AGRONEGÓCIO II: Recuperação é improvável

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Para exemplificar o problema em números, em março deste ano, o preço da saca de milho, por exemplo, era R$ 22. Hoje, passou a R$ 17,50. O representante da Associação dos Produtores de Milho do Estado do Paraná (Apromilho), Alexander Mittelstedt, está desanimado, embora acredite que esse valor de R$ 17,50 se mantenha para a venda da safra em 2010. Segundo ele, além do tempo chuvoso (que atrasou as plantações em pelo menos 20 dias e, consequentemente vai diminuir também o estoque), a queda na renda é certa por conta da desvalorização do dólar, principalmente devido à diminuição nas exportações. "Como produtor, nós sofremos muito. Agora, além do clima, que deixou estradas intransitáveis e atrasou a aplicação dos herbicidas, deixando algumas plantações com problema de pragas, temos o dólar baixo. Com o dólar baixo, diminui as exportações e o nosso estoque interno vai acumular, mesmo com o consumo interno aquecido. Não sei o quanto teremos de perdas, mas que ganharemos menos já é certeza, calculo cerca de 30% a menos", lamentou.

Principais fatores - Os especialistas têm a mesma visão pessimista acerca da situação dos agricultores. O economista e diretor do curso de Economia do Centro Universitário FAE, Gilmar Lourenço, diz que não acredita em uma recuperação deste cenário até a época da venda da safra 2009-2010. O economista aponta dois principais fatores que levam ao pessimismo: o primeiro é a previsão da safra americana (que para ele não deve ter quebra). "Não deve haver explosão de demanda", diz ele. Outro fator é o "fantasma" do clima péssimo que vem rondando as lavouras. A mesma visão tem a RC Consultores. Segundo eles, o preço em dólar das commodities em queda são irreversíveis para a safra de 2009-2010. A projeção da RC Consultores é uma queda de preços em dólar para a soja de 6%; para o milho, de 8%; e para o trigo, de 9%. O cenário mais favorável, segundo a RC, fica para o algodão, com alta de 6%, devido à queda na produção e do aumento das compras da China. Lourenço ainda critica as políticas agrícolas brasileiras. "Nossos seguros para a safra são insuficientes, nossa estrutura de escoamento é precária. Aqui no Brasil, a agricultura deveria ser mais protegida, como é no mundo todo, pois o agricultor lida com questões imprevisíveis. No Brasil não há planos de longo prazo para a agricultura e não há incentivos para a produção de outras culturas, como a fruticultura, por exemplo, que dá um lucro bem maior. Mas infelizmente é mais caro cultivar frutas e os agricultores não se animam para isso", lamenta. (Jornal O Estado do Paraná)

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