COCAMAR I: Tema inovador, bioanálise do solo abre Dia de Campo

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O Dia de Campo de Inverno Digital da Cocamar foi aberto na tarde de segunda-feira (09/08) com uma apresentação, a cargo da pesquisadora Iêda Mendes, da Embrapa Cerrados de Brasília (DF), da inovadora tecnologia de bioanálise de solo desenvolvida por aquela instituição. Na transmissão ao vivo conduzida a partir das 16h pelo coordenador técnico das Unidades de Difusão de Tecnologias (UDT) da cooperativa, Rodrigo Sakurada, participou também o pesquisador Henrique Debiasi, especialista em solos da Embrapa Soja de Londrina (PR).

O que é - Trata-se de uma tecnologia única em todo o mundo, resultado de mais de 20 anos de pesquisas. A bioanálise do Solo é uma avaliação qualitativa de solo e quantifica os principais grupos de organismos biológicos que são bioindicadores da saúde do solo e estão relacionados ao seu potencial produtivo.

Memória - “A bioanálise reflete tudo que foi feito anteriormente com ou sem sistema de plantio direto, integração lavoura-pecuária e consórcio, por exemplo. É como se tivesse a memória do solo. E as enzimas são os indicadores de toda a biologia do solo, que refletem gerações passadas de organismos que já estiveram presentes ali”, explica a pesquisadora.

Ajuda - Em resumo, a metodologia diagnostica a saúde do solo e ajuda na tomada de decisão para transformar um ambiente adverso em altamente produtivo. Iêda observa, ainda, que a análise biológica mostra porque áreas quimicamente semelhantes podem ser biologicamente diferentes.

Análise - A bioanálise de solo foi desenvolvida para preencher a lacuna causada pela ausência do componente biológico nas análises de rotina de solos. A BioAS, como é conhecida, consiste na análise das enzimas arilsulfatase e β-glicosidase, associadas aos ciclos do enxofre e do carbono, respectivamente.

Bioindicadores - “Por estarem relacionadas direta ou indiretamente ao potencial produtivo e à sustentabilidade do uso do solo, as enzimas funcionam como bioindicadores e ajudam a avaliar a saúde dos solos”, explica Iêda. Em seu estágio atual, a tecnologia está delineada para cultivos anuais de grãos e fibras no bioma Cerrado, mas em breve deve chegar ao Paraná.

Valores de referência - Nas análises químicas, pela comparação dos valores obtidos para uma amostra de solo com os das tabelas de interpretação, atribui-se o nivel de fertilidade. Posteriormente, para cada cultura/tipo de solo, define-se a quantidade de fertilizantes, ou de corretivos, a serem aplicados. De forma análoga, pesquisas desenvolvidas pela Embrapa permitiram formular tabelas de interpretação dos biondicadores, as quais estabelecem valores de referência para avaliar o estado do funcionamento biológico do solo.

Sistemas de manejo - Valores elevados desses bioindicadores indicam sistemas de produção e/ou práticas de manejo do solo adequadas e sustentáveis. Ao contrário, valores baixos servem de alerta ao agricultor para uma reavaliação do sistema de produção e adoção de boas práticas de manejo, por isso a bioanálise pode auxiliar nas tomadas de decisões relacionadas aos sistemas de manejo adotados nas propriedades agrícolas.

Qualidade biológica - Devido à relativa facilidade de correção da acidez e fertilidade de solo, é muito comum que as áreas agrícolas sob uso intensivo possuam qualidade química do solo adequada, mas não necessariamente associada a uma qualidade biológica também adequada.

Complementar - Nesses casos, a bioanálise permite revelar aspectos relacionados ao funcionamento da maquinaria biológica do solo que passam despercebidos nas análises de fertilidade e que podem impactar significativamente o desempenho econômico das lavouras. Constitui-se, portanto, em análise complementar à de fertilidade, ao considerar aspectos da saúde do solo que não podem ser diretamente inferidos a partir das análises de rotina tradicionais.

Relação - Entretanto, ressalta-se que há uma relação intrínseca entre a qualidade química e a qualidade biológica de um solo.

“Adubando” - Práticas como a correção da acidez superficial e subsuperficial, e adubações corretivas e/ou de manutenção, estão intimamente associadas ao desenvolvimento das plantas. Consequentemente, plantas bem nutridas aportam maiores quantidades de resíduos ao solo, “adubando” as comunidades microbianas do solo com carbono e outros nutrientes.

Insumos - Ou seja, é possível ter um solo com baixa qualidade, mas cujas elevadas produtividades estejam relacionadas a entradas de insumos em doses muito acima das recomendadas para solos bem manejados, uma condição que não é sustentável em longo prazo, pois pode resultar em contaminações do ambiente e prejuízos aos agricultores.

Quando coletar - A coleta da amostra é realizada pós-colheita (mesmo período da coleta da análise química) e deve ser da camada de 0 cm a 10 cm. É a camada diagnóstica, que reflete o solo como um todo. “Com o diagnóstico, posso inferir o que está acontecendo na área mais profunda”, afirmou Iêda. “Se o resultado mostrar níveis biológicos baixos e o produtor não adotar tecnologias adequadas, a situação do solo pode piorar”, alertou. “Atualmente, na maioria dos casos, o que falta é aplicar as tecnologias que já existem. Um solo biologicamente ativo armazena mais água, sequestra carbono, é tolerante a doenças, pragas e plantas daninhas”, disse a pesquisadora.

Superorganismo - “Devemos olhar e pensar o solo como um super organismo (macro, meso e microrganismo) e cuidar dele como tal”, enfatiza. A pesquisadora disse que vários laboratórios já foram capacitados para realizarem a bioanálise do solo, e os nomes serão divulgados nesse primeiro semestre. Outros laboratórios também estão na lista para a capacitação.

No Paraná - Em sua participação, o pesquisador Henrique Debiasi comentou que a Embrapa Soja, em parceria com a Cocamar, desenvolveu nas safras 2018/19 e 2019/20, 49 visitas a propriedades com os mais diferentes tipos de solos, nas regiões da Cocamar, no Paraná, oportunidade em que fez um amplo diagnóstico dos mesmos. O objetivo do SuperSolo, o nome do programa, foi apresentar essa realidade aos produtores cooperados e orientá-los sobre práticas visando a contribuir para o aumento da produtividade das lavouras.

Participe - O Dia de Campo de Inverno Digital, que tem a participação de 30 empresas parceiras e uma série de outras atrações, segue até domingo (15/08). Acesse: www.diadecampococamar.com.br. (Imprensa Cocamar)

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