AGRICULTURA: Soja pirata invade lavouras do Sudoeste

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A região Sudoeste do Paraná, uma das principais produtoras de sementes legais de soja do Estado, enfrenta problemas com o crescimento do cultivo de soja pirata por produtores deslumbrados com a precocidade da semente, chamada ''Maradona'', e com sua possível expectativa de produtividade. Sementeiros, produtores e técnicos de instituições alertam para o perigo que a pirataria pode causar a todo o segmento agrícola.  ''Ao contrário do que pensam alguns produtores, existem sim variedades transgênicas legais adaptadas à região sudoeste e com boa produtividade'', afirma Renato Sabbi, engenheiro agrônomo da sementeira Lavoura SA, colaboradora da Fundação Meridional. Ele destaca a BRS 255 RR, cultivar da Embrapa desenvolvida em parceria com a Fundação, como um exemplo. ''É uma precoce transgênica, plenamente adaptada à região, resistente a várias doenças e que pode com certeza superar a variedade pirata'', destaca.

Garantia - As sementes legais possuem garantia de suas qualidades e desempenho e passaram por anos de testes e desenvolvimento tecnológico. ''A Embrapa, ao lançar uma cultivar, já realizou sete anos de testes e garante os resultados. Sobre a pirata, não se sabe da procedência e nem de como se comportou em anos anteriores'', explica Sabbi. Ralf Udo Dengler, gerente-executivo da Fundação Meridional, acrescenta que não se pode dizer que uma variedade é produtiva tendo por base uma colheita específica em um ano específico. ''Só podemos fazer um comparativo através de resultados obtidos numa extensa rede de testes, como a conduzida pela Embrapa em parceria com a Meridional. Desta forma, garantimos segurança na indicação das novas cultivares'', informa. Essa região de ensaio responde por 95% da produção de sementes de soja do PR, SP e SC.

Estimativa - Segundo projeções com base na redução da venda de sementes legais na região, Sabbi acredita que mais da metade das lavouras de soja do sudoeste paranaense esteja coberta pelas piratas. ''Tem bastante, mas como ninguém fala não se sabe ao certo. Acredito que tenha uma estimativa de 60% de lavouras piratas. A sedução por essa variedade não passaria pelo preço, porque a pirata é vendida mais cara do que a legalizada, tudo por conta da precocidade'', informa. Para Ari Grando, gerente comercial da sementeira Peron Ferrari, também colaboradora da Meridional, o avanço dessas variedades piratas pode ser atribuído à sua chegada antecipada aos produtores. ''Como a pirata chegou antes, está sendo mais plantada'', explica. Ainda segundo ele, a procura por variedades precoces aumentou bastante dos últimos dois anos para cá. ''No ano retrasado, era de 20% nessa região, esse ano chegou a 50% a demanda por precoces''. (Folha de Londrina)

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