TRANSPORTES: Até 2010, ferrovias terão R$ 12,5 bi

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O sistema ferroviário brasileiro se prepara para receber, nos próximos quatro anos, um volume de investimentos nunca antes visto na história do setor. Até 2010, serão R$ 12,5 bilhões para ampliação da malha existente, aquisição de vagões e locomotivas e manutenção dos trilhos. Desses recursos, quase 50% serão financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Apesar desse esforço, representantes da iniciativa privada defendem maior empenho do governo para ampliar a malha existente. “Uma das conseqüências desse programa de investimento é aumentar a participação do modal ferroviário no total de cargas movimentado pelo sistema de transporte brasileiro”, afirma o gerente do Departamento de Transporte e Infra-Estrutura do BNDES, Dalmo dos Santos Marchetti, um dos autores de um estudo sobre as ferrovias brasileiras, ao qual o Estado teve acesso.

Linha de financiamento - Segundo o técnico do banco, a meta é aumentar a ainda tímida participação das ferrovias no transporte de cargas, hoje restrita a um quarto do volume total, apesar de ter custos menores que o transporte por meio de rodovias. A carência de investimentos governamentais já levou as concessionárias a assumir obras que também são de responsabilidade pública, como passarelas para comunidades que vivem no entorno das ferrovias. No ano passado, o BNDES criou, a pedido da iniciativa privada, uma linha de financiamento diferenciada para minimizar os gargalos logísticos. Como resultado, os investimentos para esse fim serão de R$ 852 milhões para quatro das principais concessionárias.

Malha ferroviária - Desde o ano 2000, conta Marchetti, do BNDES, a receita do setor tem crescido a um ritmo médio anual de 7%. Os investimentos, por sua vez, têm avançado 32% ao ano nesse período. Marchetti estima que pelo menos mais 2 mil quilômetros de malha ferroviária serão construídos por esse programa de investimentos, em torno de 7% da atual extensão ferroviária do País. “A malha não tem crescido nos últimos 20 anos. Dois mil quilômetros são significativos, mas esses projetos são antigos”, diz o diretor-executivo da Associação Nacional dos Transportes Ferroviários (ANTF), Rodrigo Vilaça. O estudo do BNDES mostra que no ano passado foram fabricados 7.500 vagões, volume 20 vezes superior ao da década de 90. Para os próximos anos, a previsão do banco é de produção anual por volta de 4.500 vagões. Segundo Marchetti, o ritmo acelerado de 2005 foi conseqüência de uma necessidade que estava “represada”.

Investimentos - A MRS, com controle compartilhado entre a Companhia Vale do Rio Doce, Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Gerdau e Ultrafértil, planeja investir R$ 2,5 bilhões até 2010. A empresa obteve em 1996 a concessão de 1.674 quilômetros da malha sul da Rede Ferroviária Federal S.A. Desde então, aplicou R$ 2,1 bilhões na ferrovia que liga Minas Gerais, Rio e São Paulo. De acordo com o estudo do BNDES, a MRS poderá se tornar, nos próximos três anos, a “maior ferrovia brasileira em volume transportado”. Em 1996, a então RFFSA transportou 46 milhões de toneladas. Este ano, a MRS deverá movimentar 115 milhões de toneladas, sendo 60% de minério de ferro.

ALL - A América Latina Logística (ALL) tem um programa de investimentos de R$ 2,5 bilhões até 2009. Desde 1997, quando iniciou suas atividades, a empresa realizou investimentos no total de R$ 1,5 bilhão. Atualmente, sua área de atuação é de 6.586 quilômetros, nos Estados do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Paraná. O controle acionário da ALL é pulverizado, com participações do braço de investimentos do BNDES (BNDESPar) e dos fundos de previdência dos funcionários do Banco do Brasil (Previ) e da Caixa Econômica Federal (Funcef), após a recente incorporação da Brasil Ferrovias e Novoeste. O diretor-financeiro e de Relações com Investidores da ALL, Sergio Pedreira, acredita que o tamanho da atual malha brasileira, em torno de 30 mil quilômetros, é suficiente para atender ao crescimento da demanda, desde que o número de vagões e locomotivas acompanhe a expansão do setor. A ALL é a concessionária que mais investirá em obras auxiliares, com investimento de R$ 384 milhões. (O Estado de S. Paulo) 

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