Artigo: A economia brasileira e o agronegócio

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João Paulo Koslovski (*)

O desempenho do agronegócio na pauta das exportações brasileiras, divulgado esta semana pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), apresenta um crescimento de 23,3% em relação ao ano de 2002, atingindo US$ 30,639 bilhões. Porém, muito mais do que uma evolução setorial, os números mostram que o segmento foi o grande responsável pelo superávit de US$ 25,848 que o País alcançou em 2003. Isso significa dizer, que sem o desempenho do agronegócio o Brasil registraria um déficit de US$ 1 bilhão. Esse cenário, portanto, deixa mais uma vez muito claro e determinante que investir no agronegócio é ter retorno imediato e garantido.

A análise dos resultados nos revela, ainda, que o ganho em termos de competitividade no exterior está expresso pela determinação do setor produtivo primário em investir na adoção de tecnologia junto aos produtores. Nesse sentido, vale lembrar que o Brasil foi um dos países que mais cresceu em produtividades nos últimos anos, além de aprimorar e intensificar um processo de profissionalização sistemática, que vem sendo realizado no campo por diversas entidades como da extensão rural oficial e privada, cooperativas, sindicatos, etc. A ação mais agressiva do setor empresarial do agronegócio, a posição pró-ativa do governo federal nas políticas voltadas às exportações e os bons preços de alguns produtos no mercado internacional também devem ser citados como fatores que contribuíram, sobremaneira, para que o desempenho do setor no Brasil apresentasse números tão positivos em 2003.

A importância do agronegócio brasileiro para a estabilidade econômica do País é incontestável. Mas para que o setor continue evoluindo, é preciso que os mecanismos de apoio, como forma ampliar a participação crescente da atividade no processo de desenvolvimento econômico do País, sejam reforçados, ampliados e sobretudo modernizados. São medidas necessárias para garantir o crescimento sistemático e seguro, com a conseqüente geração de emprego e melhoria das condições de renda da população.

Não podemos, em hipótese alguma, regredir nos avanços já conquistados. Para que isso não aconteça, é preciso ampliar a aplicação de recursos financeiros federais e estaduais para atender adequadamente as necessidades demandadas pelos programas de sanidade e qualidade agropecuária, além de garantir os recursos de crédito rural para implementação das lavouras, comercialização da safra e câmbio, seguro rural efetivo e principalmente uma política de investimentos voltados à montagem de infra-estrutura e agroindústrias que contemplem as peculiaridades das diferentes regiões do País.

Assim, por tudo o que vem acontecendo e principalmente por toda a riqueza que a agricultura e a pecuária ainda podem gerar, é que os governos federal e estadual não podem, em hipótese alguma, se descuidar do agronegócio. Caso contrário, os reflexos poderão ser amargos para todos os brasileiros. Estimular, apoiar e estabelecer políticas que promovam o crescimento do agronegócio no País nada mais é do que uma questão de bom senso.

(*) Presidente da Ocepar

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