao crescimento do agronegócio: 1o – Falta de investimentos em infra-estrutura; 2o – Atraso na regulamentação da biotecnologia; 3o – Redução nas verbas de pesquisa da Embrapa; 4o – Invasão dos sem-terra; 5o – Restrições no crédito; 6o – Restrições ambientais para ocupação de novas áreas agrícolas.

Onde lideramos – Embora a participação brasileira no comércio mundial tenha ficado estagnada numa média de 1% nos últimos 15 anos, no setor agropecuário houve um salto positivo, com o acúmulo de um superávit de 130 milhões de dólares, enquanto os demais produtos a apresentaram um déficit de 55 bilhões de dólares. O Brasil lidera, hoje, as vendas externas de 6 dos 12 principais produtos: açúcar, café, carne bovina, soja em grão, suco e laranja e tabaco. E está em segundo lugar nas exportações de farelo de soja, frango e óleo de soja; e em quarto lugar no algodão, carne suína e milho.

Dinamizando a economia – Engana-se quem pensa que a maior parte dos 39,6 bilhões de dólares gerados pela agricultura brasileira fica na mão dos produtores. Na verdade, apenas 20 % desse valor ficam com os produtores. Quase 32 bilhões de dólares ficam no meio do caminho, entre as indústrias que produzem os insumos, o sistema financeiro, os prestadores de serviços, indústrias de transformação e o comércio. É assim que se dinamiza toda a economia brasileira, gerando empregos nas cidades e no campo.

A luta contra o protecionismo e competência – Nos últimos meses o Brasil têm obtido importantes vitórias contra o protecionismo do primeiro mundo à produção e exportação. Embora não seja tão competentes quanto seus concorrentes do primeiro mundo na produção, produtividade e sanidade animal e vegetal, o Brasil vem dando passos importantes para superar suas deficiências internas, travando uma guerra contra os subsídios que somam cerca de 300 bilhões de dólares. A tabela seguinte mostra as sobretaxas que os produtores brasileiros pagam para ganhar novos mercados.

Tabela 1

Sobretaxas impostas pelos EUA,União Européia e Japão na liberação de importação

Produto

UE

EUA

Japão

Açúcar bruto

160,8 (1)

167,8 (1)

154,3

Álcool

46,7

47,5

83,3

Leite em pó

68,4

49,1

196,7 (1)

Frango em cortes

94,5

16,9 (1)

11,9

Carne suína

50,6 (2)

0,0

309,5 (2)

Carne bovina

176,7 (1)

26,4 (1)

50,0

Milho

84,9 (1)

2,3

95,4

Tabaco

24,9

350,0

0,0

Suco de laranja

15,2

44,5

21,4

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