AGRICULTURA I: Falta de chuva adia o plantio de verão no PR

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Os produtores até planejaram, mas não conseguiram antecipar o plantio da safra de verão. O cultivo do milho, que começaria há duas semanas, foi atrasado pela seca. A ideia era adiantar serviço para plantar soja a partir do dia 15, quando termina o vazio sanitário. No entanto, se não houver chuva, o trabalho acumulado pode estender a tarefa e expor as lavouras à possibilidade de períodos de seca em dezembro, quando o milho estaria na fase de formação de grãos. "Este é o medo, plantar atrasado por causa da falta de chuva e depois ter queda na produtividade. Em dezembro é o período mais crítico, pois é quando o milho está em período de formação de grão e necessita de uma grande quantidade de água", comenta o agricultor Marcelo Riva, da região de Campo Mourão, Centro-Oeste do Paraná. Ele comprou parte dos insumos e aguarda a primeira chuva aparecer. "Neste período, em anos anteriores, uma parte considerável da lavoura já estava plantada. Assim que chover, vamos começar o plantio", garante. O agricultor lembra que por conta do período de seca, que já ultrapassa 30 dias, tem de chover uma média de 50 milímetros. "Se não chover esta média nos próximos dias, vai atrasar e atrapalhar toda a programação". Riva pretende plantar 24,2 hectares de milho e 169,4 hectares de soja.

Produtor pensa em cancelar plantio - O agricultor Gilmar Cham­berlain lembra que, se não chover até o próximo dia 25 de setembro, ele deverá cancelar o plantio de milho nos 12,1 hectares de sua propriedade. "Depois deste período se torna inviável plantar milho, seria como rasgar dinheiro no campo". Ele garante que se tivesse chovido pelo menos uns 30 milímetros teria condições de iniciar o plantio. "Estaria bem adiantado e não acumularia o trabalho no plantio de soja." Com todos os insumos armazenados no barracão da propriedade, o agricultor Moisés Abrantes espera chuva há pelo menos uma semana. "Antecipei a colheita de trigo para iniciar o plantio de milho, mas o clima não está colaborando. Se plantar muito tarde, o prejuízo vai andar ao lado da colheitadeira", garante. Abrantes vai plantar 48,4 hectares de milho e 121 hectares de soja em sua propriedade em Araruna, próximo a Campo Mourão. "Tenho esperança que o clima mude e que a chuva venha bem distribuída", diz.


Replantio - No Sudoeste do Paraná, primeira região do estado a plantar soja e milho de verão, relatos de técnicos e agricultores revelam que algumas áreas terão de ser replantadas. Apesar da pouca chuva e da previsão ruim, alguns produtores insistiram no plantio e a umidade não foi suficiente para o desenvolvimento das lavouras.

Previsão melhor para setembro - No mesmo período do ano passado, o Paraná havia plantado cerca de 10% da área do milho e se preparava para iniciar o da soja. Neste ano, porém, esse porcentual só deve ser atingido na segunda quinzena de setembro, conforme o Departamento de Economia Rural (Deral) do Paraná. Por outro lado, ainda deve haver chuva para a largada do plantio antes do fim de setembro, prevê o meteorologista Luiz Renato Lazinski, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), ligado ao Ministério da Agricultura. "A seca não chegou antes do tempo. O que esta acontecendo é influência do La Niña", afirma. "Mas as chuvas devem se regularizar a partir de meados de setembro." Ele sugere que os produtores façam o plantio aos poucos. "O ideal em anos como este é fazer um escalonamento do plantio, usar variedades diferentes, com ciclos diferentes, tentando minimizar eventuais prejuízos que o clima pode acarretar."

 

Influência até o verão - O déficit hidrico vem fazendo com que as chuvas sejam rapidamente absorvidas pelo solo, dificultando o plantio. O tempo seco favorece a colheita de trigo, mas prejudica as plantações do cereal mais atrasadas, concentradas na metade sul do estado. Agosto foi um mês seco em praticamente todos os estados produtores de grãos, com exceção do Rio Grande do Sul. O La Niña deve estender sua influência ate o verão, de acordo com os modelos de previsão climática mais acessados. Eles indicam que as águas do Pacífico continuarão com temperaturas superficiais abaixo do normal. Tradicionalmente, isso faz com que períodos concentrados de chuva sejam intercalados por períodos mais longos de estiagem no Sul e no Sudeste do Brasil. Nas demais regiões produtoras de grãos do Centro-Oeste, Norte e Nordeste, as chuvas devem chegar com atraso. (Gazeta do Povo)

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