BALANÇO 2021: Um ano de superação e conquistas para o cooperativismo do PR, com crescimento em empregos, exportações e investimentos

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 balanco 2021 30 12 2021Em mais um ano de pandemia da Covid-19, o cooperativismo mostrou porque está posicionado entre os setores mais estratégicos do Paraná. Mesmo diante das turbulências econômicas e políticas internas, que se somaram às questões de ordem internacional de logística, custos de insumos e restrição comercial de alguns países, 2021 encerra com indicadores positivos para o setor, sinal de resiliência e superação frente às incertezas e de confiança naquilo que o cooperativismo faz de melhor: organizar atividades econômicas e focar nas pessoas. A prática dos fundamentos do modelo cooperativista, aliada à boa governança e investimentos em capital humano, modernização, pesquisa e aplicação de novas tecnologias, impulsionaram a atuação do setor, fazendo com que mais pessoas aderissem ao movimento. Em 2021, cerca de 220 mil pessoas se associaram a uma das 216 cooperativas registradas no Sistema Ocepar. Com isso, o quadro social avançou 9% em relação a 2020, passando de 2,5 milhões para 2,7 milhões de cooperados.

 

Representatividade - O ramo crédito foi o que registrou o maior aumento no quesito “cooperados”. Formado por 54 cooperativas, entre os empreendimentos cooperativos independentes, como a Credicoamo, Credicoopavel, Credialiança e Lar Credi, cuja atuação é focada em atender as demandas por crédito dos produtores rurais, e as singulares ligadas aos sistemas Sicredi, Sicoob Unicoob, Uniprime, Cresol e Ailos, o ramo crédito fechou o período com mais de 2,4 milhões de cooperados. É um universo de pessoas com acesso aos serviços financeiros, em que os associados são também donos do empreendimento e contam com diversos benefícios, entre os quais taxas mais atrativas e distribuição de sobras.

 

Uma população que coopera - “Nossa responsabilidade cresce a cada ano, à medida que mais pessoas aderem ao cooperativismo, por confiarem na proposta desse modelo de negócio e perceberem que as cooperativas se tornaram uma das melhores maneiras de apoio às suas atividades, com melhoria da renda”, comenta o presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken. A estimativa é de que quase metade da população do Estado tenha alguma ligação com o cooperativismo. Considerando somente os associados e empregados das cooperativas, mais seus familiares, são quase 5 milhões de pessoas.  

Investimentos - Outro dado importante e que sinaliza o bom desempenho no ano foi a disposição das cooperativas em investir. Confiantes em suas estratégias de negócios, os aportes investidos chegaram a R$ 4,45 bilhões nesse ano, incremento de 32,8% em relação ao ano anterior. Boa parte desse volume abrangeu obras de melhorias de infraestrutura, aumento da capacidade de armazenagem, ampliação e construção de novas fábricas no Paraná e nos demais estados onde atuam, como Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Goiás e Tocantins.

Empregos - O apetite em investir refletiu, obviamente, na geração de empregos. Com forte atuação regional, as sociedades cooperativas são as maiores empregadoras em cerca de 130 cidades paranaenses. Este status se fortaleceu em 2021. No ano, foram criadas 7.530 novas vagas, sendo necessário, inclusive, buscar trabalhadores fora da área de atuação das cooperativas, em outros municípios e até estados, para suprir a demanda por mão de obra. O setor encerrou 2021 com 127,7 mil empregos diretos, um aumento de 7,5% se comparado aos números do ano passado.

 

Resultados - Em relação à movimentação econômica, o ramo agropecuário é o mais representativo, respondendo por cerca de 90% do faturamento conjunto das cooperativas registradas no Sistema Ocepar, que em 2021 totalizou R$ 152,5 bilhões, 31,8% a mais que no ano anterior. As sobras também tiveram um crescimento expressivo, chegando a R$ 7,6 bilhões, 27,1% a mais que em 2020. Além de emprego e renda, a atuação das cooperativas impacta no desenvolvimento dos municípios onde elas estão presentes. “Todos os resultados financeiros de uma cooperativa retornam, de uma maneira ou de outra, para a localidade em que atua”, explica Ricken. Estratégias focadas na industrialização, transformando matéria-prima em produtos prontos para o consumo, e as exportações em alta, que chegaram a US$ 6,48 bilhões em 2021, ou seja, 23,5% a mais que no ano passado, estão entre os fatores que impulsionaram os resultados do cooperativismo neste ano.

 

Industrialização - O Paraná possui 58 cooperativas agropecuárias. Uma rede organizada, composta por mais 190 mil produtores associados e que respondem por cerca de 60% da safra de grãos do estado. O superintendente da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Robson Mafioletti, conta que as cooperativas participam em todo o processo de produção, desde a assistência técnica aos produtores, ao armazenamento, industrialização e comercialização. “Atualmente, mais de 50% do volume recebido pelas cooperativas passa por algum processo de transformação e agregação de valor nas mais de 120 unidades agroindustriais de cooperativas no Estado”, destaca Mafioletti.

 

Portfólio variado - O investimento em pesquisa, desenvolvimento e inovação é constante para que os consumidores tenham à mesa os melhores alimentos. O portfólio grande e variado de produtos conquista consumidores dentro e fora do Brasil. Modernas, sem perder sua essência cooperativista, as cooperativas paranaenses exportam para mais de 150 países, sendo que a expectativa é ganhar novos mercados com reconhecimento da Organização Mundial da Saúde Animal (OIE), em 27 de maio de 2021, do Paraná como área livre de febre aftosa sem vacinação e área livre de peste suína clássica.

