ALIMENTOS I: País tem potencial para resolver crise

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O Brasil é hoje o único país que tem potencial para resolver no curto prazo a crise mundial de alimentos. O País pode incorporar aos 47 milhões de hectares usados para produzir comida 50 milhões de hectares de pastagens subaproveitadas e com aptidão para agricultura de grãos. Com isso, é possível dobrar a área com grãos e ampliar em duas vezes e meia o volume da safra de alimentos, atingindo 350 milhões de grãos, sem derrubar uma única árvore, segundo projeções do ex-ministro da Agricultura e presidente do Conselho do Agronegócio da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (Fiesp), Roberto Rodrigues.

Cana-de-açúcar - Além dos grãos, o ex-ministro observa que o País pode multiplicar por sete a área plantada com cana-de-açúcar para produção de etanol sem afetar a produção de comida, que hoje é o alvo dos ataques dos países ricos. Nas suas contas, há 22 milhões de hectares ocupados com pastagens degradadas que são boas para cana-de-açúcar e podem ser aproveitadas. Hoje a cana-de-açúcar destinada ao etanol ocupa 3,6 milhões de hectares. O superintendente técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Ricardo Cotta, faz um alerta semelhante ao do ex-ministro. ‘‘O único país que tem condições de encarar a crise de alimentos como uma grande oportunidade é o Brasil.''

Estímulo e gargalos - Para Cotta, o empurrão, que é o estímulo por meio de aumento de preços, já está dado, diante da significativa elevação das cotações dos grãos em geral nos últimos meses. Mas ele enumera uma série de obstáculos ao avanço da produção de grãos nas terras hoje subaproveitadas com pastagens. O primeiro gargalo é falta de infra-estrutura. ‘‘Hoje é impossível aumentar em 10 milhões de toneladas a produção sem enfrentar problemas nos portos, rodovias e ferrovias, quanto mais quase que triplicar a safra'', diz Cotta. O governo tem de atrair o capital privado para obras de infra-estrutura com regras claras.

Financiamento - O segundo ponto que segura o avanço da safra de grãos é a falta de financiamento ao produtor. ‘‘Hoje apenas 20% dos recursos são provenientes de bancos públicos com taxas de 6,75% ao ano. O restante dos financiamentos (80%) é levantado a taxas de mercado, com juros elevados ou junto às tradings.'' Cotta observa também que a expansão de áreas e o aumento da produção encontra barreiras significativas, especialmente nos custos de fertilizantes e de defensivos agrícolas. (Agência Estado)

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