\"Vaca Louca\" nos EUA leva Brasil a suspender importação de bovinos

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O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento suspendeu na última semana, por tempo indeterminado, a importação de ruminantes, seus produtos e subprodutos procedentes dos Estados Unidos em razão do diagnóstico da encefalopatia espongiforme bovina, a chamada doença da ?vaca louca?, naquele país. As eventuais licenças de importação já concedidas estão canceladas. As partidas desses produtos que chegarem aos portos e aeroportos brasileiros serão devolvidas à origem ou queimadas. Em maio deste ano, quando o Canadá anunciou a ocorrência de um caso de ?vaca louca? no estado de Alberta, o Departamento de Defesa Animal do ministério iniciou, por precaução, o rastreamento dos 4,8 mil animais importados dos Estados Unidos desde 1995. A informação oficial sobre o diagnóstico positivo da doença da ?vaca louca? em território norte-americano foi prestada hoje ao governo brasileiro pela Embaixada dos EUA. O caso foi identificado num animal adulto da raça Holstein (gado de leite) no estado de Washington. Os EUA abateram 36 milhões de cabeças de gado em 2001, produziram 11,9 milhões de toneladas e exportaram 1 milhão de toneladas em equivalente carcaça, principalmente para Japão, Coréia e México.

Novos mercados - O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, afirmou que o registro de um caso da doença da ?vaca louca? nos Estados Unidos pode abrir mercados não apenas para a carne bovina como também pode permitir o acesso de frangos e suínos brasileiros a novos consumidores. ?Essa doença produz uma série de influências no mercado mundial de carnes. As hipóteses favoráveis ao Brasil são a abertura de mercados fora dos EUA e do próprio mercado norte-americano para nossa carne bovina, além da abertura de todos os mercados mundiais para as carnes de frango e de suínos do Brasil?, diz. Os EUA exportaram 1,2 milhão de toneladas e importaram 1,3 milhão de toneladas de carne bovina em equivalente carcaça em 2003. Cerca de 60% das vendas norte-americanas, segundo dados de 2000, seguem para Japão, México e Coréia. Apesar das oportunidades de negócio, o ministro é cauteloso em sua avaliação: ?Mas pode haver um crescimento do protecionismo sanitário dos países importadores de carne, que criarão cada vez mais dificuldades para que países produtores, como é o caso do Brasil, possam avançar sobre os mercados consumidores?. Segundo Roberto Rodrigues, governo e setor privado têm uma difícil tarefa pela frente. ?Isso exigirá do Brasil muito mais rigor e muito mais dureza nos controles sanitários de toda ordem. Portanto, é fundamental que o setor privado e o governo estejam muito unidos e muito articulados na firmeza da defesa sanitária, impedindo que a nossa carne venha a ser condenada em qualquer situação por causa de problemas de natureza sanitária?.

Importados - O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento publicou no Diário Oficial da União a Instrução Normativa nº 18 proibindo o abate, no Brasil, de bovinos e bubalinos importados de país onde houver ocorrência ou for considerado de risco para a ?vaca louca?. A instrução proíbe o comércio e a transferência dos animais para outros estabelecimentos de criação. Em caso de morte, o descarte dos animais só pode ocorrer após comunicação ao serviço oficial de defesa sanitária animal. Quem importou animais dos países de risco até o último dia 23 terá direito a indenização pelo governo federal.

Frimesa - Para o diretor executivo da Frimesa, Elias José Zydek, o problema da vaca louca nos Estados Unidos deve sim ter um reflexo positivo nas exportações de carne suína pelo Brasil. Ele explica, porém, que a situação deve ser favorável, mas ainda não será o grande evento para o setor. De acordo com Zydek, o Brasil ainda enfrenta muitos problemas sanitários e de infra-estrutura para incrementar as exportações. Disse, que o País precisa se preparar melhor para então poder aproveitar de maneira efetiva situações como essa da vaca louca nos Estados Unidos. Segundo Zydek, a produção mundial de suínos e de frango já vem aumentando nos últimos anos. Entre 2000 e 2003 houve um incremento de 8,5% na produção de suínos e de 7,3% na de frangos, enquanto que o setor bovino registrou um decréscimo de 1,4%. (Fonte: Mapa e Assessoria Ocepar

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