A evolução das sociedades cooperativas e o desenvolvimento econômico e social do Paraná

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João Paulo Koslovski (*)

Recentemente, em um evento sobre cooperativismo, o palestrante solicitou aos participantes - todos cooperativistas de várias regiões do País - que relacionassem os avanços do sistema nos últimos anos. A relação foi enorme. Foram citadas pelo menos 30 situações que configuram o crescimento do setor. Entre os principais indicativos desse progresso, foram mencionadas questões como investimento em profissionalização, nova geração de dirigentes, integração, implementação da autogestão, valorização da imagem, qualidade dos serviços e produtos, percepção para negócios, despertar para o balanço social, visão estratégica e etc.

Porém, para nós que estamos atuando nessa área há mais de 30 anos, isto não foi novidade, porque estamos vivenciando na prática a importante evolução do cooperativismo paranaense. O exemplo mais pragmático dessa realidade está expresso pela excepcional evolução ocorrida nos últimos quatro anos, período em que o número de cooperados superou a casa dos 293 mil, com um crescimento superior a 20% entre 2000/2003. Desde então, o faturamento global das sociedades cooperativas do Paraná passou de R$ 6,49 bilhões para R$ 14 bilhões em 2003, evidenciando um crescimento fantástico. Também no ano passado, as exportações diretas atingiram US$ 800 milhões, consolidando uma posição importante da presença externa das nossas cooperativas.

O ramo do cooperativismo de crédito é um dos grandes exemplos desse crescimento. Hoje já são mais de 50 cooperativas com atuação na área rural e urbana, cumprindo um papel fundamental no aporte de recursos para o desenvolvimento das atividades de seus mais de 140 mil cooperados. No ramo saúde o cenário não é diferente. As cooperativas Unimeds e Uniodontos, com pouco mais de 31.744 cooperados, atendem 900 mil usuários no Paraná, num trabalho singular que muitas vezes não tem o reconhecimento do governo. Cabe, aqui, até uma pergunta: o que seria do Sistema Único de Saúde (SUS) se não tivéssemos a atuação das cooperativas do ramo saúde? Seriam nada mais nada menos que mais 900 mil pessoas para serem atendidas pelo sistema público de saúde.

O modelo exemplar do cooperativismo paranaense também vem sendo obedecido à risca pelos demais ramos, como o educacional, infra-estrutura, transporte, trabalho e outros, que cumprem uma missão importante na defesa dos interesses de milhares de cooperados. O que dizer então do cooperativismo agropecuário, que responde hoje por mais de 52% do PIB agrícola do Estado e tem uma ação marcante e determinante na definição das políticas voltadas à defesa dos seus mais de 100 mil cooperados e 35.200 colaboradores.

Assim, aquelas afirmativas da evolução, do crescimento e da estruturação do cooperativismo não são novidades para nós, porque aqui elas já se tornaram realidade incontestável nos últimos anos. Hoje são cerca de 1,5 milhão de paranaenses entre cooperados, funcionários e familiares que dependem diretamente das ações do cooperativismo. E, nesse sentido, as cooperativas se transformaram em instrumentos imprescindíveis para o desenvolvimento econômico-social do Estado.
Vale destacar, que a receita de tudo isso é simples, pois o cooperativismo é feito de gente, é uma sociedade de pessoas, as quais colocam as suas economias individuais a serviço do coletivo, prevalecendo a vontade da maioria através de decisões democráticas, que são as assembléias. O segredo do cooperativismo está no diferencial que este tipo de sociedade traz, sua filosofia, ideologia e princípios. Cooperado tem direitos e deveres, mas prevalece o aspecto humano acima de qualquer que seja o seu capital na sociedade. Neste sistema a riqueza gerada não fica nas mãos de poucos, pois as sobras contabilizadas podem ser distribuídas, dinamizando toda a economia periférica onde atuam as cooperativas.

No ano passado, para se ter uma idéia, além de todo bom trabalho prestado pelas nossas cooperativas, foram distribuídas sobras de R$ 462 milhões, o que significa uma renda complementar média mensal de R$ 131,36 para 293.579 cooperados. Que tipo de sociedade tem condição de fazer tamanha distribuição de renda, senão o cooperativismo? Então, este é o diferencial, uma sociedade que está a serviço dos cooperados e que participa ativamente das comunidades.

Não é à toa que o sistema vem se organizando, crescendo, promovendo e valorizando as pessoas, objetivo final de todo o trabalho desenvolvido pelas cooperativas. Crescemos e estamos cumprindo com a missão de prestar serviços adequados àqueles que integram as sociedades cooperativas. E é com esta missão que temos contribuído para que as pessoas, além de terem o melhor instrumento de defesa de seus interesses, também possam ser mais felizes, meta que todos nós seres humanos sempre almejamos.

(*) Presidente da Ocepar

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