Formação - Para pavimentar as bases de seu crescimento, o cooperativismo investe em formação profissional e no desenvolvimento de programas alinhados às demandas postas por estes novos tempos. Em 2021, somente com recursos do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop/PR), foram realizados 8.500 eventos de capacitação profissionale promoção social, totalizando 190 mil participações e cerca de R$ 60 milhões de investimentos em ações de treinamento de empregados e cooperados. Segundo o superintendente do Sescoop/PR, Leonardo Boesche, o apoio à gestão foi mantido por meio de ações como o Programa de Autogestão do Sistema Cooperativo, iniciado nos anos 90 e hoje realizado com o apoio da entidade. “O Autogestão protege e auxilia as cooperativas em suas tomadas de decisões”, afirma. Destaque também para o Programa de Inovação do Cooperativismo, ação que já formou mais de 500 agentes de inovação nas cooperativas do Estado e resultou em cerca de 200 oportunidades de inovação e de melhoria, e o Programa de Compliance que garante maior transparência e credibilidade ao sistema cooperativista. “Investir nas pessoas e nas suas atividades econômicas, no meio ambiente e nas comunidades onde atuam, buscando sempre levar produtos e serviços de qualidade para a população do Brasil e demais países para onde exportam seus produtos, tem sido uma constante do cooperativismo. E os investimentos nas pessoas não se resume às cooperativas agropecuárias. É a tônica também das cooperativas de saúde, crédito, transportes, infraestrutura, trabalho, serviços e consumo. Onde tem uma cooperativa, com certeza há dedicação para que as pessoas sejam bem atendidas”, frisa Boesche.

50 anos da Ocepar - No dia 2 de abril de 2021, a Ocepar completou 50 anos de fundação e, para marcar a data, lançou o Plano Paraná Cooperativo 200, o PRC200. O superintendente da Federação das Cooperativas do Paraná (Fecoopar), Nelson Costa, afirma que o PRC200 tem como finalidade desenhar o plano estratégico do cooperativismo paranaenese para os próximos 10 anos. “Este novo planejamento estratégico é composto por 20 projetos estruturantes e estratégicos para o crescimento sustentável das cooperativas, com uma visão de longo prazo”, frisa.

Avaliação - “Não podemos dizer que foi um ano fácil. Mas, se compararmos com 2020, constatamos que houve avanço até mesmo em relação às reformas e modernização das legislações, dando maior segurança ao desenvolvimento das atividades econômicas e garantindo condições melhores para a população, especialmente as classes menos favorecidas”, comenta o presidente do Sistema Ocepar. Mesmo que a pauta aprovada no ano não tenha sido a esperada, o fato é que reformas importantes caminharam. Destaque, por exemplo, para a Lei Complementar 179, de 24 de fevereiro de 2021, que deu independência ao Banco Central do Brasil, leilões de concessões de aeroportos, ferrovias e rodovias, além dos novos marcos regulatórios do transporte de cabotagem, do saneamento básico, do setor ferroviário, da proteção de dados (LGPD) e a própria PEC dos Precatórios, cuja redação amplia a proteção à população em situação de vulnerabilidade social, estabelecendo o direito a uma renda básica familiar de caráter permanente. No âmbito do cooperativismo, há uma série de oportunidades que se abrem com a modernização de todo esse arcabouço legislativo que, somado a outros projetos de lei que estão em vias de aprovação, como é o caso do PLP 27, que dispõe sobre o Sistema Nacional de Crédito Cooperativo e altera a Lei Complementar nº 130, irão possibilitar a expansão das atividades das cooperativas.

O que esperar de 2022 - Para 2022, José Roberto Ricken afirma que o setor segue determinado na defesa de temas que garantirão o crescimento sustentável do cooperativismo. “Potencial para crescer existe, nossas cooperativas, em seus diversos ramos, estão se modernizando e inovando para ampliarem sua atuação nesse mundo globalizado e que se transforma a cada dia, ficando mais desafiador, porém, com oportunidades. E queremos aproveitá-las, para gerar mais renda, empregos e qualidade de vida às pessoas. O momento é esse”, disse. Há grande expectativa, completa o dirigente, em relação à situação futura do País, com a superação da Covid-19 e suas lições. “Devemos focar nossas ações para o crescimento sustentável, buscar novas formas de alianças entre cooperativas e com os vários ramos do cooperativismo, avançar na certificação das cooperativas, buscar a excelência em modelos de governança e gestão. Também, profissionalizar cada vez mais as pessoas, identificar oportunidades de mercado e inovar sempre, levando novas oportunidades de geração de bens e serviços”, afirma.

Expectativas - Sobre a conquista de novos mercados, Ricken afirma que há por parte das cooperativas uma expectativa positiva em relação ao ganho de competitividade, principalmente por conta da sanidade agropecuária do Paraná, que obteve o reconhecimento internacional de área livre de aftosa sem vacinação e da peste suína clássica. “Essa foi a nossa grande conquista do ano, fruto de um trabalho conjunto entre o setor produtivo e o poder público estadual. Por fim, destaco a expectativa por melhorias da infraestrutura de transporte, em especial como o novo modelo de concessões de rodovias e, também, que sejam implementadas reformas consistentes que equacionem as deficiências estruturais existentes, principalmente em relação à demanda por investimentos, tais como: rodovias, ferrovias, energia, dentre outras, origem dos custos elevados de logística que têm penalizado a nossa competitividade”, conclui.

 

 

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