Cooperativismo! Ainda desconhecido?
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*Ney Guimarães
Será mesmo desconhecido? Vai depender do ponto de vista. De um lado, é normal ver membros que estão cientes, envolvidos e apoiam suas cooperativas, pois entendem que elas desempenham um papel fundamental em suas experiências e na sociedade. Por outro lado, existem diversas pessoas, incluindo associados, que não têm conhecimento sobre o assunto, até suspeitando dos propósitos apresentados, ou seja, não há um senso de pertencimento cooperativista.
O cooperativismo se desponta sempre mais por ser uma via econômica e social que valoriza a vida humana e o coletivo, de forma fundamentada. Nesse contexto, a singularidade de cada um é respeitada, lutando contra o individualismo em sua origem por meio da força da cooperação. Por sua natureza, o cooperativismo pode oferecer muito, já que, como uma filosofia de vida, considera a solidariedade como um motor para o desenvolvimento social e econômico, lembrando que para o sistema cooperativista solidariedade não equivale aos apelos caritativos.
Por vezes, pode ser um pouco desafiador entender um pouco mais da distinção entre a doutrina e a filosofia cooperativa. A doutrina está mais ligada aos fundamentos, valores e orientações da cooperativa que foram criadas pela ACI (Aliança Cooperativista Internacional), sendo mais prática, pois estabelece normas e regulamentos que as cooperativas precisam obedecer. Por outro lado, a filosofia cooperativa transcende as regras, abrangendo uma visão de mundo mais ampla, uma vez que afeta a forma como os indivíduos se relacionam em suas comunidades, promovendo uma perspectiva centrada no bem coletivo e na cooperação.
Como uma aliada importante do cooperativismo ao longo de muitas décadas, a ONU (Organização das Nações Unidas) declara pela segunda vez o Ano Internacional do Cooperativismo em 2025, com o tema "Cooperativas Constroem um Mundo Melhor". Essa decisão demonstra a valorização dos impactos sociais, econômicos e ambientais positivos que as cooperativas proporcionam nas comunidades em que operam e das quais não somente fazem parte, mas pertencem a elas, e isso é igualmente verdadeiro para o nosso Brasil. Essa valorização fica ainda mais evidente quando a ONU reconhece e convoca as cooperativas para que contribuam com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela Agenda 2030, que incluem as dimensões econômica, social e ambiental do desenvolvimento sustentável.
Como um educador cooperativista, afirmo que SIM, a ONU está absolutamente correta ao afirmar que as cooperativas contribuem para um mundo melhor. Elas priorizam as pessoas, geram benefícios econômicos e promovem bem-estar (felicidade), prestam contas aos seus membros, se envolvem profundamente em suas comunidades, criam políticas sustentáveis que protegem a vida humana e o planeta, baseadas em princípios democráticos e, além disso, são altamente bem-sucedidas.
Concluo dizendo que o cooperativismo pode ser ainda de certa forma desconhecido por muitos, especialmente quando há uma oposição quanto a uma jornada coletiva e se insiste num caminho onde se impera o individualismo.
Cresceremos na medida em que nos ajudarmos. Motivados pelas convicções cooperativistas sigamos o caminho de tornar nossas empresas cooperativas, a principal na vida da família associada. O cooperativismo é um fenômeno. Viva cooperativismo! Viva!
*Ney Guimarães é palestrante, formado em pedagogia, habilitação orientação vocacional pela Faculdade de Presidente Prudente – SP; Especialização em Juventude Contemporânea pela Unisinos, São Leopoldo RS; Especialização em Cooperativismo com ênfase na Organização do Quadro Social, pela PUCPR e Especialização em Pedagogia da Cooperação e Metodologias Cooperativas pela UNIP SP