AGROINDÚSTRIA : A TRANSFORMAÇÃO QUE O PARANÁ PRECISA
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Por João Paulo Koslovski (*)
Que o Brasil é, hoje, o País com maior potencial no mundo para ampliar suas fronteiras no agronegócio, isso não resta dúvida. Que possuí condição excepcional de clima e solo, com disponibilidade de área superior a 90 milhões de hectares que ainda podem ser incorporados ao processo produtivo, também é uma premissa verdadeira.
Nesse contexto, o Paraná se apresenta como um dos estados com significativo potencial para, além de produzir grãos, efetuar o processo de industrialização, agregando mais valor à produção primária. Na década de 90, para se ter uma idéia, o Paraná ampliou sua produtividade na área de grãos em mais de 50%. Essa foi uma clara demonstração do esforço realizado tanto pela pesquisa para gerar novas tecnologias como também dos técnicos da extensão rural - oficial e privada - em levar aos agricultores este importante e fundamental insumo de trabalho ao campo.
Hoje, felizmente, não ficamos atrás de nenhum país desenvolvido em relação ao nível de produtividade de nossos principais produtos. Portanto, é chegada hora de concentrarmos esforços para resolver nossos problemas além fronteira, quer sejam de ordem tributária ou de infraestrutura operacional, os quais acabam dificultando nossas relações com o mercado internacional.
Com relação ao processo de agroindustrialização, cuja vocação brasileira está mais do que atestada no desempenho do nosso setor primário, é necessário que se defina uma política clara daquilo que podemos e devemos fazer para aperfeiçoar este setor, que tem sido nos últimos anos o grande sustentáculo, tanto a nível interno quanto no desempenho da balança comercial, que só atingiu superávit graças à performance do setor primário.
A visão estratégica do ministro da Agricultura, Pratini de Morais, contemplando no plano de safra 2002/2003 o Programa de Desenvolvimento Cooperativo para Agregar valor à Produção Primária (Prodecoop), evidencia que as coisas podem mudar e que o cooperativismo contribuirá de forma mais expressiva para acelerar o crescimento da agroindustrialização no Estado e no País.
Se no panorama nacional as cooperativas já respondem por mais de 35% da produção primária e no Paraná este percentual está acima dos 50% do PIB agropecuário, certamente temos condições de dar uma excelente contribuição para a transformação de grãos em produtos industrializados na produção de carnes, leite, proteínas, etc.
Investindo na agroindústria, os reflexos são imediatos, como a geração de novos empregos, agregação de mais valor à produção primária e, sobretudo, na promoção de uma ampla distribuição de renda, só no Paraná são mais de 100 mil agricultores filiados as cooperativas agropecuárias, onde cerca de 80% possui área inferior a 50 hectares.
O Prodecoop, programa lançado pelo ministro Pratini significa um marco de uma nova fase do agronegócio brasileiro, onde o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento passa a ter uma visão estratégica além da produção primária, alicerçando e consolidando uma posição necessária e fundamental no desenvolvimento da economia do agronegócio.
Tenho convicção de que o programa dará certo, porque mais do que propiciar condições técnicas para a viabilização da transformação de matéria prima em produtos acabados, fixará mais pessoas no interior, dinamizando a economia dos municípios e trazendo melhores condições de vida.
A agroindustrialização é o caminho seguro para avançar e consolidar de forma definitiva a liderança brasileira no contexto das grandes nações. Pelo seu potencial, o Brasil deve aproveitar de forma inteligente e eficaz o momento propício em que vivemos, para assegurar o espaço no mercado internacional. Por tudo isto, tenho fé de que este é o passo que o Paraná e o Brasil necessita dar, rumo a um novo tempo. A agroindustrialização é a transformação que todos esperamos.
(*) Engenheiro Agrônomo e presidente do Sistema Ocepar