Sistemas integrados têm boa produtividade no noroeste do Paraná
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Embora seja uma região mais desafiadora para o cultivo de soja, o noroeste do Paraná, com seus solos arenosos e as altas temperaturas na maior parte do ano, apresenta potencial para uma agricultura altamente produtiva.
Mas se o cultivo de grãos for mesclado com a produção de carne e madeira, como se vê na integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), o retorno financeiro com a exploração da área se torna bem maior.
A experiência de produtores que há muito tempo se dedicam a programas de integração nas imediações de Umuarama, por exemplo, dá mostras do que é possível fazer em pleno areião e o Rally Cocamar de Produtividade foi conferir na última semana.
Soja
Falando em soja especificamente, o agropecuarista e médico-veterinário Antônio César Pacheco Formighieri, que desde 2000 lida com integração na propriedade de 382 hectares em Maria Helena, garante: ao longo de todos esses anos, a cultura somente não se pagou na safra 2021/22, quando a região e o estado como um todo foram castigados por uma severa estiagem.
O atual ciclo 2024/25 diz tudo: mesmo após 30 dias sem chuvas durante a fase de desenvolvimento e mais 22 dias no período crítico de enchimento de grãos, César avalia que a produtividade média do grão deve fechar em cerca de 55 sacas por hectare (130 na medida em alqueire paulista).
Não há segredo, segundo o produtor, e sim a adoção de práticas e tecnologias adequadas para conduzir a lavoura em um tipo de solo assim, que é mais vulnerável ao processo erosivo. “Por suas características, o arenito requer cuidados especiais, como uma boa cobertura de palha e o acompanhamento de uma assessoria técnica especializada”, afirma.
Braquiária
A palha fica por conta da braquiária, semeada logo após a colheita da soja e que serve de forragem para o gado no inverno. No final do outono, o capim é dessecado para o plantio direto da soja.
Já o F de floresta é opcional: além de assegurar ao proprietário uma renda adicional com a venda de madeira, o plantio intercalar de espécies como o eucalipto proporciona conforto térmico aos animais.
Investir no solo
Com a orientação técnica da Cocamar, César explica que o investimento no solo é fundamental. Em 193 hectares de lavouras, o perfil do solo chega a um metro de profundidade, o que significa que as plantas desenvolvem melhor as suas raízes em busca da umidade que fica armazenada nas camadas inferiores. Para efeito de comparação, em regiões onde se faz apenas a sucessão soja-milho pelo sistema tradicional, o perfil não passa de 20 centímetros, o que potencializa os efeitos de uma estiagem, mesmo de curta duração.
Materiais genéticos mais produtivos, análise periódica de solo com a devida correção e reposição nutricional, entre outras iniciativas, fazem parte das estratégias adotadas pelo produtor, que completa: “no arenito é possível, sim, produzir soja como em qualquer outra região”. Não fosse pelo clima adverso, César calcula que poderia estar colhendo ao menos a mesma média do ano passado, ao redor de 60 sacas por hectare (150/alqueire), semelhante a de regiões de terra roxa.
Referência
Boas médias de produtividade são comuns também na propriedade de Gérson Bortoli, em Perobal. Ele começou a plantar soja no início da década de 2000, no embalo da chegada de produtores à região para arrendar terras, atraídos por um programa criado em 1996 pela prefeitura de Umuarama. Logo, com a orientação da Cocamar, Gérson partiu para a integração e, de lá para cá, não parou mais, sendo, a exemplo de César, considerado uma referência no assunto.
O produtor lembra que quando adquiriu as terras, só havia pastagens muito degradadas. Mas quem o visita atualmente, observa campos bem conduzidos e se for no período de verão, uma soja de encher os olhos. Enquanto em outras regiões do Paraná a lavoura perdeu muito do seu potencial devido à falta de chuvas em momentos cruciais, Gérson deve terminar a colheita com a média em torno de 58 sacas por hectare – o equivalente a 140 por alqueire.
E assim como seu colega de Maria Helena, ele resume: “A soja, aqui, é um excelente negócio, e a única vez que não deu lucro foi na safra 2021/22, por causa da seca brava”.
Transformação
“A integração lavoura-pecuária-floresta promove uma revolução no noroeste”, ressalta o engenheiro agrônomo Fernando Ceccato, da unidade da Cocamar em Iporã.
Para se ter uma ideia do seu poder transformador, basta fazer uma comparação entre as imensas áreas de pastos degradados, ainda muito visíveis no arenito caiuá, e as que sediam sistemas integrados. Nestas, o dinamismo das atividades com soja no verão e pecuária no inverno, contrasta com o modesto desempenho daquelas.
Segundo Fernando, o pecuarista que insiste em se manter no modelo tradicional, com gestão amadora, tende a desaparecer diante da baixa produtividade e do aumento de custos. Já na integração, não apenas há uma sinergia entre lavoura e pecuária, como a propriedade passa a ter equilíbrio financeiro e se torna sustentável. “Tudo melhora: tendo alimento suficiente no inverno, a partir da reestruturação do solo com lavoura e braquiária, a pecuária acelera o seu ciclo e se torna mais produtiva”.
Produtores que no passado eram só pecuaristas, como César Formighieri e Gérson Bortoli, se dizem realizados com a integração. Ao longo dos anos, ambos prosperaram em seus negócios e passaram a ser distinguidos também como agricultores de sucesso, com frotas próprias de maquinários e faturando, inclusive, prêmios de produtividade de soja conferidos pela Cocamar.
Uma boa surpresa
Outro exemplo é Albertino Afonso Branco, dono de 145 hectares em Cafezal do Sul. Ele lembra que em 2005, por insistência de um técnico da Cocamar, resolveu separar uma área de 24 hectares para que fosse iniciada uma experiência com integração. “Eu não acreditava muito, mas me surpreendi com os resultados”, afirma.
Albertino é assistido atualmente pelo agrônomo Fernando Ceccato e sua produtividade de soja na safra recém-colhida foi de 56 sacas por hectare (135/alqueire), acima da média regional. E cita que com a braquiária, ele, que é produtor de leite, deixou de fazer silagem para o gado no inverno e a soja passou a ser uma receita importante. “Sou talvez o único produtor da Cocamar a fazer integração lavoura e pecuária de leite. E não poderia estar mais satisfeito”.
Na Cocamar
O gerente técnico de ILPF da Cocamar, Emerson Nunes, informa que a Cocamar conta com 230 mil hectares de pastagens em propriedades de produtores cooperados, rotacionando o sistema de integração. “São 200 famílias, aproximadamente, lidando com esse modelo produtivo, sendo que a cooperativa promove ao longo do ano uma série de eventos técnicos para divulgar os benefícios da integração e para que essa área se mantenha em crescimento. É o melhor caminho para se produzir com mais segurança, principalmente em solos arenosos”, complementa.
Pioneira em ILPF no país, a Cocamar é uma das fundadoras da Associação Rede ILPF, instituição de fomento a esse sistema no país que conta também com a participação da Embrapa, John Deere, Bradesco, Syngenta, Sementes Soesp, Minerva Foods, Timac Agro e Suzano.
Sobre o Rally
A 10ª edição consecutiva do Rally Cocamar de Produtividade conta com o patrocínio da Ourofino Agrociência, Sicredi Dexis, Seguradora Sombrero, Fertilizantes Viridian, Bonsai Nissan Motors e Texaco. Apoiam a realização: Unicampo, Comitê Estratégico Soja Brasil (Cesb) e Aprosoja/PR. (Assessoria de Imprensa Cocamar)