Ágide diz que limitação ao crédito aumenta crise

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O limite de financiamento imposto aos agricultores pelo governo é responsável pelo agravamento da crise do setor, demonstrou o presidente da Federação da Agricultura do Paraná – Faep, Ágide Meneguette, em seu discurso, ontem (30), na Assembléia Legislativa do Paraná. Ágide explicou que para atender a um maior número possível de tomadores, o Governo impõe uma limitação de crédito por produtor. “Assim, o produtor é obrigado a recorrer a outras fontes de financiamento, além de usar recursos próprios. Os fornecedores de insumos e equipamentos são uma das mais importantes dessas fontes. Cooperativas e comerciantes costumam financiar os produtores e para isso eles também recorrem a bancos e a grandes distribuidores. Pois bem, são justamente os financiamentos dessa fonte que hoje afligem produtores rurais e que, se não houver uma solução, vai repercutir negativamente nas próximas safras”.

Conjugação de fatores – A atual crise do setor foi, segundo o presidente da Faep, “uma conjugação de fatores negativos que deu origem a esse desastre: os produtores compraram insumos para esta safra no ano passado, a um dólar de R$ 3,10 reais e a um custo de produção 20% maior que no ano anterior. Quando colheram a safra, os preços internacionais dos produtos da agropecuária já haviam caído e o dólar estava cotado a R$ 2,50 e ainda em queda. Para culminar, uma outra desgraça, uma das maiores secas já vividas pelo Paraná roubou 20% de nossa colheita. Os custo de produção, que já havia sido maior, aumentou ainda mais por unidade produzida. Este é o quadro hoje do campo: um brutal prejuízo e uma dívida maior ainda. O Banco do Brasil vem fazendo o que pode dentro das determinações do Governo Federal, renegociando dívidas e evitando pressionar os produtores”.

Cadeia produtiva se rompeu – “Com a quebra da produção e a queda dos preços, a cadeia se rompeu, uma vez que os produtores não tem como pagar esses financiamentos, que no total devem superar a R$ 1 bilhão. A questão não é grave apenas porque os produtores vão ficar inadimplentes. É grave também porque as cooperativas e o comércio de insumos, com seu capital de giro comprometido e com débitos junto a bancos e a grandes distribuidores, não poderão funcionar como financiadores de uma substancial parte da próxima ou das próximas safras”, afirma Ágide Meneguette. A renegociação das dívidas dos agricultores acaba reduzindo sua capacidade de endividamento, impedindo-os de tomarem todos os financiamentos necessários para o plantio da safra, quebrando assim a cadeia produtiva.

Medidas definitivas – O presidente da Faep afirmou que a agropecuária é afetada, periodicamente, por fatores externos, como clima adverso, mercado internacional e elevação dos fatores de produção. Para corrigir essas eventualidades são necessários mecanismos de defesa e o mais urgente é o seguro rural, frisou. “Não o seguro que garanta apenas o financiamento, mas o que garanta renda. Para isso, é precisos que os prêmios sejam subsidiados pelo Tesouro, como é em todos os países agrícolas importantes. O volume de recursos para financiamento precisa aumentar, como uma forma do produtor ter condições para fazer com que sua produção cresça e assim o país possa aproveitar a grande oportunidade que se abre para o Brasil no mercado externo”, disse. Meneguette concluiu seu discurso pedindo apoio aos parlamentares às reivindicações dos setor junto ao governo federal.

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