Valorização do milho faz produtor segurar vendas

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Se no primeiro semestre as grandes integrações evitaram fazer estoques de milho à espera de preços mais baixos devido à maior oferta do grão, agora são os produtores e cooperativas que estão pouco interessados em vender. A volatilidade desse mercado - que fez a saca se valorizar cerca de 14% em média, nos últimos 30 dias no Paraná - é que tem provocado esse tipo de comportamento por parte de consumidores e produtores. Na primeira metade do ano, a expectativa era de preços em queda neste semestre devido ao bom desempenho da safrinha de milho. Com isso, grandes integrações, de uma maneira geral, trabalharam com estoques fixos baixos nos primeiros seis meses de 2003. A Sadia , por exemplo, fechou o semestre com estoque fixo zero. Isso significa que o milho em seus armazéns não tinha o preço fixado, ou seja, ainda pertencia ao produtor ou a cooperativas no fim de junho. A partir do segundo semestre, contudo, a empresa começou a adquirir milho e hoje de 15% a 20% dos estoques são de produto fixado, segundo Ricardo Fernando, gerente de compras de grãos da Sadia. "O produtor não quer fixar porque o preço começou a subir nas últimas semanas", afirma.

Seca nos EUA - A valorização no mercado interno se deve ao recente aumento das cotações em Chicago por conta da seca nos EUA e na Europa, observa Flávio Turra, agrônomo da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar). Desde o início do mês, o contrato de dezembro subiu 11,08% em Chicago. E as condições das lavouras de milho dos EUA continuam piorando. Semana passada 60% estavam em boas condições. Agora são 50%, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).A demanda para exportação também contribui para sustentar os preços domésticos, acrescenta Turra. Conforme levantamento do Cepea, nos 30 dias terminados em 22 de agosto, a saca de milho subiu 17% no transferido do porto de Paranaguá, para R$ 18,65. Até julho, as exportações somaram 1,44 milhão de toneladas, conforme a Secex. A estratégia de retenção, porém, é arriscada, admitem analistas e produtores. Para Roberto Petrauskas, superintendente comercial da cooperativa Coamo , haverá retenção até que a situação da safra americana se defina, o que deve ocorrer em meados de setembro. Segundo ele, a cooperativa também está fixando preços mais lentamente este ano, acompanhando o ritmo de fixação do produtor. (Valor Econômico)

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