MAPA: Programa de capacitação sobre bem estar animal

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Depois de quase dez anos da publicação, pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), da Instrução Normativa nº 3, que regulamenta o abate humanitário de animais de produção, o tema bem-estar animal volta a ganhar força com um programa inédito de capacitação de frigoríficos e fiscais agropecuários federais ligados à indústria.

Programa - A iniciativa é do Programa Nacional de Abate Humanitário (Steps), lançado recentemente pela Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA) e pelo Mapa, que pretende reciclar boas práticas de produção nas fases pré-abate e abate e, com isso, elevar a qualidade da carne produzida no País. O programa tem financiamento para cinco anos e a capacitação levará em conta critérios comerciais e legislativos referentes a bem-estar animal, do transporte até o frigorífico, passando pelo desembarque na indústria, manejo e descanso nos currais e insensibilização para o abate.

Capacitação - A meta é capacitar este ano profissionais de 170 frigoríficos de Santa Catarina; depois, o projeto se estenderá para São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. "A participação da indústria é voluntária e a ideia é que o fiscal capacitado seja um multiplicador do treinamento", diz a coordenadora do Steps, Charli Ludtke. O curso é dado por veterinários e zootecnistas e dura dois dias. O material didático inclui DVDs, apostilas e manuais, elaborados sob orientação de consultoria inglesa especializada em bem-estar animal. As filmagens foram feitas nos melhores frigoríficos do País. "O material foi baseado em boas práticas, aceitas no mundo todo."

Minimizar sofrimento - "A proposta é minimizar o sofrimento dos animais e garantir a qualidade do produto final", diz Charli. Ela explica que as situações de stress a que os animais são submetidos durante o manejo causam alterações na carne. "A carne bovina fica escura, firme e seca. As carnes suína e de frango ficam pálidas, moles e soltam muita água." Transporte No Brasil, especialistas do setor concordam que o manejo do transporte da fazenda ou da granja até o frigorífico precisa ser aprimorado.

Treinamento -  "Na União Europeia, os transportadores de animais vivos são treinados. Entendem o comportamento do animal, respeitam normas como a lotação do caminhão e têm até licença especial", compara a coordenadora do Steps, Charli Ludtke. Conforme Murilo Quintiliano, do Grupo Etco, o gargalo do transporte no País está nas péssimas condições dos caminhões e no manejo de embarque e desembarque. "O veículo deve ser adequado, facilitar a acomodação dos animais e estar em boas condições de uso, limpo e seguro. E nunca exceder a lotação permitida." Pensando nisso, o Frigorífico Marfrig, já criou, há dois anos, um departamento exclusivo de bem-estar animal. "Um responsável acompanha, todos os dias, a rotina do animal e verifica o manejo, do embarque ao abate, além das condições das instalações", diz o zootecnista Stavros Tseimazides.

Animais machucados - O departamento também controla o número de animais machucados por lote e por fazenda. Hoje, a União Europeia é o mercado mais exigente no que diz respeito ao bem-estar animal - em 2012 passam a vigorar no bloco normas que deverão ser cumpridas por países exportadores. "Para a UE, o Brasil está agindo de forma proativa", diz a fiscal federal agropecuária Andrea Parrilla, coordenadora da Comissão Técnica de Bem-Estar Animal do Mapa. "Os europeus estão dispostos a pagar para quem produz privilegiando o bem-estar animal", diz o diretor da WSPA Brasil, Antonio Augusto Silva. "O Steps vai beneficiar toda a cadeia produtiva. Com padrões mais elevados de bem-estar animal, haverá menos perdas e mais oportunidades de mercado", avalia Charli. (BeefPoint /O Estado de S.Paulo)

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