BANCOS TÊM POUCO INTERESSE POR PROGRAMAS COM RECUROS DO BNDES
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O jornal Valor Econômico desta quarta-feira levantou um problema até hoje não resolvido: a baixa liberação, pelos agentes oficiais, de financiamentos de programas como Prosolo e Proleite, Propasto, cuja origem dos recursos é o BNDES. Sob o título Baixa procura por programas de crédito, reportagem do jornal afirma que no Prosolo apenas 21% dos recursos foram aplicados nos dois últimos anos. O Proleite, que incentiva a compra de equipamentos para melhoria da qualidade do produto, deve fechar com demanda 45% maior em 2001/02, mas mesmo assim os recursos liberados não deverão ultrapassar 20% do montante disponibilizado. O problema é reconhecido pelo coordenador geral de análise econômica do Ministério da Agricultura, Wilson Araújo, que aponta o baixo interesse dos bancos em liberar os financiamentos aos produtores. A exceção vem sendo o Moderfrota (compras de máquinas) que conta com o apoio dos bancos das montadoras.
Apenas 56% dos recursos utilizados ? Tabela montada pela Organização das Cooperativas Brasileiras com base em informações do Ministério da Agricultura, mostra que na safra 2001/2002 apenas 56,51% do montante dos recursos foi utilizado. Apenas os recursos do Moderfrota foram utilizados quase em sua totalidade (99,2%). OS principais programas tiveram o seguinte percentual utilizado: Prosolo: 15,67%; Propasto: 38,99%; Moderfrota: 99,22%; Aqüicultura: 5,01%; Ovinocultura: 8,723%; Fruticultura: 27,2 %; apicultura: 3,9%; Proleite: 15,0%; Vitivinicultura: 29.16%; Várzeas: 1,14%; Finame: 19,28%; Armazéns: 32.68%: floricultura: 4.36%.
Remuneração menor é o problema ? A justificativa para a falta de utilização de todos os recursos disponíveis é a menor remuneração dos agentes financeiros para o repasse dos recursos: 2%, enquanto que o BNDES, que é a fonte dos recursos, fica com 3%. Esse problema foi levado, recentemente, ao ministro da Agricultura Pratini de Morais, pela Ocepar, que sugeriu o repasse dos recursos aos produtores através das cooperativas agropecuárias e de crédito, cujo interesse principal é propiciar aos seus cooperados condições para que produzam. Esse assunto foi novamente apresentado ao Ministério da Agricultura, nesta semana, pelo gerente Técnico e Econômico da Ocepar, Nelson Costa.
Pesquisa da CNA confirmou - O problema da falta de interesse dos agentes financeiros liberarem financiamentos para programas de menor custo não é novo e foi mostrado por pesquisa encomendada pela CNA no ano passado, junto ao instituto Vox Populi. A pesquisa mostrou que apenas 45% dos produtores vinham sendo contemplados. E em 40% dos pedidos negados, o argumento do agente financeiro era a ausência de recursos, o que não é verdade. Wilson Araújo, do Ministério da Agricultura, afirmou ao jornal Valor que para os bancos o gargalo era a baixa remuneração das operações, em torno de 3%. Em 2001 a remuneração cresceu para cerca de 5% na maior parte das operações. Mas a situação não mudou muito.
Sem justificativa ? Nem a justificativa dada por fonte ligada aos bancos, citada pela matéria, da burocracia do BNDES, é aceita, pois o processo pode ser feito através da Internet e as aprovações saem em 24 horas. Ao BNDES cabe apenas homologar os créditos aprovados pelos bancos. Enquanto o Prosolo liberou apenas 21% do montante de R$ 300 milhões disponíveis em 2001, o Moderfrota utilizou integralmente a verba de R$ 1 bilhão. Para este ano os diversos programas que têm o BNDES como fonte de recursos receberão R$ 2,6 bilhões, contra R$ 1,8 bilhão no ano passado.(Fonte: Valor Econômico e Ocepar).