MISSÃO INTERNACIONAL: Cooperativistas brasileiros visitam kibutz, organização social e econômica israelense

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A visita ao kibutz, uma forma de organização social e econômica israelense, fez parte do roteiro cumprido, nesta terça-feira (08/11), pelos cooperativistas brasileiros do ramo transporte que estão em missão internacional naquele país. “A palavra 'kibutz' vem do hebraico e significa grupo. Trata-se de uma comunidade democrática e voluntária, onde as pessoas vivem e trabalham em conjunto para produzir economicamente. Baseia-se nos princípios da posse de propriedade comunal e da igualdade social”, explica o coordenador de Monitoramento do Sescoop/PR, João Gogola Neto, que integra a missão.

Autossuficiente - Ainda de acordo com ele, o kibutz é uma unidade social e econômica autossuficiente, em que as decisões são tomadas por seus membros e cujos bens e meios de produção são de propriedade coletiva. Hoje 1,7% da população israelense vive em 267 kibutzim. “Os membros trabalham em diferentes áreas da economia. Antes, os kibutzim eram tradicionalmente formados tendo como base a agricultura. Mas eles estão cada vez mais envolvidos na indústria, turismo e serviços. Muitos têm modificado sua abordagem coletiva tradicional e estão em vários estágios de privatização”, acrescenta Gogola.

Yakun - O grupo conheceu inicialmente o Yakum, kibutz localizado na parte central da planície costeira israelense, a cerca de 30 quilômetros ao norte de Tel Aviv e a apenas a 5 quilômetros dos subúrbios ao sul de Netanya. Ele está sob a jurisdição do Conselho Regional de Hof HaSharon. Tem uma população de aproximadamente 800 pessoas e fica anexo a um complexo comercial, posto de gasolina e escritórios de alta tecnologia. Lá, os brasileiros foram recebidos por Anneke Gal, que veio da Holanda como voluntária e se apaixonou pelo kibutz. Atualmente, ela é responsável pelos tours locais.

Mudanças - A agricultura foi a principal ocupação de Yakum até 1964, quando o kibutz adquiriu uma pequena fábrica privada de plástico. Atualmente, a comunidade está investindo em novos negócios, como o Europark, o posto de gasolina e serviço e outros empreendimentos imobiliários. Em 1992, os membros do kibutz iniciaram o processo de privatização, visando fornecer recursos financeiros suficientes para adquirir itens antes obtidos gratuitamente como roupas, móveis, eletrodomésticos e alimentos. “Yakum é agora um coletivo industrial e tenta tirar proveito de seus imóveis locais, em vez da agricultura. A principal fonte de renda são os salários recebidos pelos seus integrantes, que trabalham para empresas fora do kibutz”, afirma Gogola.

Cooperativismo - Em Yakum, os brasileiros também estiveram reunidos com Shlomit Shihor Riehman, chefe da Divisão de Sociedades Sociais do Ministério da Indústria e Economia, Yair Golan, vice-ministro da Economia e Indústria, e Mully Dor, presidente do conselho da AJEEC-NISPED (Centro Árabe-Judaico para Empoderamento, Igualdade e Cooperação – Instituto Negev para Estratégias de Paz e Desenvolvimento Econômico), uma organização árabe-judaica para mudança social, estabelecida no Negev em 2000. A organização é composta por uma equipe de árabes e judeus, que trabalham juntos para criar uma sociedade igualitária e compartilhada, preservando suas identidades e culturas.

Panorama - Na oportunidade, Mully Dor também apresentou um panorama do cooperativismo israelense. De acordo com ele, em Israel, o cooperativismo de produção gera US$ 5,2 bilhões de faturamento ano, abrange 274 kibutizim e 254 moshavim, além de possuir 260.000 membros. Já o cooperativismo de transformação tem 20% dos envolvidos na fabricação industrial, 250 indústrias e US$ 12,5 bilhões de faturamento anual. Na área de serviços, as cooperativas representam 10% dos serviços de turismo, fornecimento de água, habitação e serviços municipais para comunidade.

Desafios - De acordo o presidente da AJEEC, os principais desafios do cooperativismo Israelense são: o renascimento dos valores do movimento cooperativo como alternativa ao modo de vida atual; a necessidade de fortalecer identidades cooperativas compartilhadas e conexões com outras partes da sociedade e, ainda, fomentar mais a cooperativa como a melhor forma de viver, trabalhar, fazer compras, bancar, prosperar, conectar-se e crescer.

Gaash - O segundo kibutz visitado pelos cooperativistas brasileiros foi o Gaash, no centro de Israel. Localizado na planície costeira ao norte de Tel Aviv, está sob a jurisdição do Conselho Regional de Hof HaSharon. Conta com pouco mais de 700 habitantes em uma área de 60 hectares. Gaash ocupa terras que costumavam pertencer à aldeia palestina despovoada de Khirbat al-Zababida. O kibutz foi fundado em 5 de julho de 1951 por um grupo de imigrantes da América do Sul que eram membros do "Grupo A" latino-americano de Hashomer Hatzair. Os fundadores defenderam Negba durante a guerra Árabe-Israelense de 1948 e formaram a comunidade do kibutz em Ahli Kahsem, perto de Bnei Zion, em novembro de 1949. Atualmente possui uma indústria de componentes de iluminação, produção de gramas e explora uma fonte de água termal, que isoladamente rende algo em torno de US$ 20 milhões por ano.

O grupo - Estão participando da viagem técnica a Israel representantes do cooperativismo de transporte de nove estados brasileiros – Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Mato Grosso, Bahia e Distrito Federal – além do Sistema OCB. Os paranaenses que integram a viagem técnica são o presidente e o vice-presidente da Coopercaf, Edson Luiz Zonta e Joel José de Paula, respectivamente, o gerente da Transcooper, Adair José Nunes da Silva, e o coordenador de Monitoramento do Sescoop/PR, João Gogola Neto. Eles chegaram no país na semana passada e cumprem um roteiro de visitas até sexta-feira (11/11).

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