AGRONEGÓCIO I: A força do PIB dentro da porteira

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O agronegócio brasileiro fechou 2007 com um produto interno bruto (PIB) recorde de R$ 611,8 bilhões. O valor representa um aumento de 7,89% em relação a 2006 e foi puxado principalmente pelo bom desempenho do segmento primário, composto pelas atividades realizadas dentro da porteira das fazendas. Alavancado pela combinação de preços mais altos e produção maior, o PIB do setor produtivo avançou 12,18% no ano passado, após três anos consecutivos de queda. Considerando o crescimento global, o resultado positivo consolida a retomada do crescimento. Em alta desde o início da década, o PIB da agropecuária levou um tombo de 4,65% em 2005 e cresceu apenas 0,45% em 2006.

O ano da recuperação - Na fazenda, o PIB aumenta dentro da porteira pela primeira vez desde 2003. "Foi um ano de recuperação. A alta de 2007 compensa as quedas dos anos anteriores", explica Sílvia Helena de Miranda, pesquisadora do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea-USP). Entre 2004 e 2006, a produção primária puxou para baixo os resultados do agronegócio brasileiro (gráfico na página 3). Os problemas foram vários: climáticos, como estiagem e excesso de chuva; cambiais, com dólar baixo e grandes oscilações entre os períodos de plantio e colheita; ou mercadológicos, com preços que às vezes mal eram suficientes para cobrir os custos de produção.

Milho e soja - "Em 2007, alguns setores cresceram por preço, outros por quantidade", explica Sílvia. Milho e soja, com incremento de produção e de preços, registraram os maiores aumentos. O algodão, que teve a produção ampliada, mas pequena queda de preço, também contribuiu para o crescimento do PIB da lavoura. No caso da cana-de-açúcar, a oferta cresceu mais que a demanda e os preços ficaram deprimidos, mas ainda assim houve pequeno aumento no índice. Já o trigo, que também registrou preços significativamente mais altos, teve desempenho negativo porque o recuo na produção foi grande.

Insumos - O desempenho da porteira para dentro só foi ofuscado pelo segmento de insumos agropecuários. Com a maior taxa de crescimento em 2007, o setor registrou alta de 12,99% com relação ao apurado em 2006. E está justamente na elevação no preço dos insumos um dos principais fatores que impede o repasse imediato dos bons resultados do PIB do campo ao bolso do produtor. "Em 2007, houve equilíbrio entre custos e receita, mas sem sobras", afirma Sílvia.

Safra 2007/08 - O Brasil deve colher uma boa safra na temporada 2007/08 - de 140,8 milhões de toneladas de grãos, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) -, e os preços são elevados. Mas os custos de produção também são altos e consomem uma parcela cada vez maior da receita do agricultor. No estado do Paraná, os fertilizantes, um dos itens de maior peso no custo da "sexta-básica" da agricultura, subiram 55% no último ano (fevereiro a fevereiro), conforme a Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento (Seab).

Agroindústria - O segmento agroindustrial, cujo PIB vem crescendo desde 2003, foi o que apresentou o menor índice de crescimento (4,35%) em 2007, principalmente devido às desvalorizações no preço do açúcar. O setor de distribuição ocupa a terceira colocação no ranking, com aumento de 6,83%. Juntos, esses dois setores respondem por mais de 60% do Produto Interno Bruto da agropecuária. No desempenho global do PIB do agronegócio, a agricultura participa com crescimento de 6,78% e, a pecuária, com 10,72%. Os números fazem parte de um levantamento realizado em conjunto pelo Cepea-USP e pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). (Gazeta do Povo/ Caminhos do Campo)

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