ALGODÃO - VIAGEM AO MATO GROSSO E GOIÁS

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ALGODÃO: TÉCNICOS REALIZAM VIAGEM TÉCNICA AO MATO GROSSO E GOIÁS

Durante uma semana, entre os dias 1º e 7 de maio, um grupo de 23 técnicos de cooperativas paranaenses que atuam no setor de algodão, acompanhados pelo engenheiro agrônomo Flávio Turra da gerência técnica e econômica da Ocepar e pelo auxiliar de treinamento do Sescoop-Paraná, Rodolfo Bonetti, percorreram aproximadamente 5 mil quilômetros entre os estados do Mato Grosso e Goiás, quando puderam conhecer de perto todo o processo produtivo da cadeia do algodão nos dois estados, além de participar de um dia de campo promovido pela Coodetec e Unicotton, no município de Primavera do Leste. A viagem foi promovida pela Ocepar em parceria com a Coodetec e com apoio do Sescoop-Paraná. Veja a seguir um resumo do relato apresentado por Flavio Turra.

Maiores produtores - Mato Grosso e Goiás são os dois maiores produtores de algodão do Brasil com uma produção equivalente a 64% da produção brasileira de pluma. O crescimento do cultivo de algodão nestes estados é recente e baseado em grandes áreas, no uso intensivo de tecnologia e na mecanização das lavouras. Para conhecer as tecnologias adotadas pelos produtores destes estados, a gestão das propriedades produtoras e a relação entre os diferentes elos da cadeia produtiva do algodão os técnicos das cooperativas produtoras de algodão do Paraná decidiram realizar o presente intercâmbio tecnológico.

Mato Grosso - O salto na produção de algodão no Mato Grosso se deve, em boa parte, a uma renúncia fiscal consentida pelo governador Dante de Oliveira. O ICMS que incide sobre o produto foi reduzido de 17,5% para 5%, com a condição de os empresários destinarem 15% das economias que fizerem à Fundação Mato Grosso, de pesquisas agrícolas. No ano passado a fundação recebeu R$ 6 milhões e repassou ao centro da Embrapa, a título de royalties pelos cultivares usados no estado, R$ 250 mil.

Dia de Campo - Uma das primeiras paradas do grupo de técnicos das cooperativas paranaenses, foi no município de Primavera do Leste, quando participaram de um Dia de Campo promovido pela Coodetec em parceria com a Unicotton. Primavera do Leste é formada, principalmente, por emigrantes do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Fundada há 15 anos, tem uma população de 50 mil habitantes. Sua economia é baseada na agricultura e na pecuária. O algodão, a soja, o sorgo, o milho e a uva são culturas predominantes. Além dos técnicos paranaenses, participaram do Dia de Campo, aproximadamente 340 produtores e profissionais ligados à cotonicultura. A equipe da Coodetec organizou de forma muito profissional o evento, associando a parte técnica com a prática sendo que os visitantes percorreram as oito estações estruturadas para atender as demandas dos técnicos com pesquisadores proferindo palestras e fazendo demonstrações sobre os diferentes assuntos.

Visita a Unicotton - A Unicotton surgiu com a união de 32 produtores associados, com objetivo de estabelecer convênios com instituições públicas e privadas, de cooperação tecnológica, financeira, treinamento de produtores e implantação de sistemas de qualidade. Além disso, a cooperativa tem como objetivos: Vender em comum o algodão produzido e beneficiado pelos associados; Padronizar e classificar tecnicamente o algodão através do processo visual e tecnológico por utilização do sistema HVI, equipamento que determina a qualidade intrínseca do algodão (resistência, diâmetro, etc); Coordenar e facilitar a compra e a logística de insumos, máquinas, equipamentos e demais itens relacionados à produção. Segundo Flávio Turra, os associados da Unicotton produzem 9,12% do algodão produzido no Brasil. Dez das algodeiras, pertencentes aos cooperados possuem a Certificação ISO 9002. Em parceria com a Coodetec e convênio com o Facual - Fundo de Apoio à Cultura do Algodão do Estado do Mato Grosso, a Unicotton mantém uma base de pesquisa com área de 40 hectares.

