CRÉDITOS DE CARBONO I: Preservação que gera lucro

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Apesar de ainda ser um mercado em construção e ainda um pouco distante da realidade do agronegócio brasileiro, o comércio de créditos de carbono pode ser uma alternativa para que agricultores e pecuaristas recebam incentivos para ajudar na manutenção de suas reservas legais ou até mesmo Áreas de Preservação Permanentes (APPs) localizadas em suas propriedades.

 

Proposta bem vista - Receber ajuda para construção ou preservação de uma área verde, por meio do comércio de créditos de carbono, é uma proposta bem vista no campo. Ezequiel Campaner, produtor de grãos da região de Rolândia, revela que não é justo que o agricultor arque sozinho com a conservação de uma mata nativa. ''A responsabilidade de cuidar do meio ambiente não é só nossa, mas de todos. Isso também inclui a população que reside na zona urbana'', desabafa Campaner.

 

Alternativa - Themis Piazzetta Marques, coordenadora da Coordenadoria de Mudanças Climáticas da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sema), aponta que o comércio de carbono pode ser uma das alternativas para ajudar os produtores a arcarem com custos de preservação de suas áreas. Ela aponta que, por meio da implantação de espécies de plantas nativas, é possível capturar carbono da atmosfera. Um exemplo citado por Themis é a araucária. Essa espécie já começa a gerar interesse de grandes empresas no Sul do Estado pelo seu alto poder de retenção de carbono.

 

Bioclima - ''Nosso objetivo é que a comercialização de carbono seja algo comum no Paraná e a araucária pode ser o primeiro passo'', destaca. O governo do Estado, por meio do recém-criado programa Bioclima Paraná, que visa incentivar a produção sustentável e a conservação da biodiversidade, já vem trabalhando junto com indústrias e produtores para que invistam na captura de carbono. As empresas, destaca a coordenadora, já se mostram interessadas na compra de créditos para mitigar suas emissões de gases poluentes. Com esse trabalho, por sua vez, elas fomentam a criação ou manutenção de uma área de proteção ambiental.

 

Empresa credenciada - Segundo a coordenadora da Sema, o Paraná já tem a primeira empresa credenciada em adquirir créditos de carbono. A transportadora Loga Logísttica & Transportes, localizada na região de Curitiba, investiu cerca de R$ 100 mil para fomentar a produção de araucárias em propriedades rurais que ficam nas proximidades da empresa. Ao todo, serão cerca de 15 mil mudas que começarão a ser plantadas já em março do ano que vem, segundo informações do coordenador de qualidade da empresa, Rafael Maia.

 

Compensação - Com esse investimento, a empresa deverá compensar entre 13% e 15% de suas emissões de CO2. Aliado a isso, os produtores, que ainda estão em processo de seleção, cumprirão, sem nenhum custo adicional, a legislação que os obriga a destinar 20% da propriedade para reserva legal. Maia esclarece que o dinheiro irá ser liberado aos produtores quando todas as araucárias estiverem plantadas.

 

Vantagem - Themis completa que esse tipo de projeto fomentará a sustentabilidade em um dos Estados mais agrícolas do País. ''Os dois lados ganham com a comercialização de créditos de carbono: a empresa em marketing e o produtor em recursos financeiros'', sublinha. Contudo, a coordenadora da Sema elucida que para esse mercado crescer é necessário haver interesse de ambas as partes.

 

Código Florestal - Para ela, a união entre empresas e produtores poderá ser de grande proveito, principalmente na adequação dos agricultores ao Código Florestal. Ela espera que o programa Bioclima Paraná diminua o processo burocrático para a venda e compra de créditos de carbono. Iniciativa que, em sua opinião, viabiliza uma agricultura mais sustentável. A escolha por uma plantação de floresta, segundo um levantamento realizado pela Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), é devido à sua alta absorção de CO2. A produção dessas árvores em meio à lavoura, propicia um ambiente mais equilibrado. (Folha Rural / Folha de Londrina)

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