AGRONEGÓCIO: Em 5 anos, interior dobrou poder de consumo
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A retomada do agronegócio fez dobrar o potencial de consumo do interior do Paraná nos últimos cinco anos. Os recordes de preços de commodities agrícolas, como soja, milho e trigo, estão gerando mais riqueza para municípios voltados à produção agropecuária, com reflexos no comércio, na construção civil e na geração de novos investimentos e empregos. Um estudo elaborado pela Target Consultoria a pedido da Gazeta do Povo mostra que o poder de compra do interior do Paraná deve chegar em 2008 a R$ 79 bilhões, o dobro do que foi registrado em 2003 e 17% superior a 2007.
Comparativo - Municípios com economias influenciadas pelo agronegócio tiveram, nos últimos cinco anos, desempenhos bem superiores ao da capital. Entre 2003 e 2008, o potencial de consumo de Curitiba deve avançar 50%, para R$ 28 bilhões (13% acima do que em 2007). Na mesma comparação, Cascavel elevou seu potencial em 88%, Maringá em 67% e Ponta Grossa em 63% entre 2003 e 2008. O movimento também é sentido em municípios pequenos, como Colorado e Paraíso do Oeste, ambos no Norte do estado, que graças principalmente ao agronegócio passaram a ocupar a lista dos seis municípios que mais geram empregos no estado.
Commodities - Para o coordenador de análise conjuntural do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico Social (Ipardes), Julio Suzuki Júnior, a tendência é de manutenção dos preços das commodities em patamares mais elevados, o que deve garantir um cenário favorável para as economias do interior do Paraná. "Trata-se de uma nova estrutura de preços internacionais, o que vai fazer com que a agropecuária continue a favorecer as economias ligadas a esse setor", prevê.
Investimentos - Segundo o coordenador da pesquisa da Target, Marcos Pazzini, o dinheiro "na mão da população" tem um peso considerável na atração de investimentos. Mas, além do agronegócio - que faz o dinheiro circular -, fatores como qualidade de vida, infra-estrutura e logística estão fazendo com que o interior passe ao centro da atenção de investimentos. De acordo com ele, a desconcentração do desenvolvimento econômico começou a ser sentida há uma década no Brasil, mas se acelerou nos últimos dois anos, graças à exportação das commoditties. "Quanto maior o desenvolvimento da região, mais investimento ela vai atrair. Esse é um fator que pesa muito mais do que incentivos fiscais", afirma.
Projeção - A projeção da Target para o potencial de compra leva em conta os dados de gastos das famílias que compõem o Produto Interno Bruto (PIB) medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com informações de outras fontes de pesquisa e cruzadas com o número de domicílios de cada município. A estimativa para 2008 toma como base um crescimento do PIB de 4,8% e o consumo das famílias de 6,8%. Segundo Pazzini, o agronegócio tem um efeito multiplicador nos municípios, ao contrário de outras atividades, como a produção de petróleo. "Muitas vezes, a produção é local, mas o dinheiro não fica na região, não gira a economia. Com o agronegócio, as cidades se desenvolvem", diz.
Retomada - Nunca se ganhou tanto dinheiro nesse setor como agora. Depois de dois anos de perdas, a agropecuária entrou novamente na rota de crescimento no ano passado. Segundo a agrônoma Margorete Demarchi, do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab), os preços nas alturas das commodities têm garantido rentabilidade recorde para os produtores paranaenses, apesar da pressão crescente dos custos de produção, puxados pelos fertilizantes, principalmente.
Valor Bruto da Produção - O milho dá hoje ao agricultor um retorno histórico de 40%, já descontado o custo total de produção. "Nunca se viu uma remuneração como essa", diz. Na soja, na mesma base de comparação, a rentabilidade está batendo a marca de 2004, com 46%. O trigo concede ao agricultor uma remuneração de 21% sobre os custos variáveis, porcentual também acima da média. O valor bruto da produção do Paraná deve, segundo previsão da Seab, bater a marca R$ 35 bilhões em 2008 - quase R$ 10 bilhões a mais do que em 2006. "O atual ciclo de preços altos das commodities deve se manter por pelo menos mais dois anos", prevê o chefe do Deral, Francisco Carlos Simioni. (Gazeta do Povo)