Pesquisa - O grupo também visitou a unidade da Embrapa, que realiza pesquisas em seus campos experimentais de algodão e promove dias de campo no município de Primavera do Leste. Na unidade estão instalados os materiais que a Embrapa está desenvolvendo para a região. A Embrapa está direcionando o foco de suas pesquisas para as principais regiões produtoras do país, portanto neste contexto o Centro Oeste tem sido priorizado.

Embalagens vazias - O grupo também conheceu o posto de coleta de embalagens vazias que é administrado pela associação dos engenheiros agrônomos de Primavera do Leste. Segundo foi constatado por Flávio, as revendas participam pagando mensalidades que chegam a até R$ 320,00. Esta central funciona desde 1995 devidamente credenciada pela Secretaria de Meio Ambiente do Estado.

Visita a Goiás - No dia 5 de maio, o grupo chegou a Goiás, estado responsável por 12% da produção brasileira de algodão (em torno de 90 mil hectares). Os principais municípios produtores são Acreúna, com 22 mil hectares, Santa Helena com 15 mil hectares e Rio Verde, 5.000 hectares cultivados com algodão.

Fazenda São Frank - Uma das primeiras propriedades visitadas foi a Fazenda São Frank, localizada em Acreúna, onde são cultivados 4 mil hectares da variedade delta opal. O custo de produção médio da Fazenda está em torno de R$ 2.100,00 por hectare. Rendimento médio da pluma é de 38%, porém já chegou alcançar 40%. Possui quatro máquinas para colheita mecânica, no entanto, segundo o administrador a intenção dos proprietários, que são franceses, é terceirizar todo o processo de colheita, pois, fica mais barato. O produtor possui também na fazenda uma moderna algodoeira que executa o beneficiamento de toda a produção de algodão.

Comigo - O grupo visitou o Centro Tecnológico da cooperativa de Rio Verde, Comigo, onde, em uma fazenda, funcionam diversos campos experimentais, nos mesmos moldes do show rural da Coopavel. No local a Coodetec adquiriu 55 hectares onde serão construídas as futuras instalações do centro de pesquisa da Coodetec. A Comigo tem 4.200 associados, recebe cerca de 2 milhões de arrobas de algodão e fatura R$ 385 milhões ano.

Avaliação - Segundo avaliação feita pelo engenheiro agrônomo Flávio Turra, nos dois estados visitados existem pontos positivos e negativos com relação a produção de algodão. São eles: Pontos Positivos: Grandes áreas; Infraestrutura da propriedade; Economia de escala; Incentivos dos estados; Investimentos em pesquisa. Pontos Negativos: Altos custos de produção; Solos deficientes (falta de rotação de culturas, baixa fertilidade do solo); Problemas com doenças, em especial, a ramulose; Ausência de plantio direto; Falta de matéria orgânica no solo; Baixa drenagem do solo.

Vantagens do Paraná - Para o técnico da Ocepar, o Paraná tem vantagens importantes e que podem ser fundamentais no momento de competir com os dois estados. Ele ressalta que o Paraná tem um menor custo de produção, melhor solo, qualidade da colheita manual, a qual, pode ser um fator importante e decisivo (melhor preço, pois a safra paranaense é colhida antes a safra do centro-oeste), proximidade dos centros produtores e margem de lucro do produtor do Paraná que é maior. Ele finaliza dizendo que há necessidade de que os órgãos oficiais apóiem o cultivo de algodão no estado. "Precisamos mais investimentos em pesquisa, implementar programas de incentivo à produção, a exemplo do Proalmat (programa de incentivos fiscais do Mato Grosso) e desenvolver um programa de revitalização da cotonicultura do Paraná com base em envolvimento de toda a cadeia produtiva", salienta Flávio Turra.

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